Os ministros julgaram o caso em plenário virtual. Por maioria, o tribunal afirmou que as autoridades públicas devem garantir tratamentos de saúde de acordo com a identidade de género do paciente. O Supremo Tribunal Federal decidiu, por maioria, que o poder público deve tomar medidas para garantir assistência à saúde às pessoas trans e travestis de acordo com o gênero com o qual o paciente se identifica. Os ministros analisaram o caso em ambiente virtual até esta sexta-feira (28). Os ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski (aposentado), Rosa Weber (aposentado), Dias Toffoli, Luiz Fux, André Mendonça seguiram integralmente a posição do relator Gilmar Mendes. Os ministros Edson Fachin, Cármen Lúcia e Luís Roberto Barroso (presidente) acompanharam o relator, mas propuseram medidas adicionais para adequar também a identificação de gênero dos pais na Declaração de Nascido Vivo (primeiro documento do recém-nascido). O ministro Nunes Marques acompanhou parcialmente o relator, propondo também adaptações na DNV (entenda abaixo). Em 2023, apenas 13 estados brasileiros contavam com serviços do SUS voltados para pessoas trans Ação O pedido, apresentado em 2021 pelo PT, foi direcionado contra ações e omissões do Ministério da Saúde, na época sob gestão do governo Jair Bolsonaro. O partido sustentou que os procedimentos do sistema de saúde para exames e consultas desrespeitavam os direitos deste segmento da população. E pediu que o Sistema Único de Saúde se adapte para garantir atendimento igualitário ao grupo. Voto do relator O caso teve como relator o ministro Gilmar Mendes. Em junho de 2021, em decisão individual, o ministro determinou que o departamento adotasse medidas para garantir que os cuidados de saúde respeitem o género com que o paciente se identifica. O caso começou a ser julgado no plenário virtual ainda naquele ano. Na ocasião, o relator votou pela confirmação da decisão individual e pelo julgamento definitivo do caso, estabelecendo uma série de ações para o Ministério da Saúde. Entre eles: adaptação do sistema SUS, para permitir o agendamento de exames e consultas para todas as especialidades, independente do sexo da pessoa, evitando procedimentos burocráticos que possam causar constrangimento ou dificuldade de acesso a pessoas trans; que as mudanças não devem se restringir ao agendamento de consultas no SUS. Ou seja, aplicam-se a todos os sistemas de informação da rede pública, de forma a permitir à população trans pleno acesso, em igualdade de condições, às ações e serviços de saúde; que a secretaria informe as secretarias estaduais e municipais de saúde sobre as adequações realizadas nos sistemas de informação do SUS e que também dê suporte à transição dos sistemas locais. “É preciso garantir acesso igualitário de homens e mulheres trans a todas as ações e programas de saúde do SUS, especialmente aqueles relacionados à saúde sexual e reprodutiva, como agendamento de consultas nas especialidades de ginecologia, obstetrícia e urologia, independentemente de sua identidade. , sendo fundamental eliminar entraves burocráticos que possam causar constrangimento à pessoa e retardar o acesso à saúde”, afirmou o relator. G1 explica: transição de gênero O ministro entendeu que o pedido de alteração do modelo da declaração de nascido vivo (primeiro documento que identifica o recém-nascido) para incluir a categoria parturiente (nome da pessoa que deu à luz a criança) não deveria mais ser julgado . Isso porque o governo federal já havia feito as adaptações necessárias para garantir direitos. A posição de Mendes foi acompanhada pelos ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Um pedido proeminente do ministro Nunes Marques interrompeu a deliberação na época. Agora, o caso voltou à pauta. Na retomada, o ministro Edson Fachin votou com o relator, mas foi além: entendeu que é preciso estabelecer que a Declaração de Nascido Vivo deve ser preenchida com os nomes dos pais de acordo com a identidade de gênero. O ministro Nunes Marques acompanhou parcialmente o relator. Concluiu que não houve omissão do Poder Público no caso, mas entendeu que são necessárias medidas de adaptação no serviço. Em relação ao atendimento às pessoas trans, destacou que é preciso levar em consideração as circunstâncias de cada caso. E, em relação à DNV, votou para que o documento tivesse tanto a expressão “parturiente” quanto a palavra “mãe”. Mudanças feitas pelo Ministério da Saúde No dia 21 de maio, o Ministério da Saúde alterou a classificação de gênero de mais de 200 procedimentos no Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta com a mudança é ampliar o acesso ao tratamento público para pessoas trans.
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