Proposta mantém isenção para setores e prefeituras apenas em 2024 e prevê retomada gradual das contribuições previdenciárias para setores e prefeituras. Os senadores ainda analisam sugestões de alterações no texto. Senado Federal Jefferson Rudy/Agência Senado O Senado aprovou nesta terça-feira (20) a proposta que mantém a desoneração da folha salarial de empresas e municípios em 2024. O projeto também prevê redução gradual da folha salarial de setores e prefeituras a partir de 2025. texto cria regime de transição para acabar, em 2028, com a isenção tributária para 17 setores intensivos em mão de obra da economia e municípios com até 156 mil habitantes. O projeto agora será enviado à Câmara dos Deputados. O Congresso buscará maneiras de aliviar a isenção de impostos sobre a folha de pagamento. O projeto estabelece redução gradual do benefício, com a retomada da cobrança de contribuições sobre a folha de pagamento. Ele também lista uma série de medidas para compensar as perdas de receitas do governo com a continuação da redução fiscal parcial, como benefícios sociais finos e o uso de recursos esquecidos nas contas (veja abaixo). Jaques Wagner afirma que o Ministério da Fazenda estima impacto de R$ 25 bilhões para manter a folha de pagamento isenta apenas em 2024. Determinação do STF A proposta atende decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que deu até 11 de setembro para o Congresso aprova compensação tributária do benefício. Sem isso, a isenção, atualmente válida, deixará de existir. Líder do governo no Senado e relator, Jaques Wagner afirmou que o texto representa o “consenso capaz de acabar com as divergências entre os Poderes Executivo e Legislativo no que diz respeito à desoneração da folha de pagamento”. “Conciliar os ditames da responsabilidade fiscal e da segurança jurídica para moldar um regime de transição que favoreça a economia do país. Por isso, somos a favor da aprovação”, afirmou. Senador Jaques Wagner, do PT, conversa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco Jefferson Rudy/Agência Senado A desoneração da folha de pagamento foi aprovada pelo Congresso, com amplo apoio de parlamentares e entidades civis, em dezembro de 2023. A medida teria validade até 2027. O governo levou o caso à Justiça após tentar derrubar o benefício e enfrentar resistência do Congresso, que defendia um prazo maior para a isenção. Pela regra atual, empresas de 17 setores podem substituir a contribuição previdenciária (20% sobre o salário dos empregados) por uma alíquota sobre a receita bruta da empresa (entre 1% e 4,5%, dependendo do setor e do serviço prestado). ). Na prática, as empresas pagam um valor menor de imposto e, com base no alívio nas suas contas, conseguem contratar mais funcionários. Entre as 17 categorias estão: indústria (couro, calçados, confecções, têxtil, proteína animal, máquinas e equipamentos); serviços (TI e TIC, call center, comunicação); transporte (rodoviário de carga, rodoviário urbano de passageiros e metroferroviário); construção (construção civil e pesada). No caso dos municípios, a lei estabelece redução da alíquota de contribuição previdenciária (de 20% para 8%) para municípios com até 156 mil habitantes. Pelo acordo firmado entre o Congresso e o governo federal, a regra atual continuará em vigor até o final deste ano. A partir de 2025 terá início um processo de retomada gradual do pagamento das contribuições previdenciárias e de redução do encargo sobre o faturamento das empresas. isenção para municípios Em 2027, os municípios voltarão a pagar a taxa integral sobre os salários (20%). Como será a transição para municípios com até 156 mil habitantes? isenção para empresas Um ano depois, os 17 setores deixarão de contribuir com base na receita bruta e terão o encargo integral (20%) na folha de pagamento. Enquanto existir o regime de transição, entre 2025 e 2027, a proposta prevê que a contribuição previdenciária não será cobrada sobre o 13º salário. Como será a transição para os 17 setores? O projeto estabelece ainda que, durante a transição, as empresas beneficiárias da isenção terão de assinar termos de compromisso para manter o número de empregados num quantitativo “igual ou superior a 75%” do verificado no início de cada ano. Caso a empresa demita funcionários, poderá perder a isenção. Medidas de compensação O senador Jaques Wagner propôs, em sua opinião, uma lista de medidas para compensar perdas de arrecadação com a isenção parcial de setores e prefeituras. Segundo ele, as propostas são fruto de “trabalho conjunto” entre o Senado e o Ministério da Fazenda, com “dedicação especial do ministro Fernando Haddad”. O governo chegou a propor o aumento das alíquotas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das empresas e do Imposto de Renda cobrado das pessoas físicas que utilizam recursos dos JCP (Juros Sobre Capital Próprio). Mas as sugestões encontraram resistência no Congresso, o que levou o relator a recuar. No texto de Jaques, a CSLL deu lugar a uma lista de propostas apresentadas pelo Senado para compensar a isenção: repatriação de recursos no exterior O projeto estabelece prazo para pessoas físicas repatriarem e regularizarem recursos mantidos no exterior. Serão 90 dias. Os recursos, bens ou direitos de origem lícita acumulados até 31 de dezembro deste ano poderão ser repatriados. Não haverá cobrança de multa caso a regularização seja realizada dentro do prazo estipulado para regularização. Sobre os valores declarados será cobrada alíquota de Imposto de Renda de 15%. atualização do valor dos imóveis no Imposto de Renda A proposta autoriza pessoas físicas e jurídicas a atualizar o valor dos imóveis na declaração do Imposto de Renda. Para empresas, haverá cobrança de 6% de Imposto de Renda e 4% de CSLL sobre a diferença entre o valor atual e o preço de aquisição do imóvel. No caso de pessoas físicas, a alíquota será de 4% de Imposto de Renda. Atualmente o valor do imóvel só é atualizado no momento da venda. Quando houver diferença entre os valores de compra e venda, o Imposto de Renda cobrado poderá ser superior a 15%. Desenvolve para empresas com multas de agências reguladoras O projeto cria um “Desenrola Agências Reguladoras”, que renegociará multas de agências reguladoras aplicadas e não pagas pelas empresas. pente fino dos benefícios sociais Outra fonte de compensação do benefício será o chamado “pente-fino” nos benefícios sociais pagos pelo governo. A proposta autoriza o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a adotar medidas para conter “despesas e perdas” com o pagamento de benefícios irregulares ou fraudulentos. A Prestação Continuada de Assistência Social (BPC) que não estiver cadastrada no Cadastro Único (CadÚnico) deverá regularizar suas informações. Serão 45 dias para beneficiários que moram em municípios de pequeno porte e 90 dias para moradores de cidades de médio e grande porte para utilizarem os depósitos judiciais. e extrajudicial A proposta estabelece que os recursos depositados judicial e extrajudicialmente em processos contra a União deverão ser enviados diretamente à Caixa Econômica Federal, que depositará os valores em conta do Tesouro Nacional. utilização de recursos esquecidos O projeto prevê ainda a transferência para o Tesouro de recursos esquecidos em contas bancárias, que não são reclamados pelos titulares. Esse “dinheiro esquecido” poderá ser resgatado até 31 de agosto de 2024. Depois disso, os saldos passarão para a União, e os titulares terão até 30 dias para contestar a arrecadação dos recursos. No início deste mês, o Banco Central anunciou que há R$ 8,51 bilhões disponíveis para resgate em contas esquecidas pelos titulares. monitoramento de benefícios fiscais A proposta estabelece ainda que as empresas que tenham benefícios fiscais deverão informar a Receita Federal. Caso a empresa não entregue a declaração, sofrerá multas e penalidades.
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