Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, apesar da suspeita, não houve internações na cidade litorânea. Mexilhão Pixabay/Imagem ilustrativa A cidade de Peruíbe, no litoral paulista, registrou seis casos suspeitos de intoxicação pelo consumo de moluscos bivalves, como amêijoas, mexilhões e ostras, nos últimos dias. O município é um dos quatro onde técnicos do governo de SP encontraram alta concentração de microalgas tóxicas com potencial de contaminação no início do mês. O governo do estado proibiu a venda de moluscos no dia 12 de agosto e, nesta semana, reabriu a venda em todo o litoral paulista. Clique aqui para acompanhar o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. A informação foi confirmada ao g1, nesta quarta-feira (21), pela Secretaria Municipal de Saúde de Peruíbe. Segundo a Vigilância Epidemiológica, essas intoxicações não resultaram em internação dos pacientes. A prefeitura não informou quando os casos foram registrados. O governo do estado havia publicado, no dia 12 de agosto, um comunicado proibindo o consumo e a venda de animais, provenientes de estabelecimentos de Peruíbe, Itanhaém, Praia Grande e Cananéia, produzidos a partir de 30 de julho. Por isso, a Vigilância Sanitária de Peruíbe realizou fiscalizações em restaurantes e estabelecimentos que vender frutos do mar nos dias 14 e 16 de agosto. Três empresas tiveram stocks de moluscos bivalves proibidos por precaução. Os demais estabelecimentos fiscalizados tinham produtos de outras regiões, como Fortaleza, Santa Catarina ou Chile. Ou as ações eram anteriores à proibição. De acordo com nota técnica, divulgada pelo governo do estado na última terça-feira (20), caberá aos grupos estaduais e municipais de Vigilância Sanitária fazer com que os produtos sejam proibidos de forma cautelar em atendimento à primeira determinação. O g1 entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo para obter mais informações sobre a situação na cidade, mas não obteve resposta até a última atualização da reportagem. Soltura na Área de Cananéia dentro da Reserva Extrativista Mandira, no Quilombo Mandira, em Cananéia (SP) Sidnei Coutinho O governo do estado anunciou, nesta terça-feira (20), a liberação do consumo e comercialização de moluscos bivalves em Cananéia, no litoral paulista , após novas análises. Segundo o governo de SP, a orientação vale para as lavouras produzidas a partir de 13 de agosto e regularizadas pelo órgão agropecuário competente. “A secretaria continua realizando coletas periódicas nas áreas onde há lavouras cadastradas na Coordenadoria de Defesa Agropecuária e os produtores deverão se cadastrar na unidade do CDA mais próxima para aderir ao plano de monitoramento”, diz nota enviada ao g1. Nas demais localidades não serão realizadas novas coletas porque não há registro de viveiros cadastrados e as praias da região permanecem abertas para entrada na água. Resultados A decisão ocorreu após a Defesa Agropecuária realizar novas coletas de água e mariscos, na terça (13) e na quarta (14), em diversos pontos do litoral paulista. Amostras dos canais Porto Cubatão e Itapitangui, em Cananéia, por exemplo, foram analisadas em laboratório de referência em Santa Catarina. A avaliação que resultou na divulgação segue portaria do Sistema de Defesa Agropecuária (SDA) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), de setembro de 2023, além do PEMMOBI. Segundo relato, obtido pelo g1, em Itapitangui, não foi detectada nas amostras a presença de ácido domóico e toxinas equivalentes aos azaspirácidos. Para o ácido okadaico, cujo limite era 160, o resultado foi 117,5. Em Porto Cubatão, o resultado para as duas primeiras toxinas foi negativo e, para o ácido ocadaico, 46,2. “A ingestão de ácido ocadaico está relacionada a síndromes diarreicas, náuseas, vômitos e dores abdominais de 30 minutos a algumas horas após a ingestão. O tratamento térmico – cozimento, congelamento, fervura – não elimina a toxina, e sua presença não provoca alterações organolépticas, cheiro, sabor e cor em ostras e mariscos”, explicou Ieda Dalla Pria Blanco, coordenadora da Secretaria Estadual de Saúde dos Animais Aquáticos. Programa (PEMOBI). Segundo ela, “[o resultado] Significa que os animais absorveram toxinas produzidas pelas microalgas, mas ou já purificaram um pouco ou não absorveram o suficiente para que a contaminação atinja um nível crítico, o que pode causar danos à saúde humana”, afirmou. Segundo ela, outra informação importante é que a contaminação pode vir de outras fontes, como bactérias durante o cultivo, manipulação dos alimentos durante o preparo e até mesmo transporte ou embalagem. Com os níveis encontrados nas amostras, porém, não há risco à saúde. Por que moluscos? E o peixe? Ostras Pixabay/Imagem ilustrativa O biólogo William Rodriguez Schepis explicou que a intoxicação ocorre porque os moluscos filtram a água e são sésseis, ou seja, ficam fixados em alguma superfície. Existem alguns peixes que também são filtradores, mas acabam nadando para outro local e se afastando, o que permite evitar a contaminação. “Eles ficam lá constantemente filtrando a água e acabam ingerindo, entrando em contato com esses dinoflagelados que produzem essa toxina. Por isso é só esse tipo de organismo filtrante, séssil, que acaba sendo impactado pela maré vermelha.” Ao g1, o biólogo Alex Ribeiro destacou que os moluscos são considerados produtores da cadeia alimentar primária. “Eles consomem microrganismos através da filtração. Então, ostras, mexilhões, sururu… todos esses bivalves são animais filtradores.” Segundo ele, num primeiro momento, não há necessidade de se preocupar com o consumo de pescado. Apenas alguns animais específicos, como as estrelas do mar, se alimentam de moluscos bivalves. Portanto, é improvável que os peixes consumidos diariamente pelo homem sejam contaminados pela ingestão de invertebrados. VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos
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