Elaborado pelas organizações Freeland e Transparency International, o estudo descreve práticas de risco, fornece estatísticas sobre o tráfico e faz recomendações. Quase todas as espécies da fauna brasileira são traficadas como animais de companhia Divulgação/Renctas Um relatório realizado pela Transparência Internacional Brasil, como parte de um projeto coordenado pela ONG Freeland, revelou as práticas ilícitas que viabilizam o tráfico de animais silvestres no Brasil. Publicado no site Freeland em maio, o estudo identificou um conjunto de 24 atividades de fraude, corrupção e branqueamento de capitais relacionadas com o tráfico de vida selvagem. Para tanto, foram analisados diversos casos e operações de combate ocorridos recentemente no país. Um dos que compuseram a análise do estudo “A Lavanderia da Fauna Selvagem” foi o caso das girafas importadas da África do Sul para o Bioparque do Rio de Janeiro, quando três delas morreram e quatro pessoas foram acusadas de maus-tratos. Entre os indiciados estão dois servidores públicos, do Ibama e do Inea, que autorizaram a importação dos animais e dois funcionários do Bioparque. Após serem importadas de uma fazenda perto de Joanesburgo, as girafas passaram sete meses trancadas em barracas como esta na Polícia Federal do Rio. Além de mapear as práticas mais comuns de fraude e corrupção, o relatório destaca os atores sociais comumente envolvidos e os objetivos por trás de cada ação dentro a cadeia de tráfico de vida selvagem. Acesse o documento completo neste link. Riscos de fraude e corrupção em toda a cadeia de tráfico de vida selvagem Guilherme Medeiros/Arte TG Segundo a publicação, os riscos identificados podem envolver múltiplos agentes privados e públicos, desde criadores, gestores de zoológicos, especialistas em falsificação, transportadores e “contrabandistas”. ” aos agentes públicos, como funcionários de órgãos ambientais e policiais. Estatísticas No Brasil, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estima que a caça (inclusive para o comércio de animais silvestres) é o quinto vetor mais importante de extinção de espécies continentais. “Cerca de 18% dos vertebrados terrestres do mundo são comercializados de alguma forma, principalmente aves e mamíferos, mas também anfíbios e répteis, afetando desproporcionalmente espécies ameaçadas”, cita o estudo que faz referência ao ecologista da Universidade da Florida (EUA) Brett Scheffers. Levantamentos mais recentes mostram a predominância de aves nas apreensões feitas no Brasil, com cerca de 80% dos animais apreendidos, mas com participação significativa de répteis e mamíferos. A Polícia Ambiental apreendeu, em Campinas (SP), 25 aves silvestres no domingo (25). Polícia Ambiental Segundo o estudo, o comércio de espécies silvestres é estimulado pela demanda por animais de estimação, colecionadores, zoológicos e afins, bem como pelo consumo de carne silvestre e pela utilização de diversas partes de animais para fabricação e venda. de produtos. Além disso, a captura de animais silvestres muitas vezes se torna uma fonte de renda para pessoas em situação precária, que os vendem aos traficantes. Embora essa coleta ilegal ocorra em todo o país, as evidências existentes sugerem que os animais traficados são capturados principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. Soluções recomendadas Para potencializar o combate ao tráfico de vida selvagem, adotando uma abordagem anticorrupção, o relatório destaca dois elementos estruturantes: o investimento em órgãos ambientais e o planejamento de uma estratégia nacional de combate. Nesse sentido, os órgãos ambientais responsáveis pelo licenciamento e fiscalização dos empreendimentos envolvidos no manejo da vida silvestre deverão receber os recursos financeiros e humanos necessários ao cumprimento de suas atribuições (nos níveis estadual e federal). Ovos de arara vermelha foram apreendidos pelo Ibama em ação contra o tráfico de vida selvagem Toni Mendes/TG Recomenda-se também o desenvolvimento de uma estratégia nacional de combate ao tráfico de vida selvagem, que também não existe atualmente. Na sua ausência, os esforços para estruturar e coordenar iniciativas entre diferentes órgãos são dispersos e tendem a ser ineficazes. A seguir são apresentados os cinco eixos que compõem a estratégia elaborada pela Freeland e pela Transparency International. Para ver detalhes sobre eles, acesse o relatório completo. Fortalecer os mecanismos de prevenção da corrupção; Acelere a detecção de fraudes; Mobilizar instrumentos anti-branqueamento; Aproveitar o potencial da transformação digital e da transparência; Melhorar a responsabilização criminal e administrativa dos traficantes de drogas VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre natureza na Terra da Gente
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