A Polícia Civil do Rio Grande do Sul realizou entrevista coletiva neste domingo (14). A empresa do comediante não teria entregue os produtos vendidos em 2022. Pelo menos 370 clientes foram vítimas de fraudes. Nego Di foi preso pela Polícia Civil do RS, em Florianópolis, Santa Catarina Divulgação/Polícia Civil do RS A Polícia Civil do Rio Grande do Sul realizou entrevista coletiva, neste domingo (14), presidida pelo Delegado de Polícia, Delegado Fernando Sodré, detido no Palácio da Polícia, em Porto Alegre, a respeito da prisão do influenciador Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di. Acesse o canal g1 RS no WhatsApp Segundo Cristiano Reschke, diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, com sede em Canoas, que também participou da manifestação policial aos jornalistas, destacou que o humorista usou de zombaria para se referir aos clientes: “Há até um vídeo em que Nego Di se expressa de forma zombeteira, brincando sobre pessoas que não receberam a mercadoria, enquanto viajava em um carro de luxo, uma Mercedes branca, conversível, chegando em seu restaurante”, comentou Reschke. Delegado Cristiano Reschke, diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, sediada em Canoas. Reprodução/RBS TV g1 entrou em contato com a defesa do humorista, mas não obteve resposta a respeito dessa afirmação do delegado até a publicação desta reportagem. Nego Di foi preso pela Polícia Civil do RS neste domingo, na praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, Santa Catarina. Na última sexta-feira (12), ele havia sido alvo de operação do Ministério Público por suspeita de lavagem de dinheiro. Ele deverá ser transferido para Porto Alegre no domingo, após audiência de custódia. A prisão preventiva foi decretada em função de outra investigação, essa de fraude, realizada pela Polícia Civil desde 2022. Ele é suspeito de prejudicar pelo menos 370 pessoas ao vender produtos em uma loja online de sua propriedade – mas os produtos nunca foram entregues. A investigação da Polícia Civil indica que a movimentação financeira em contas bancárias vinculadas a ele na época, em 2022, ultrapassa R$ 5 milhões. Vídeo da Polícia Civil do RS na manhã deste domingo mostra Nego Di saindo de casa, na praia de Jurerê, e indo para a delegacia de Florianópolis (veja abaixo). Nego Di é preso por fraude Sócio está foragido Anderson Bonetti, sócio de Nego Di, também é suspeito de peculato, e está foragido com mandado de prisão preventiva expedido. Boneti também teve prisão preventiva decretada pela Justiça no ano passado. Ele foi preso na Paraíba em 25 de fevereiro de 2023, mas liberado dias depois. A reportagem do g1 não teve acesso à defesa de Bonetti. Investigação A loja virtual, “Tadizuera”, funcionou entre 18 de março e 26 de julho de 2022 – quando a Justiça determinou que fosse retirada do ar. Nego Di divulgava produtos à venda em seus perfis nas redes sociais, como aparelhos de ar-condicionado e televisores, muitos deles com preços abaixo do mercado – uma televisão de 65 polegadas, por exemplo, foi vendida por R$ 2,1 mil. Alguns seguidores do influenciador compraram os produtos, mas nunca os receberam, segundo a Polícia Civil. A investigação mostra que não havia estoque, e que Nego Di enganou os clientes ao prometer que as entregas seriam feitas, apesar de saber que não seriam. Mesmo assim, ele movimentou dinheiro que entrou nas contas bancárias da empresa. A Polícia Civil afirma que tentou diversas vezes convocar Nego Di para prestar esclarecimentos, mas ele nunca foi encontrado. As autoridades policiais estimam que o prejuízo dos 370 clientes feridos seja superior a R$ 330 mil, mas como as transações bancárias valem milhões, a suspeita é que o número de vítimas do esquema seja maior e inclua pessoas que não procuraram a polícia para representar eles. criminalmente contra o influenciador. Antes de ser preso, Nego Di se pronunciou em sua conta X, o antigo Twitter. “Estávamos preparados para o que aconteceu ontem [sexta]. Sabíamos que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde, e todo mundo sabe o porquê do que aconteceu ontem”, escreveu. Nego Di no ‘BBB21’ Reprodução/Globo Leia também: Quem é Nego Di? nesta sexta-feira Humorista teve rejeição recorde em reality show, viveu polêmica com João Guilherme e foi investigado por peculato e fake news Influenciadora fitness, empresária e formada em Direito: quem é Gabriela Sousa, esposa de Nego Di presa em operação do MP Nego Di é o alvo de operação que investiga suspeitas de lavagem de R$ 2 milhões com sorteios Promoção de sorteios virtuais A operação realizada nesta sexta investiga suspeitas de irregularidades em sorteios virtuais Com prêmios atrativos, como dinheiro instantâneo via PIX, celulares, videogames e até carros, Nego Di encontrou nas promoções uma forma de engajar o público e ganhar dinheiro. Porém, segundo o MP, o esquema envolve lavagem de dinheiro. Em uma das promoções, Nego Di anunciou: “A seguir, internautas: 30 mil em Pix. mais um iPhone 15 + 1 PlayStation 5 por apenas 15 centavos, e já era 50%. E o que mais há para quem pensa que tem pouco? São mil de uma vez no Pix, pai. Compre rápido, porque isso já está, bem, caminhando para a fase final. Resultado na loteria federal e sem fraude vai dar tudo errado…”, afirma. As promoções também envolveram a oferta de um Porsche, anunciada a seguir pelo influenciador: “O Porsche pode ser seu por apenas 0,99 centavos. Você leva esse para casa com 10 bilhetes premiados no valor de 10 mil cada.” Em janeiro, Nego Di promoveu o sorteio de um carro blindado de luxo Reprodução/RBS TV O que parecia ser uma oportunidade de prêmios acessíveis virou investigação. , ao promover o sorteio de um carro blindado de luxo, Nego Di chamou a atenção do MP. Na sexta-feira (12), ele e a esposa, Gabriela Sousa, foram alvos de uma operação ocorrida em Santa Catarina, presos em flagrante por posse. de arma restrita, mas pagou fiança de R$ 14 mil e foi liberado Em depoimento após a operação, os advogados do casal afirmaram não ter acesso aos autos da investigação (leia abaixo que os depósitos dos saques de Nego Di foram canalizados). a contas ligadas à esposa, empresas em nome do casal e até parentes A transação financeira chegou a R$ 2,6 milhões do influenciador Nego Di Divulgação Segundo o procurador da 8ª Procuradoria Especializada de Justiça Criminal, Flávio Duarte, o esquema caracteriza lavagem de dinheiro. Segundo ele, “todos os valores decorrentes de sorteios realizados por esse influenciador são ilícitos”: “Esses valores inicialmente entraram na conta de um terceiro, depois acabaram retornando para uma empresa e só depois de já terem sido incorporados à empresa, dando uma aparência de lícito e ao mesmo tempo distanciando-se daquele valor que se sabia ilegal, decorrente de infração penal, adquiriu os bens, todo esse mecanismo, essa dissimulação, esse distanciamento da origem criminosa constitui o crime de lavagem de dinheiro .” , explica Duarte. Os investigadores descobriram que Nego Di utilizou parte dos recursos para comprar dois carros, avaliados em mais de R$ 630 mil. O MP investiga se esse veículo foi sorteado e onde está. A promotora indica ainda que não houve nenhum tipo de controle sobre os sorteios e nem data para o sorteio. “No meio da ação (do sorteio), ele vendeu o veículo e não houve demonstração de que houve sorteio. Esse carro foi vendido para ele diretamente por uma empresa que era sua parceira de negócios. a um revendedor, continuaram a inserir valores relativos ao sorteio nas contas dele”, explica Duarte. Carros de luxo foram sequestrados e uma arma de uso restrito foi apreendida pelo MP Divulgação/Ministério Público Quem é Nego Di Nego Di no ‘BBB21’ Reprodução/Globo Gaúcho de Porto Alegre, Dilson Alves da Silva Neto, mais conhecido como Nego Di, participou do Big Brother Brasil em 2021. Integrou o grupo Camarote, pois já trabalhou como influenciador digital e comediante. Foi o terceiro eliminado do programa, com 98,76%. Após o reality show, ele passou a promover sorteios nas redes sociais, anunciando no regulamento que “quem comprar mais números” ganha o prêmio. A prática é investigada pelo Ministério Público (MP) e motivou a operação contra ele e seu companheiro nesta sexta-feira (12). Nego Di já sofreu sanções da Justiça do Rio Grande do Sul por espalhar notícias falsas em seus perfis nas redes sociais. Em decisão de maio deste ano, o Tribunal de Justiça (TJ) teve que apagar publicações sobre as enchentes. Na época, Nego Di afirmou que as autoridades impediam que barcos e jet skis particulares realizassem operações de resgate na região de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, por falta de qualificação dos motoristas. Além disso, também compartilhou imagens de cadáveres flutuando que não eram da tragédia em questão, incluindo uma de uma enchente no Rio de Janeiro. A Justiça determinou a exclusão imediata das publicações e proibiu Nego Di de reiterar as declarações falsas, sob pena de multa de R$ 100 mil. VÍDEOS: Tudo sobre RS
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