Eduardo Pereira (PSD) deixou a sessão da Câmara Municipal de Bertioga (SP) após perguntar se outros parlamentares estavam ‘zombando’ dele com o texto. Vereador evangélico deixa plenário após se recusar a ler projeto de lei LGBTQIA+ Eduardo Pereira (PSD), o vereador evangélico que se recusou a ler apresentação de projeto de lei voltado ao público LGBTQIA+ durante sessão na Câmara de Bertioga (SP), responderá pelo crime da homofobia. Conforme apurou o g1, a Justiça acatou a denúncia sobre o caso oferecida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Clique aqui para acompanhar o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. O caso aconteceu durante a sessão do dia 21 de maio, após o presidente da Câmara indicar que o vereador lesse o projeto de autoria da vereadora Renata da Silva Barreiro (PSDB). Procurado pelo g1, Eduardo Pereira disse não ter informações para comentar o ocorrido. Ele confere abaixo a reação do parlamentar: “Ah, não Renata, vou sair” “Tá maluca? Não faça isso comigo. […] me dá um projeto LGBT?” “Não, aqui, pega”, disse ele ao entregar o documento e sair. Denunciado por homofobia Para a procuradora Joicy Fernandes Romano, responsável por oferecer a denúncia contra Eduardo Pereira, o vereador “incitou a discriminação e incentivou a hostilidade” contra a população LGBTQIA+ ao manifestar publicamente sua aversão ao grupo, chamando o interlocutor de louco por seu pedido de leitura do projeto. “Praticar a típica discriminação criminal diante da externalização de ideias de inferiorização, aversão, segregação e intolerância, motivo pelo qual a conduta encontra subsunção ao crime de racismo”, afirmou o promotor. Segundo Joicy, o acusado externalizou a redução de direitos fundamentais do grupo discriminado, indicando com sua própria conduta a suposta superioridade heterossexual em relação aos demais “Na medida em que este último causa aversão a ponto de não conseguir que o projeto de lei que o contempla seja lido pelo vereador”, acrescentou Joicy. Diante disso, o MP-SP denunciou, no dia 21 de junho, o vereador nos artigos 20 e 20-B, ambos da Lei nº 7.716/1989. Veja detalhes abaixo: Art. 20: Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa. Arte. 20-B: Os crimes previstos nos arts. 2º-A e 20 desta Lei terão as penas aumentadas de 1/3 (um terço) para metade, quando praticadas por funcionário público no exercício de suas funções, conforme previsto no Decreto-Lei nº 2.848, de dezembro. 7º de 1940 do Código Penal. Vereador Eduardo Pereira (PSD) Arquivo Pessoal Decisão Judicial O desembargador Daniel Leite Seiffert Simões, do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP), acatou a denúncia do MP-SP na última quarta-feira (26). O magistrado determinou que o réu fosse intimado para responder à acusação, por escrito, no prazo de dez dias, durante o qual poderia apresentar defesa própria, além de oferecer documentos, justificativas e arrolar testemunhas. “O arguido deverá apresentar resposta através de advogado e, caso não tenha condições financeiras para contratar um, será nomeado defensor legal para o representar”, declarou o juiz. Relembre o caso O Projeto de Lei 035/2023 prevê a criação do programa ‘Respeito tem Nome’, que visa garantir assistência digna e facilitada às pessoas trans e travestis na obtenção dos documentos necessários à mudança de nome [primeiro nome] e gênero nos registros. Após a aprovação do projeto na 1ª discussão, a vereadora Renata pediu para falar sobre o ocorrido e afirmou que o projeto é tudo uma questão de respeito. “Não estou falando de homem, de mulher, de sexo, seja lá o que for. Estou falando de respeito, estou falando de cidadania, de ser humano e de humanização. Minha religião é Deus e me permite aceitar qualquer tipo de pessoa”, disse. ela disse. Vereador evangélico abandonou plenário após se recusar a ler projeto de lei LGBTQIA+ no litoral de SP Reprodução O que diz o vereador? Procurado pelo g1, na época, o vereador afirmou que, por ser cristão, percebeu que o projeto foi repassado para ele ler por esse motivo. “Não antagonizei ninguém, nem critiquei ou fiz qualquer consideração”. Segundo Eduardo, está ocorrendo uma polêmica ‘desnecessária’ em relação ao assunto. Ele negou ter zombado ou rido da situação, mas enfatizou: “Assim como respeito a todos, também mereço respeito pela minha posição de não ter feito a leitura. Deus ama a todos e eu também”. Quem é Eduardo Pereira? Vereador Eduardo Pereira (PSD) Reprodução/Redes Sociais Eduardo é evangélico, engenheiro civil e formado em direito. O vereador iniciou sua carreira política na campanha plebiscitária pela emancipação de Bertioga. Foi assessor parlamentar da Câmara Municipal da cidade, onde atuou por 10 anos. Em 2004, foi eleito para o primeiro mandato com 1.278 votos. Em 2008, foi eleito vice-prefeito de Bertioga com 12.226 votos. De 2009 a 2010 assumiu a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos. Desde então, é assessor técnico da Secretaria de Estado do Emprego e das Relações do Trabalho. Assumiu a Diretoria Regional do Trabalho e Renda da Baixada Santista, mas se afastou para concorrer nas eleições de 2016, quando foi eleito para o segundo mandato parlamentar com 1.049 votos. Em 2020 foi reeleito com 1.223 votos. Vereador evangélico abandonou plenário após se recusar a ler projeto de lei LGBTQIA+ em Bertioga (SP) Reprodução Ônibus incendiado O ônibus usado como escritório do vereador foi incendiado durante manifestação. Ao g1, o parlamentar confirmou ser dono do coletivo, que foi alvo de vandalismo. Segundo ele, o ônibus estava desde fevereiro no bairro Boraceia, onde foi incendiado na noite do dia 30 de maio. Ninguém ficou ferido. O parlamentar disse ainda que não sabe o motivo do incêndio no veículo, mas que está coletando imagens de câmeras de monitoramento para identificar quem incendiou o grupo. “Graças a Deus ninguém se machucou.” O protesto onde o ônibus foi incendiado, no bairro Boracéia, foi agendado com o objetivo de reivindicar melhorias para a região. A comunidade local reclama de roubos e furtos. Além disso, a população exige melhorias na sinalização de travessia de pedestres e soluções para alagamentos. No dia 18 de junho, um homem de 39 anos se entregou à Polícia Civil confessando ter ateado fogo no ônibus do vereador. O investigado compareceu à Delegacia de Bertioga acompanhado de um advogado e confessou a autoria. Quando se rendeu, alegou sofrer distúrbios psicológicos. Segundo a Polícia Civil, agentes da unidade policial chegaram ao menino após analisar sistemas de monitoramento na Rua Professor Geraldo Rodrigues Montemor, esquina com a Avenida Deputado Emílio Justo, onde o ônibus foi incendiado. A investigação apurou que um carro preto, etiquetado com a logomarca de uma empresa do Guarujá (SP), esteve envolvido no crime. Com a informação, a polícia foi até o estabelecimento e encontrou o proprietário, que alegou que o investigado, seu filho, usava o carro naquele dia. Ônibus usado como gabinete do vereador Eduardo Pereira (PSD) foi incendiado, no bairro Boraceia, em Bertioga (SP) Arquivo Pessoal VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos
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