A decisão do presidente venezuelano, anunciada aos jornalistas nesta quarta-feira (31), ocorre em meio a apelos internacionais para a divulgação da contagem detalhada dos votos depois que a oposição contestou sua vitória. Nicolás Maduro diz que Venezuela sofre tentativa internacional de desestabilização em reunião conjunta do Conselho de Estado, em 30 de julho de 2024. Reprodução/Maduro no Youtube O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse a repórteres nesta quarta-feira (31) que perguntou ao Supremo Tribunal do país para realizar uma auditoria às eleições presidenciais. A decisão do presidente venezuelano, que também disse que o seu partido está pronto para mostrar a contagem completa dos registos eleitorais, surge no meio de apelos internacionais para a divulgação da contagem detalhada dos votos, depois de a oposição ter contestado a sua vitória. Clique aqui para acompanhar o canal internacional de notícias g1 no WhatsApp. Na manhã desta quarta-feira, o Carter Center, órgão internacional de monitoramento que acompanhou a eleição de domingo (28) como observador, atestou que “não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerado democrático” e que a autoridade eleitoral “demonstrou um claro preconceito” a favor do atual presidente Nicolás Maduro. Anteriormente, a Organização dos Estados Americanos (OEA) também havia afirmado que não reconhecia o resultado da eleição. Ele disse que há sinais de que o governo Maduro distorceu o resultado. LEIA TAMBÉM: Gustavo Petro, da Colômbia, quebra silêncio e pede a Maduro que permita contagem transparente de votos Número de mortes em protestos na Venezuela sobe para 12 Líder da oposição fala em 16 mortes em protestos Também nesta quarta, María Corina Machado fez ataque a Nicolás Maduro e a repressão violenta dos protestos contra o anúncio da sua reeleição no país, num alerta ao mundo sobre a “escalada cruel e repressiva do regime” de Maduro. “Diante da retumbante e indiscutível vitória eleitoral que nós, venezuelanos, alcançamos, a resposta do regime é assassinato, sequestro e perseguição. (…) É a resposta criminosa de Maduro ao povo venezuelano que saiu às ruas como família e comunidade para defender sua decisão soberana de serem livres, esses crimes não ficarão impunes”, postou Corina. María Corina Machado e Edmundo González, durante coletiva de imprensa em 29 de julho de 2024 AP Photo/Cristian Hernández Número de mortos chega a 12, segundo ONGs O número de mortos em protestos contra o anúncio da vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela subiu para 12, segundo às ONGs que operam no país e à Procuradoria-Geral da Venezuela. O dia de intensas manifestações desta terça-feira (30), marcado pela violenta repressão das forças de segurança, também deixou centenas de pessoas presas. Liderada por María Corina Machado, a oposição afirma ter provas da sua vitória. Ela diz ter cópias de 84% das atas, o que comprovaria fraude, e as publicou em um site. Mulher cospe na foto de Maduro em protesto em Maracaibo, Venezuela REUTERS/Isaac Urrutia A comunidade internacional também pressiona por uma recontagem transparente dos votos, com a OEA declarando que não reconhece os resultados das eleições e com observadores do Carter Center atestando que a votação “não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerada democrática”. Segundo fontes entrevistadas pela Reuters, a oposição espera que o aumento dos protestos contra a vitória de Maduro e a pressão externa sobre o governo possam abrir caminho para a divulgação da contagem dos votos ou para uma solução negociada. As manifestações contra a reeleição de Maduro também atravessam as fronteiras venezuelanas. Na segunda-feira (29), diversas pessoas se reuniram para protestar em Madri, na Espanha, e na noite de terça (30), o mesmo aconteceu na Cidade do México e em Buenos Aires, na Argentina. As ONGs Pesquisa Nacional de Hospitalis, que monitora a crise hospitalar e dos centros de saúde na Venezuela, e Foro Penal registraram 11 mortes nos protestos, todas civis: duas em Caracas, uma em Táchira (noroeste), três em Aragua (norte), três em Yaracuy (noroeste) e dois em Zúlia (noroeste). O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, afirmou que um soldado também morreu em Caracas durante os protestos. Suspensão de voos para a Venezuela Também nesta quarta-feira, após anunciar a suspensão temporária dos voos entre Venezuela e Panamá, o governo venezuelano ampliou a medida para voos entre o país e o Peru, segundo a Latam. Em nota, a empresa informou que os voos que saem da Venezuela para qualquer cidade peruana e rotas contrárias estão suspensos até 31 de agosto. A interrupção ocorre um dia depois de a Venezuela romper relações diplomáticas com o Peru, após Lima afirmar que houve fraude nas eleições venezuelanas. Protestos contra Maduro na Cidade do México REUTERS/Henry Romero Protestos contra Maduro em Buenos Aires REUTERS/Tomas Cuesta Protestos contra Maduro na Cidade do México REUTERS/Henry Romero
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