Quarenta e cinco anos depois, chegou ao fim o capítulo de uma das mais importantes livrarias infantis do Brasil. Na próxima quarta-feira (31), a Malasartes fechará as portas no Rio de Janeiro.
Fundada em 27 de setembro de 1979 no Shopping Gávea, na Zona Sul, a livraria é a mais antiga do setor infantil do país.
A Malasartes nasceu de uma parceria entre a escritora e jornalista Ana Maria Machado, a contadora de histórias Maria Eugênia da Silveira e a recém-formada psicóloga Renata Moraes. Anos depois, com a saída de Machado e Silveira, a irmã e mãe de Renata, Claudia Amorim e Yacy Mattos de Moraes, ingressaram na sociedade.
Com o tempo, apenas Renata continuou à frente da loja. Em entrevista à CBN, ela confidenciou uma curiosidade sobre a criação da Malasartes: um astrólogo foi quem orientou a fundação no dia 27 de setembro, dia de São Cosme e Damião.
“A astróloga que disse para minha companheira Maria Eugênia: “tem que ser dia 27 de setembro, porque é dia de São Cosme e Damião, que é para criança”. Não é legal? – fizemos né, porque esse ano vai ser o doce que embrulhei com minha mãe, Yaci”, conta.
Sua relevância para o setor editorial começou no mesmo ano da inauguração, quando o cantor Chico Buarque lançou seu primeiro livro infantil “Chapeuzinho Amarelo”. A sessão de autógrafos na livraria resultou em quilômetros de filas e engarrafamentos que se estenderam até o bairro vizinho, o Jardim Botânico, colocando a livraria no mapa cultural da cidade, onde reuniu gerações de escritores, ilustradores e crianças.
Organizada com mesas baixas, almofadas e prateleiras coloridas, a loja foi pioneira em incentivar as crianças a manusear livros numa época em que isso era quase proibido nas livrarias. O “diferencial” de Malasartes foi lembrado por uma antiga fã nas redes sociais, a psicóloga Celina Cantidiano.
“Foi muito incentivado a gente tocar nos livros. Acho que antigamente tinha muito essa visão de não tocar nos livros. lembre-se também de ter uma mesinha para as crianças brincarem, contarem histórias. Pudemos mexer nos livros, manusear os livros, e foi muito bom”, conta.
A Malasartes foi mais uma empresa que não sobreviveu à crise que atingiu as livrarias físicas de todo o país. Segundo a proprietária, Renata Moraes, desde o retorno da pandemia da Covid-19, em 2022, a clientela reduziu em pelo menos 40%. A concorrência com as plataformas online e os altos preços pagos pela localização dentro do shopping também influenciaram a decisão de fechar as portas.
Apesar da tristeza pelo fechamento da livraria, Renata conta que tem recebido muito carinho de antigos clientes – gerações que agora levam filhos e netos para se despedirem do espaço, que ela batizou de “Os Gavianos”. Ao lado das últimas funcionárias Alana Lopes Moreira e Juliana Dias de Araújo, Renata diz que o sentimento é de missão cumprida.
“Quem são os nossos clientes que estão aparecendo o tempo todo na mídia e vêm aqui me abraçar e a gente chorar? Eu os chamo de “Os Gavianos”, resolvi dar esse nome a eles. mas todo mundo que tem um carinho especial aqui, na verdade, eles vieram, sentaram nesse banquinho. Antes, eles vieram porque os pais trouxeram, os avós, e agora eles trazem os filhos”, diz.
Segundo dados da Associação Estadual de Livrarias do Rio de Janeiro, até 2023, em seis anos, o Rio de Janeiro perdeu 60 livrarias – com o fechamento de marcas tradicionais, como Saraiva, Galileu, Cultura, Travessa e a rede Nobel.
Levantamento feito pela Nielsen, em parceria com a Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores, mostrou redução de 8% nas vendas de livros no Brasil em 2023. O faturamento do setor caiu 5%.
O anúncio do fechamento foi feito em postagem da livraria no Instagram, no dia 13, e emocionou o público. Artistas, como Patrícia Pillar, Alice Wegmann, Matheus Solano, a autora Thalita Rebouças e a cantora Zélia Duncan lamentaram o encerramento das atividades.
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