Num artigo do jornal ‘The Wall Street Journal’, María Corina Machado afirma que pode provar que a oposição ganhou as eleições e denuncia a perseguição por parte do governo de Maduro. Corina Machado disse que o governo brasileiro está protegendo seus assessores. A líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado observa um local de votação durante a eleição presidencial do país, em Caracas, Venezuela, em 28 de julho de 2024. Leonardo Fernandez Viloria/Reuters Clique aqui para acompanhar o canal de notícias internacional g1 no WhatsApp “A maior parte da nossa equipe está na clandestinidade e, após sete missões diplomáticas terem sido expulsas da Venezuela, meus assessores na embaixada argentina estão sendo protegidos pelo governo brasileiro, posso ser capturado enquanto escrevo estas palavras.” Corina Machado e González ‘deveriam estar atrás das grades’, diz Maduro O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta quarta-feira (31) que seus principais adversários, María Corina Machado e Edmundo González Urritia, “têm que estar atrás das grades”. Maduro havia dito na terça-feira (30) que “a justiça virá para eles”. O discurso de Maduro, que segundo ele é uma “opinião de cidadão”, foi uma resposta à repórter Madeleine García, da TV venezuelana “Telesur”, durante uma conferência com membros da imprensa nacional e internacional. “Se você perguntar minha opinião como cidadão, eu lhe direi que essas pessoas (Corina Machado e González) devem estar atrás das grades e que deve haver justiça na Venezuela. que deveriam, em vez de se esconder, apresentar-se ao Ministério Público e mostrar a cara”, disse Maduro. Ele foi aplaudido por alguns presentes. Edmundo González foi o candidato da coligação de oposição que disputou as eleições presidenciais contra Maduro. Corina Machado é a principal opositora do presidente venezuelano e foi impedida de concorrer pelo Supremo Tribunal Federal em janeiro. O Ministério Público venezuelano, chefiado por um aliado chavista de Maduro, está investigando ambos. Maduro também chamou novamente seus adversários de covardes, fascistas e criminosos e novamente os acusou de estarem por trás dos protestos que tomaram conta do país contra os resultados eleitorais. Durante a conferência de imprensa, Maduro afirmou ainda que há uma tentativa de golpe em curso contra a Venezuela, que seria articulada pela oposição e pela comunidade internacional. Antes das eleições, o presidente venezuelano acusou os meios de comunicação internacionais presentes no país para observar a eleição de serem “assassinos contratados”. “Não hesitarei em chamar o povo para uma nova revolução, não nascemos no dia dos covardes”, disse o presidente venezuelano. Pedido ao Supremo Tribunal para investigar os registos eleitorais No início da quarta-feira, Maduro disse que pediu ao Supremo Tribunal do país que conduzisse uma auditoria às eleições presidenciais. A decisão do presidente venezuelano, que também disse que o seu partido está pronto para mostrar a contagem completa dos registos eleitorais, surge no meio de apelos internacionais para a divulgação da contagem detalhada dos votos, depois de a oposição ter contestado a sua vitória. O Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, bem como o Conselho Nacional Eleitoral, que certificou a vitória de Maduro, estão alinhados com o presidente. Favorita para derrotá-lo nas eleições, a líder da oposição María Corina Machado foi inabilitada para exercer cargos públicos por 15 anos em decisão do órgão em janeiro deste ano. Mais cedo, nesta quarta-feira, o Carter Center, órgão internacional de monitoramento que acompanhou a eleição de domingo (28) como observador, atestou que ela “não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerada democrática” e que a autoridade eleitoral “demonstrou claro preconceito ” a favor do atual presidente Nicolás Maduro. Em resposta, Maduro disse que a nota do Carter Center já estava pré-escrita com apenas alguns detalhes para preencher. Anteriormente, a Organização dos Estados Americanos (OEA) também havia declarado que não reconhecia o resultado da eleição. Ele disse que há sinais de que o governo Maduro distorceu o resultado. LEIA TAMBÉM: Gustavo Petro, da Colômbia, quebra silêncio e pede a Maduro que permita contagem transparente de votos Número de mortes em protestos na Venezuela sobe para 12 Líder da oposição fala em 16 mortes em protestos Também nesta quarta, María Corina Machado fez ataque a Nicolás Maduro e a repressão violenta dos protestos contra o anúncio da sua reeleição no país, num alerta ao mundo sobre a “escalada cruel e repressiva do regime” de Maduro. “Diante da retumbante e indiscutível vitória eleitoral que nós, venezuelanos, alcançamos, a resposta do regime é assassinato, sequestro e perseguição. (…) É a resposta criminosa de Maduro ao povo venezuelano que saiu às ruas como família e comunidade para defender sua decisão soberana de serem livres, esses crimes não ficarão impunes”, postou Corina. María Corina Machado e Edmundo González, durante coletiva de imprensa em 29 de julho de 2024 AP Photo/Cristian Hernández Número de mortos chega a 12, segundo ONGs O número de mortos em protestos contra o anúncio da vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela subiu para 12, segundo às ONGs que operam no país e à Procuradoria-Geral da Venezuela. O dia de intensas manifestações desta terça-feira (30), marcado pela violenta repressão das forças de segurança, também deixou centenas de pessoas presas. Liderada por María Corina Machado, a oposição afirma ter provas da sua vitória. Ela diz ter cópias de 84% das atas, o que comprovaria fraude, e as publicou em um site. Mulher cospe na foto de Maduro em protesto em Maracaibo, Venezuela REUTERS/Isaac Urrutia A comunidade internacional também pressiona por uma recontagem transparente dos votos, com a OEA declarando que não reconhece os resultados das eleições e com observadores do Carter Center atestando que a votação “não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerada democrática”. Segundo fontes entrevistadas pela Reuters, a oposição espera que o aumento dos protestos contra a vitória de Maduro e a pressão externa sobre o governo possam abrir caminho para a divulgação da contagem dos votos ou para uma solução negociada. As manifestações contra a reeleição de Maduro também atravessam as fronteiras venezuelanas. Na segunda-feira (29), diversas pessoas se reuniram para protestar em Madri, na Espanha, e na noite de terça (30), o mesmo aconteceu na Cidade do México e em Buenos Aires, na Argentina. As ONGs Pesquisa Nacional de Hospitalis, que monitora a crise hospitalar e dos centros de saúde na Venezuela, e Foro Penal registraram 11 mortes nos protestos, todas civis: duas em Caracas, uma em Táchira (noroeste), três em Aragua (norte), três em Yaracuy (noroeste) e dois em Zúlia (noroeste). O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, afirmou que um soldado também morreu em Caracas durante os protestos. Suspensão de voos para a Venezuela Também nesta quarta-feira, após anunciar a suspensão temporária dos voos entre Venezuela e Panamá, o governo venezuelano ampliou a medida para voos entre o país e o Peru, segundo a Latam. Em nota, a empresa informou que os voos que saem da Venezuela para qualquer cidade peruana e rotas contrárias estão suspensos até 31 de agosto. A interrupção ocorre um dia depois de a Venezuela romper relações diplomáticas com o Peru, após Lima afirmar que houve fraude nas eleições venezuelanas. Protestos contra Maduro na Cidade do México REUTERS/Henry Romero Protestos contra Maduro em Buenos Aires REUTERS/Tomas Cuesta Protestos contra Maduro na Cidade do México REUTERS/Henry Romero
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