Os policiais que atuam nos estádios passarão por treinamento sobre aplicação da lei. Entre as medidas possíveis está a determinação de encerrar partidas que tenham manifestações racistas. A lei do RJ inspirou legislação semelhante em 5 estados e 7 municípios em todo o Brasil. Vini Jr. comemora gol contra a Guiné Albert Gea/Reuters Nesta sexta-feira (5) marca o primeiro aniversário da Política Estadual de Combate ao Racismo de Vini Jr. no Rio de Janeiro. Conhecida como Lei Vini Jr, a legislação visa combater casos de racismo nos estádios e arenas do estado. Para garantir a melhor aplicação da lei e o combate eficiente aos casos de racismo, a Polícia Militar firmou parceria com a Comissão de Combate à Discriminação da Alerj para capacitar os PMs do Batalhão Especializado em Policiamento de Estádios (BEPE). O objetivo é orientar os agentes de segurança sobre como identificar atos racistas em eventos esportivos, além de melhorar o atendimento às vítimas. Entre as medidas contidas na lei de autoria do deputado Professor Josimar (Psol) está a determinação de encerramento de partidas esportivas que envolvam manifestações racistas de qualquer pessoa presente no local. Saiba mais sobre a Lei Vini Jr. ao final da reportagem. Segundo o parlamentar, que é presidente do Comitê de Combate à Discriminação da Alerj, algumas pessoas vítimas de atos racistas não conseguiram buscar ajuda no estádio. As denúncias motivaram essa parceria com a PM. “Recebemos na comissão algumas pessoas que presenciaram atos racistas nos estádios, mas não conseguiram encaminhá-los com sucesso, por isso procuramos o BEPE. O treinamento que será realizado pela comissão para policiais tem como objetivo informar e orientar a identificação de atos racistas com base no Protocolo de Combate ao Racismo previsto na Lei Vini Jr.”, explicou o professor Josemar. O comandante do BEPE, tenente-coronel Carlos Eduardo da Silveira Monteiro, aprovou a iniciativa e acredita que os torcedores devem procurar a polícia caso percebam algum ato racista. “A polícia precisa da ajuda do torcedor na denúncia do ato preconceituoso, para que sejam tomadas as medidas cabíveis. O torcedor, vítima ou não, é o principal protagonista no combate ao racismo, quando está próximo do ato e denuncia ao autoridades”, comentou o comandante. “Nossas tropas recebem instruções frequentemente, devido à complexidade do serviço do BEPE. Lidamos com milhares de torcedores, o que nos motiva a instruir cada vez mais nossos policiais. nosso serviço, incluindo crimes de racismo”, disse Carlos Eduardo da Silveira Monteiro. 5 estados e 7 cidades copiam lei A batalha travada pelo jogador brasileiro Vinícius Júnior contra torcedores racistas na Espanha e no mundo rendeu frutos em legislações sobre o tema em outros estados do Brasil. Instituto Vini Jr. une futebol e tecnologia para incentivar crianças a estudar Alvo do racismo na Espanha, Vinicius Jr. oferece aulas antirracismo em seu instituto O Rio de Janeiro foi pioneiro. Com a aprovação da lei em 2023, o estado assumiu a liderança no combate ao racismo em estádios e eventos esportivos. A legislação aprovada na Alerj serviu de inspiração para outras casas legislativas do Brasil, incluindo a Câmara dos Deputados, em Brasília. Vini Jr Vinicius Junior Nández Uruguai x Brasil Andres Cuenca/Reuters No total, outros cinco estados (Amapá, Amazonas, Paraíba, Espírito Santo e Rio Grande do Norte) e sete municípios aprovaram leis semelhantes. Além disso, projetos com o mesmo objetivo tramitam em outras 11 casas legislativas, como em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia, Ceará, Alagoas e Maranhão. “A lei serviu de inspiração para deputados e vereadores de diversos estados e municípios brasileiros e até para a Câmara Federal. Esse foi um ganho nacional para o combate ao racismo”, comentou o vice-autor da lei no Rio de Janeiro, professor Josemar . “Nosso maior legado com a Lei Vini Jr. é o fato de termos conseguido realizar o debate antirracista tanto no mundo esportivo quanto na sociedade carioca, que se expandiu para a população brasileira”, completou. Detalhes da Lei Vini Jr. A Política Estadual de Combate ao Racismo de Vini Jr. sugere uma série de medidas punitivas e educativas para que as práticas racistas sejam eliminadas das arquibancadas do Rio de Janeiro. A Lei Vini JR estabelece as seguintes ações: Divulgação e realização de campanhas educativas de combate ao racismo nos intervalos ou antes de eventos esportivos ou culturais, preferencialmente veiculadas em meios de grande alcance, como telões, alto-falantes, murais, telões, panfletos, outdoors, etc.; Divulgação de políticas públicas destinadas ao atendimento às vítimas de condutas combatidas por esta Lei; Interrupção do jogo em curso em caso de denúncia ou manifestação reconhecida de conduta racista por parte de qualquer pessoa presente, sem prejuízo das sanções civis, penais e das previstas no regulamento da competição e na legislação desportiva. Além das medidas obrigatórias, a legislação sugere ainda a criação do ‘Protocolo de Combate ao Racismo’, com as seguintes orientações: Qualquer cidadão pode informar qualquer autoridade presente no estádio sobre condutas racistas de que tome conhecimento; Ao tomar conhecimento, a autoridade deverá comunicar imediatamente ao plantão judicial do torcedor presente no estádio, do organizador do evento esportivo e do delegado da partida, quando for o caso, e com a maior brevidade possível ao Ministério Público, à Defensoria Pública, à Comissão de Combate à Discriminação da Alerj e da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi); O organizador do evento ou delegado da partida solicitará ao árbitro ou mediador da partida a interrupção obrigatória de que trata a alínea c do inciso I do artigo 3º desta Lei; A interrupção será pelo tempo que o organizador do evento ou delegado da partida julgar necessário e enquanto não cessarem as atitudes reconhecidamente racistas; Após a interrupção e em caso de conduta racista praticada conjuntamente pelos adeptos ou de reincidência de conduta reconhecidamente racista, o organizador do evento desportivo ou o delegado do jogo podem informar o árbitro ou o mediador do jogo da decisão de exercer o direito de encerrar o jogo. nos termos da alínea c do inciso II do art. 3º desta Lei. Perseguição a Vini Jr. A motivação para a elaboração da lei foi a forte perseguição sofrida pelo jogador brasileiro Vinícius Junior durante sua passagem pelo futebol espanhol. A maior parte dos atos ocorreu em 2023. Em junho daquele ano, três torcedores do Valencia foram condenados a oito meses de prisão na Espanha por ataques racistas a Vinícius Junior, em maio de 2023, no estádio Mestalla. O Real Madrid processa a Justiça espanhola por crimes de ódio e discriminação contra Vinicius Junior. No jogo contra o Valencia, o jogador foi vítima de ataques racistas em grande parte do estádio. Durante a partida, Vini acusou parte da torcida do Valencia de chamá-lo de “macaco” no segundo tempo. O jogo ficou paralisado por cerca de oito minutos. Nos minutos finais, o brasileiro foi expulso após confusão com o goleiro Mamardashvili. Três torcedores do Valencia identificados naquela partida foram condenados a oito meses de prisão. Em postagem nas redes sociais, Vini Jr comemorou a prisão dos torcedores. “Muitos me pediram para ignorar, muitos outros disseram que minha luta foi em vão e que eu deveria apenas ‘jogar futebol’. Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Sou vítima de racistas. Esta primeira condenação criminal da história da Espanha não é para mim, é para todos os negros que tenham medo, tenham vergonha e se escondam nas sombras, estarei aqui para exigir isso. escreveu o brasileiro. Em março deste ano, Vinicius Junior voltou ao estádio Mestalla para novo confronto entre Valencia e Real Madrid. O brasileiro marcou os dois gols dos visitantes no empate em 2 a 2. Segundo reportagem da LaLiga, Vinicius foi alvo da torcida do Valencia em pelo menos três momentos do confronto deste ano. Vini Jr marca dois gols no empate do Real
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