Em São Gonçalo, Capitão Nelson e Dimas Gadelha protagonizam o embate vivido em 2020 As eleições municipais deste ano em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, caminham para uma repetição dos protagonismos de quatro anos atrás: em 2020, Capitão Nelson (PL) venceu no segundo turno com 50,79% dos votos válidos, apenas 1,58% de diferença para os 49,21% de Dimas Gadelha (PT), que havia conquistado o primeiro lugar no primeiro turno, com 31,67% dos votos válidos. Na época, o atual prefeito havia alcançado apenas 22,82%. Na época, a recuperação do então candidato foi vista como inesperada, após a liderança constante de Gadelha nas pesquisas de opinião ao longo do segundo turno. Em 2024, também entraram na disputa os professores Josemar (PSOL), Jaqueline Pedroza (Novo), Viviane Carvalho (Mobiliza) e Reginaldo Afonso (PSTU). Segundo maior município em população do estado, perdendo apenas para o Rio, e a terceira cidade mais populosa do Brasil sem ser capital, atrás apenas de Guarulhos e Campinas, ambas em São Paulo, São Gonçalo também é grande em problemas. A cidade dormitório é marcada pela pobreza — ocupa a 88ª posição em PIB per capita entre os 92 municípios do Rio de Janeiro, além de ter um salário médio mensal dos trabalhadores formais de 1,9 salário mínimo. Desconectado da banda larga fixa Segundo o Índice de Progresso Social Brasil (IPS), São Gonçalo possui baixo número de domicílios com iluminação elétrica adequada, além de taxas de cobertura vacinal inferiores às da capital fluminense. O acesso à informação e comunicação é mais precário do que no Rio de Janeiro, em termos de densidade de telefonia móvel e internet banda larga fixa. No município, há poucos trabalhadores com ensino superior. O número total de mulheres empregadas com formação universitária também é considerado baixo. A cidade ainda é marcada por altos níveis de violência. São Gonçalo segue a tendência da maioria dos municípios do Estado do Rio, tendo um eleitorado majoritariamente feminino: 54% dos eleitores são mulheres e 46% são homens. A maior parcela dos eleitores da cidade tem entre 45 e 59 anos, representando cerca de 25% do eleitorado, seguida pelos de 35 a 44 anos e de 25 a 34 anos, com cerca de 18% cada, quantidade semelhante a municípios como Rio, Duque de Caxias e Niterói. Quem são os candidatos a prefeito Capitão Nelson (PL) Capitão Nelson FABIANO ROCHA / Agência O Globo O atual prefeito é o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro. Policial militar aposentado, deixou o cargo para se tornar vereador em 2004 pelo PSC. Exerceu quatro mandatos e, em 2018, foi eleito substituto do deputado estadual Marcos Abrahão (Avante). No ano seguinte, Nelson deixou o cargo de vereador para ocupar, até 2021, o cargo de suplente no momento da prisão de Abrahão. Além do PL, sua coligação reúne Republicanos, PP, MDB, Podemos, PRD, União, Avante, Solidariedade e PSDB-Cidadania. Dimas Gadelha (PT) Dimas Gadelha FABIANO ROCHA / Agência O Globo Médico sanitarista e deputado federal, é um dos dirigentes do PT na Região Metropolitana. Foi secretário de Saúde de São Gonçalo entre 2014 e 2018 nos governos de Neílton Mulin (PR) e José Luiz Nanci (Cidadania). Gadelha permaneceu na pasta após a transição de governos e deixou o cargo para concorrer a deputado federal pelo DEM, partido que trocou pelo PT em 2019. Ocupou a pasta Social, Políticas Estratégicas e Gestão de Metas de Maricá entre 2021 e 2022 . Professor Josemar (PSOL) Professor Josemar, candidato a prefeito de São Gonçalo pelo PSOL Reprodução (Facebook) É professor de Geografia formado pela UFF e foi o segundo vereador mais votado em São Gonçalo em 2020. Já disputou o cargo de prefeito. do município três vezes: em 2008, 2012 e 2016, cada vez pelo PSOL. Em 2010, foi eleito suplente de deputado federal e, em 2014 e 2018, suplente de deputado estadual. Atualmente é deputado estadual pelo PSOL e presidente da Comissão de Combate à Discriminação e ao Preconceito de Raça, Cor, Etnia, Religião e Origem Nacional da Alerj. Viviane Carvalho (Mobiliza) Viviane Carvalho (Mobiliza), candidata a presidente da Câmara de S. Gonçalo Reprodução (Facebook) Candidata pela primeira vez a presidente da Câmara. É formada em Direito e foi chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão do Rio de Janeiro. Ela já foi candidata a deputada estadual nas eleições de 2022. Atuou como diretora geral de Administração e Finanças da Secretaria de Estado da Casa Civil e Governança e diretora de Administração e Finanças da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio. Também foi subsecretária de Infraestrutura da Educação de São Gonçalo. Jaqueline Pedroza (Novo) Jaqueline Pedroza (Novo), candidata a prefeita de São Gonçalo Reprodução (Facebook) Empresária do município e empreendedora social, foi anunciada como pré-candidata de Novo a prefeita em março deste ano. Seu nome na disputa foi referendado pelo ex-deputado federal Paulo Ganime, que tem São Gonçalo como um de seus redutos políticos, com votos expressivos na cidade. Christian, ela tem um discurso conservador. Nas redes sociais, ela publica frases de cunho religioso e busca o voto evangélico para abrir caminho para uma possível passagem ao segundo turno. Reginaldo Afonso (PSTU) Reginaldo Afonso (PSTU) é candidato a prefeito de São Gonçalo Reprodução (Facebook) Funcionário dos Correios, concorrendo pela primeira vez a um cargo eletivo. Trabalha como carteiro há 27 anos no bairro Amendoeira. Ele mora em Santa Isabel, seu reduto eleitoral. É militante do movimento negro e sindical e atuante nas redes sociais. Entre os apoiadores de sua candidatura estão Cyro Garcia (PSTU), candidato à prefeitura do Rio, e Danielle Bornia (PSTU), candidata à prefeitura da vizinha Niterói. O partido não formou coligação com outros partidos de esquerda. Perda de eleitores no município Com 896.744 habitantes e ocupando o segundo lugar no ranking estadual em população, São Gonçalo perde agora para Duque de Caxias, cidade da Baixada Fluminense, segundo colocado em eleitorado. Há 665.181 aptos a votar nas eleições deste ano, um número menor face ao registado em 2016, quando havia 686.207 eleitores. A queda no número de eleitores fez com que o município fosse deslocado por Caxias — a terceira cidade mais populosa, com 808.161 habitantes —, que passou de 607.663 em 2012 para 674.805 aptos a votar em 2024. Os dados podem ser melhor contextualizados, porém, se Observemos a evolução populacional nos dois municípios: São Gonçalo foi a cidade com maior queda populacional entre os Censos do IBGE de 2010 e 2022, intervalo em que a população caiu de 999.901 para 896.744, o que representa uma redução de mais de 10% . Caxias também registrou uma diminuição da população no período, embora de forma menos dramática: de 855.046 para 808.161, o que representa uma queda de pouco mais de 5%. Para especialistas, a redução populacional em São Gonçalo pode estar relacionada à falta de oportunidades no mercado de trabalho e ao aumento da violência. (Vítor Medeiros é bacharel em Ciências Sociais (UFRJ), sob orientação de Marcelo Remigio) PROJETO TAMO JUNTO É uma parceria entre o EXTRA e o Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em que jornalistas e pesquisadores focam no processo eleitoral deste ano em dez cidades da Região Metropolitana e do Interior de Janeiro, abordando problemas, apontando soluções e apresentando as candidatos e seus planos de governo. Texto inicial do plugin
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