As eleições parlamentares são realizadas em dois turnos, em 30 de junho e 7 de julho. Parlamento francês Martin Bureau/AFP Os partidos políticos franceses disputam neste domingo (30) o primeiro turno das incertas eleições legislativas, nas quais a extrema direita, líder nas pesquisas, se aproxima do poder. Porque é que Macron pode dissolver o Parlamento em França e convocar novas eleições? Entenda A eleição acontece quase um mês depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, dissolver o parlamento. A sua decisão teve como principal objetivo evitar que o sucesso no Parlamento Europeu se refletisse no país – com os nacionalistas ganhando mais visibilidade. Em 9 de junho, o partido de Macron (REM) foi derrotado nas eleições para o Parlamento Europeu pelo partido (RN) de Marine Le Pen, uma política populista de extrema direita. Clique aqui para acompanhar o canal de notícias internacional g1 no WhatsApp O aliado de Macron nas eleições, Gabriel Attal, disse nesta sexta-feira que quer “evitar que os extremos, especialmente a extrema direita, ganhem estas eleições”. O discurso teve como objetivo instar os franceses a votarem na aliança do presidente Emmanuel Macron. Seu adversário é o jovem líder de extrema direita Jordan Bardella, 28 anos, do partido de Le Pen. As eleições parlamentares são realizadas em dois turnos, em 30 de junho e 7 de julho. Levantamento feito pela OpinionWay e divulgado pelo jornal Les Echos na última sexta-feira (28) mostrou que o partido (RN) pode atingir até 37% do voto popular, um aumento de dois pontos percentuais em relação à pontuação de uma semana atrás. O partido Juntos, do bloco centrista de Macron, atingiu 20%, uma queda de dois pontos em relação à última publicação. O resultado do segundo turno francês é um pouco mais incerto devido ao próprio sistema eleitoral do país: os 577 deputados são eleitos em círculos eleitorais não nominais, com sistema majoritário em dois turnos. Socialistas, comunistas e ambientalistas, aliados do partido radical France Insubmissa (LFI) na coligação de esquerda NFP, já alertaram que retirarão os seus candidatos se ficarem em terceiro lugar na segunda volta para dar mais chances ao candidato do governo contra alguém da extrema direita. O que acontecerá se a extrema direita assumir o parlamento? Por enquanto, o partido no poder de Macron tem 169 deputados na Assembleia Nacional, o maior grupo na câmara de 577 assentos. O partido de oposição mais forte, o Reagrupamento Nacional de Le Pen, tem 88 assentos. Para obter a maioria absoluta na câmara baixa francesa, o partido teria de aumentar o seu número de deputados para 289. Se vencer, Macron seria forçado a nomear um adversário para o cargo de primeiro-ministro. E quem assumisse o cargo seria responsável pela escolha dos ministros. E se isso acontecesse – o presidente e o primeiro-ministro eram de partidos políticos diferentes – seria chamado de “coabitação”. A França viveu três períodos semelhantes a este. Neste cenário, o presidente mantém o papel principal na defesa como comandante-em-chefe e na política externa – a Constituição diz que ele negocia tratados internacionais – mas perderia o poder de definir a política interna. Isto aconteceu pela última vez em 1997, quando o presidente de centro-direita Jacques Chirac dissolveu o parlamento pensando que conseguiria uma maioria mais forte, mas perdeu inesperadamente para uma coligação de esquerda liderada pelo Partido Socialista. Impacto no país O partido de Macron tentou diversas vezes alertar para o risco de chegada ao poder da extrema direita – que se esforçou para moderar a imagem herdada do seu fundador Jean-Marie Le Pen, conhecido pelos seus comentários racistas. Desde que Marine Le Pen assumiu a liderança do partido Reagrupamento Nacional em 2011, ela tem tentado constantemente argumentar sobre a procura de políticas populistas para os franceses. Mas, ao mesmo tempo, tem posições e ideais xenófobos próximos do governo russo. Ela, por exemplo, já sugeriu que, se chegasse ao poder, Macron teria dificuldade em enviar tropas para apoiar a Ucrânia contra a Rússia. Segundo a Radio France International (RFI), a sigla também quer deixar de lado o impacto do carbono na região, pois pretende dar incentivos às indústrias francesas. A expectativa é que o RN governe de forma semelhante à gestão da italiana Giorgia Meloni, que adota um discurso focado na preocupação com as negociações climáticas internacional e internamente que permite que ministros e aliados questionem a ciência climática. Além disso, existe preocupação com os africanos que têm familiares no país. O partido de Le Pen já afirmou que pretende proibir que certas posições “sensíveis”, como na área da defesa, por exemplo, sejam proibidas a cidadãos com dupla nacionalidade. James Shields, professor de estudos franceses na Universidade de Warwick, no Reino Unido, disse à BBC que as referências racistas e antissemitas ficaram para trás, mas as antigas medidas anti-imigração e autoritárias de lei e ordem do antigo partido do pai de Le Pen permanecem praticamente inalterados. Marine Le Pen em evento de campanha, em 8 de abril de 2022 Lionel Bonaventure/AFP
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