Segundo a acusação, a vítima foi violada por dezenas de homens quando estava inconsciente devido às drogas que lhe foram dadas pelo marido, Dominique Pélicot, principal arguido na ação. Desenho mostra audiência no julgamento de Dominique Pélicot Benoit PEYRUCQ/AFP “Sou um estuprador como os outros nesta sala”, admitiu Dominique Pélicot, 71 anos, um francês que drogou sua esposa para que outros pudessem abusar dela, ao lado dos outros 50 réus. Pélicot pediu desculpas à agora ex-mulher em seu primeiro discurso no julgamento, que começou no dia 2. Clique aqui para acompanhar o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp “Fiquei muito feliz com a Gisèle”, disse Dominique. “Ela não merecia isso, eu reconheço”, disse ela no tribunal. Seu primeiro depoimento foi adiado diversas vezes devido ao seu estado de saúde. A defesa dela afirma que ele teve uma crise devido a uma pedra nos rins nos últimos dias, e o juiz do caso, Roger Arata, ordenou que as audiências continuassem sem a sua presença. Dominique Pélicot é o principal réu na ação. Outros 50 homens, convidados pelo marido para abusar da esposa enquanto ela estava inconsciente, também são julgados. Perfil psicológico O arguido não sofre de “qualquer patologia ou anomalia mental”, mas sim de um “desvio sexual ou parafilia de tipo voyeurístico”, segundo vários exames psiquiátricos realizados durante a investigação. Os relatórios o descrevem como um “manipulador” com uma personalidade “perversa” que usava sua esposa como “isca”. Dominique também teria caído numa “dinâmica de dependência sexual”. “É um cara que se apresenta como um homem de família estável, respeitado e apreciado, mas que ao mesmo tempo é reservado e propenso à transgressão em sua sexualidade”, relatou a psicóloga Anabelle Montagne, acrescentando que sua experiência revela que ele tem “polimorfo perversão” e “uma fixação que se refere a uma necessidade de controle extremo que vai até o controle”. A maior parte dos 50 co-arguidos dos crimes só visitou uma vez a casa do arguido principal, na cidade de Mazan, no sul de França. Dez deles estiveram lá até seis vezes. O marido da vítima não pediu dinheiro em troca. Os acusados não sofrem de patologias psicológicas significativas, embora tenham um sentimento de “onipotência” sobre o corpo feminino, segundo especialistas. Muitos afirmam acreditar que participavam das fantasias do casal. Segundo o marido, “todos sabiam” que sua esposa estava drogada sem o seu consentimento. Segundo a investigação, “cada pessoa tinha livre arbítrio” e poderia ter “saído” ao perceber a situação.
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