Os começos não são fáceis e na primeira metade da década de 1960 os desafios foram ainda maiores. Porém, após diversas viagens ao Rio de Janeiro, o sonho dos empresários de Uberlândia saiu do papel, ou melhor, ganhou vida. Equipe de transmissão da TV Triângulo nos primeiros anos da emissora Arquivo/TV Integração Nenhum começo é fácil, independente do motivo, os projetos tendem a enfrentar obstáculos. Porém, todos eles têm algo em comum: começam com sonhos. Se hoje é difícil colocar projetos em prática, imaginem as dificuldades de construir uma emissora de televisão no interior do país na primeira metade da década de 1960. Porém, após superar vários obstáculos, o sonho dos empresários se concretizou e a TV Triângulo entrou no ar. E foram o início complicado e os desafios de fazer televisão no interior do Brasil que o especial de 30 anos da TV Triângulo exibiu em 1994. O sonho da TV no Triângulo Embora a televisão já existisse, na segunda metade do século XX o o rádio ainda predominava. A maravilha de ouvir e assistir talk shows e novelas era enorme, porém os recursos eram escassos, fazendo com que a televisão ficasse restrita às capitais. Primeira afiliada da TV Globo, é difícil dissociar a imagem da TV Integração do “plim plim”, mas o início do sonho de uma televisão no Triângulo Mineiro começou com a tentativa de um grupo de empresários que tentava oferecer Uberlândia a retransmissão da programação da TV Globo. TV Tupi. Um apartamento no Edifício Valentina, no centro de Uberlândia, foi modificado para receber equipamentos de recepção de sinais. Porém, a tentativa foi frustrada pela tecnologia da época, que fez com que as imagens chegassem à região com chiados e sombras. O motivo: o sinal que sai da TV Tupi de São Paulo passou por diversas retransmissoras até chegar ao Triângulo Mineiro. E a cada retransmissão, a qualidade do som e da imagem diminuía. “Nossa responsabilidade era muito grande, tínhamos certeza de que a imagem da Tupi seria perfeita. Na época, os retransmissores eram sinais VHF e cada sinal transmitido perdia qualidade de imagem. Aí as pessoas ficaram apavoradas e não quiseram pagar”, disse o ex-diretor da TV Triângulo, José Bonfim, ao especial. No ar A retransmissão do sinal da TV Tupi não saiu como esperado, mas o sonho do empresário Edson Garcia Nunes não acabou. O momento era de ser mais agressivo na estratégia e avançar para o projeto de concessão de canais de TV. E para isso Nunes contou com a ajuda do amigo e advogado Adib Chueiri. E depois de inúmeras viagens ao Rio de Janeiro (RJ), em março de 1964, Uberlândia recebeu a concessão do mais novo canal de televisão do Brasil. Mas uma emissora de televisão é muito diferente de uma retransmissora e o apartamento no Edifício Valentina era muito pequeno. Assim, outro prédio do Centro, que estava pronto para abrigar um supermercado, teve seu projeto refeito e grande parte dele foi reservada para abrigar a emissora. Os equipamentos chegaram e logo começaram os testes, com a inauguração oficialmente ocorrendo em 9 de junho de 1964. Começamos com nossa equipe aqui. Escritores, apresentadores, todos os elementos aqui. Depois trouxemos profissionais de Belo Horizonte, uma equipe formidável. Fizemos teatro e novelas locais, jornal, programas infantis, programas desportivos, entrevistas”, disse José Bonfim. Equipe de transmissão da TV Triângulo nos primeiros anos da emissora Especial 30 anos TV Integração Uberlândia Arquivo/ TV Integração Aprendendo com a TV O desafio de colocar a emissora no ar foi superado, mas outros obstáculos surgiram. Mesmo com a contratação de profissionais experientes, a equipe aprendeu a fazer televisão já com ela no ar. Na verdade, alguns aprenderam desde o início, quando o sonho ainda estava sendo construído. Dois deles permaneceram na empresa em 1994. Naquele ano, Hélio Sudário era editor de VT, mas sua história na TV Triângulo começou muito antes, como auxiliar de serviços gerais e, aos poucos, foi mudando de função. “Eu não sabia o que era televisão quando cheguei na televisão. Eles estavam testando o equipamento. Disseram-me para sentar numa cadeira, colocaram a câmera apontada para mim e testaram minhas imagens. E eu nem sabia que aquelas imagens eram as primeiras que eles projetaram no ar”, disse Sudário. Outra pessoa que aprendeu a fazer TV enquanto estava na TV foi Edson Domingos. Em 1994 foi diretor de TV, mas ocupou diversas funções dentro da TV Triângulo, num casamento que durou mais de 50 anos, até a aposentadoria do funcionário em 2020. “Trabalhei na empresa que fundou a televisão. Eu era ajudante de pedreiro, menino, tinha 16 anos. E fui indicado para ajudar na entrega dos televisores na região”, disse Edson no especial. Edson Domingos faleceu em janeiro de 2024, aos 79 anos. O legado que deixou permanece no coração e na memória de quem o conheceu. Além disso, desde junho de 2024, o estúdio TV Integração leva seu nome. Edson Domingos em 1994, quando atuou como diretor de TV, uma das inúmeras funções que desempenhou ao longo de 56 anos de dedicação à TV Integração. Arquivo/ TV Integração Produções Ainda no especial de 30 anos, Dantas Ruas foi um dos personagens. Começou no rádio e chegou a Uberlândia devido a uma tempestade, adiou o retorno ao Rio de Janeiro para assumir uma emissora na cidade mineira e logo se fascinou pela televisão. Além disso, Dantas foi a primeira voz da TV Triângulo a transmitir uma mensagem. “Era uma crônica, não lembro exatamente qual. A televisão era rádio, entendendo-se com imagem. Então, é claro, ele melhorou. O vídeo saiu e tudo deu um impulso extraordinário à televisão”, disse na altura Dantas Ruas. E como a TV se chamava Triângulo para deixar claro que se tratava de um produto regional, feito para os moradores da região, as produções retratavam o povo do Triângulo Mineiro. E para isso, a direção ficou de olho nas revelações de Uberlândia. Uma dessas revelações foi Haidée Vasconcelos que, durante 3 anos, apresentou dois programas na TV Triângulo. Durante a semana, a Revista Feminina e, aos domingos, o Encontro com Dona Haidée. “Apresentei entrevistas com crianças, com senhoras, falei sobre culinária, sobre estudo, sobre etiqueta, sobre elegância e apresentei desfile de moda, apresentei curiosidades, enfim, falei sobre o povo prateano, o povo de Monte Alegre, de Tupaciguara”, disse Haidee. Haidée Vasconcelos apresentou dois programas durante três anos na TV Triângulo Arquivo/TV Integração Outra revelação da região que não escapou aos olhares da TV Triângulo foi Nalva Aguiar. Antes de cantar no Brasil e no exterior, ela estava na programação da emissora. “Eles perguntaram se eu queria ir [para a TV] e mais do que rapidamente, eu fui. Fui garota propaganda de um programa de comédia e depois comecei a fazer meu próprio programa”, disse Nalva no especial. E entre uma programação de auditório e outra, eram exibidos filmes. E o motivo não foi apenas preencher a agenda. O tempo do filme foi usado para mudar os sets de estúdio para o próximo programa. A programação também incluiu novelas. “As bobinas e os filmes foram exibidos em todas as TVs instaladas no interior do país. É por isso que os programas chegaram atrasados. As grandes novelas, por exemplo, representavam o caos. Qualquer problema justificava o fim. No meio da história, muitos capítulos chegaram cortados em Uberlândia. Quem viajou para São Paulo voltou sabendo da história que estava acontecendo aqui, mesmo com 30 capítulos de atraso. Essas pessoas foram privilegiadas porque às vezes os telespectadores da região nem assistiam cenas mais importantes”, disse o ex-diretor José Bonfim. E o mesmo aconteceu com os jogos de futebol, que foram transmitidos dois dias depois do jogo. “Os jogos de futebol me deram muitas dores de cabeça. Os jogos eram gravados e o atraso às vezes chegava a 2 dias. A curiosidade ficou por conta dos lances, pois os torcedores reconheceram o placar após acompanharem a partida pelo rádio. Para se ter uma ideia, em 1965 o povo de Uberlândia assistiu toda a Copa do Mundo de 1962”, finalizou Bonfim. Os jogos de futebol foram transmitidos pela TV Triângulo dois dias após a partida. Integração Arquivo/TV Em 60 anos muita coisa mudou. Os cenários não precisam ser alterados no espaço de um filme. As novelas, os telejornais e os jogos de futebol já não chegam atrasados. A tecnologia avançou, os equipamentos e a infraestrutura mudaram. O que não mudou foi sua paixão pela televisão. Entrada da então TV Triângulo no bairro Umuarama, em Uberlândia. Arquivo/ TV Integração Acompanhe as redes sociais do g1 Triângulo: Instagram, Facebook e Twitter Receba novidades do g1 Triângulo no WhatsApp VÍDEOS: veja tudo sobre Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas
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