O Dia do Escritor é comemorado nesta quinta-feira (25), e os autores relatam sua relação com a escrita, suas atribuições e, principalmente, como lidam com o bloqueio criativo que acontece quando “criar” se consolida como profissão. André dos Santos da Silva e Flávia Manuela Albuquerque, autores da Reprodução Alto Tietê Mesa, cadeira, papel e caneta (ou até computador! ): é o que falta para os escritores transformarem ideias em histórias que levem os leitores a descobrir mundos reais e imaginário. Nesta quinta-feira (25), que marca o Dia do Escritor, o g1 decidiu movimentar os “contadores de histórias” para que, desta vez, sejam eles os protagonistas. “Escrever é um ato de resistência, um ato político. Um ato de posicionamento, de posicionamento numa sociedade. Uma forma de mostrar que estou aqui e vou ficar”, aponta o escritor André dos Santos da Silva. Clique para acompanhar o canal g1 Mogi das Cruzes e Suzano no WhatsApp André dos Santos da Silva tem 26 anos e mora em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Durante o horário comercial, ele trabalha como coordenador em uma escola de idiomas. Num momento de inspiração entre uma pausa e outra na correria do dia a dia, Silva pega o celular, abre o bloco de notas e se sente à vontade para mostrar sua verdadeira identidade: escritor. “Às vezes estou andando na rua e vejo um encontro entre pessoas, um abraço, alguém andando de mãos dadas. Quando me deparo com uma fonte de inspiração, anoto em um bloco e às vezes até tiro uma foto para facilitar a gravação”, conta. Embora o processo inicial seja feito pelo celular onde quer que esteja, o artista espera chegar em casa para “esculpir uma nova obra”. “Quando volto para esse registro – a frase do bloco de notas ou da foto – preciso do meu momento, no meu quarto, no meu ambiente, e sento para refletir e pensar, para voltar ao que me acordou . Em dez, quinze minutos eu produzo poesia”. O autor conta que sempre gostou de se expressar através da escrita, mas foi só aos 15 anos que começou a levar a arte com mais seriedade. “Comecei a escrever como uma forma de me sentir confortável comigo mesmo. Senti que não conseguia me expressar tão bem falando, então acho que foi uma porta para eu conseguir me comunicar bem, foi uma virada.” Silva já escreveu outros gêneros, como contos e crônicas, mas a liberdade de criar foi responsável por ele se apaixonar pela poesia. “O poeta, sozinho, fala sobre qualquer assunto, no formato que quiser. Nem tudo precisa ter um certo entendimento, uma preferência… É tudo muito natural.” André dos Santos da Silva tem 26 anos e diz que sempre gostou de se expressar através da escrita André dos Santos da Silva/Arquivo pessoal “Já tenho dois projetos de escrita. O primeiro, denominado ‘Projeto Poemei’, aconteceu há cerca de dois anos anos e foi um projeto online, minha amiga Beatriz Melo ajudou a expressar minha poesia através de desenhos. O segundo projeto é um livro físico de poesia feito em parceria com meu tio, Ronaldo Batista!’ foi lançado em 21 de junho”, explica ele. Embora você sempre acabe encontrando alguma fonte de inspiração, criar pode se tornar um processo difícil. O escritor relata que todos os dias o artista passa por abstinência. “Acredito que encontrei formas de tornar isso mais possível ou até mesmo aceitar a desistência como opção, algo como ‘vou me dar um tempo’, ‘vou desistir neste momento’, para que Posso descansar a cabeça, sair para conhecer novos lugares, novas pessoas… Vou me inspirar, para poder transbordar as páginas novamente. É um processo de ‘chutar o balde’”, afirma. “A criatividade é muito complicada. Achamos que é uma fonte inesgotável, mas nos sentimos exaustos.” Quem compartilha do mesmo pensamento e passa por esse processo de “afastamento momentâneo” é a publicitária e escritora Flávia Manuela Albuquerque, de 24 anos. Também mora em Mogi das Cruzes e já publicou dois livros: “O Segredo das Flores” e “Como Flores no Outono”. O processo criativo de Flávia Manuela Albuquerque é inteiramente feito com papel e caneta Flávia Manuela Albuquerque/Arquivo pessoal “No filme ‘O Serviço de Entregas da Kiki’, a personagem principal perde o dom de voar num momento de confusão emocional. A escrita funciona assim. Às vezes, o maior desafio é conseguir me reconectar comigo mesma”, afirma. Flávia relata que começou a escrever – por hobby – na adolescência e, aos 20 anos, começou a pensar em publicar. Parte de sua influência veio da mãe, professora de literatura, que incentivou a jovem a se cercar de obras literárias. “Para mim, escrever significa ‘a saudade de algo mais’. A busca quase incansável pela descoberta do universo e de mim mesma, como se essa fosse a única forma de manter a minha alma”, afirma. Com cerca de 11,3 mil seguidores nas redes sociais, o escritor afirma que – na época da publicação do primeiro livro – os leitores eram amigos, familiares e conhecidos nas redes sociais. Porém, quando a divulgação começou a ganhar peso, ela conheceu novos leitores e ainda contou com a ajuda de “bookinfluencers”, influenciadores literários nas redes sociais. “É muito bom ver que tem gente valorizando o seu trabalho. ‘Escritor’ não é uma profissão regulamentada no Brasil, não existe salário mínimo nem direitos garantidos por lei. Quem segue esse caminho o faz por coragem porque os incentivos são mínimos “, ele diz. Mesmo que a profissão não seja tratada com a seriedade que deveria, Flávia e André sabem da responsabilidade que carregam com cada palavra que é escrita. “Acredito que a escrita molda a sociedade, assim como a sociedade molda a escrita. Com ela, quero transmitir as mensagens que me acompanham: lute para manter o próprio coração, busque a cura através da arte e nunca deixe de acreditar no amor”, afirma Flávia. André afirma que escrever é deixar um legado e que sempre se pega pensando ‘que legado quero deixar para o mundo?’ “Se um pouco do que escrevo conseguir chegar a uma pequena parte de quem está lendo, certamente ficarei muito satisfeito. Consegui cumprir minha missão como artista, como escritor, como pessoa”, finaliza o artista . A escritora tem dois livros publicados e mais de 11,3 mil seguidores nas redes sociais Flávia Manuela Albuquerque/Arquivo pessoal Veja mais notícias sobre o Alto Tietê
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