Na Viradouro são 37, ante 26 em 2023. Aos poucos, as mulheres começam a superar o preconceito e a ganhar espaço em um campo dominado por homens no Carnaval: a composição do samba-enredo. Mais de cinco décadas depois de pioneiras como Dona Ivone Lara e Leci Brandão terem aberto o caminho, elas agora começam a somar. Este ano cerca de 90 compositores participaram do concurso. Só em Viradouro são 37, ante 26 em 2023. Entre os concorrentes nas diversas agremiações, os nomes mais conhecidos são os das cantoras Anitta, cujo samba é um dos favoritos na Unidos da Tijuca, e Jojo Todynho, que compete na Mocidade Independente do Padre Miguel. — Isso é resultado de um movimento que já acontece dentro das escolas e nas rodas de samba também, com as mulheres cada vez mais mostrando o rosto e fazendo isso coletivamente. Já existem muitas rodas lideradas por elas e alguns movimentos de mulheres sambistas. Isso se reflete no samba-enredo. É fruto de muita gente que veio antes — diz Manu da Cuíca. Colhendo frutas. Manu da Cuíca venceu dois concursos na Reprodução da Mangueira A compositora, uma das figuras femininas mais presentes e destacadas nos concursos desde 2017, é bicampeã na Mangueira. De verde e rosa, ela fez parte das parcerias vencedoras de 2019 e 2020. Este ano se inscreveu em duas escolas: Imperatriz Leopoldinense e Portela. Depois do Viradouro, o azul e branco de Madureira, com 14 compositores concorrentes, divide o segundo lugar com o Salgueiro. Mulheres compositoras no Salgueiro Guito Moreno Em 2021, na busca por mais espaço feminino, Argentina Caetano, que vinha de uma experiência em blocos, decidiu firmar uma parceria apenas com mulheres para competir no Viradouro. Surpreso com a pandemia, que suspendeu o desfile daquele ano, o grupo denominado As Divas e composto inicialmente por seis mulheres acabou entrando na competição do ano seguinte. A Argentina continua até hoje, na mesma escola, mas liderando uma parceria mista, com cinco mulheres e cinco homens. — Entramos em uma área muito masculina. Este ano chamou a atenção por ter um número mais expressivo, mas as mulheres já vêm tentando abrir esse caminho há muito tempo — afirma a compositora. Na Beija-Flor, só homens. Embora possa parecer significativo, principalmente em relação aos anos anteriores, o número de mulheres ainda é pequeno em relação aos homens. A Beija-Flor de Nilópolis, por exemplo — que registrou apenas parcerias masculinas — tem cerca de 70 compositores assinando os 12 sambas classificados. No próprio Viradouro há 240 compositores inscritos, sendo 203 homens. Mesmo assim, o progresso, embora ainda pequeno, é comemorado por compositoras. — Estamos cumprindo o que mulheres como Dona Ivone Lara fizeram naquela época — destaca Greide Moreno, da Viradouro, uma das únicas mulheres a presidir uma ala de compositores do Grupo Especial. No Vermelho e Branco de Niterói, Greide lidera um grupo de 92 compositores, sendo 53 homens e 39 mulheres. Além do Viradouro, entre a elite do carnaval carioca, apenas o Salgueiro tem uma ala de compositores presidida por uma mulher: no caso, Nilda Salgueiro Batista Ferreira, Tia Nilda, bisneta de Domingos Alves Salgueiro, o comerciante português cujo sobrenome nomeia a comunidade onde nasceu a escola. — Há 13 anos como presidente, este é o ano em que mais mulheres entraram na disputa — confirma Nilda. Mesmo com o aumento da participação feminina, as mulheres reclamam que ainda precisam superar alguns obstáculos. Um deles é a dificuldade de liderar sociedades mistas, onde o nome principal costuma ser de um homem. Um dos critérios para assumir a liderança é ser figura de destaque, seja na escola ou não, regra que normalmente só favorece as mulheres quando são famosas. Em vez de funk, samba Na Unidos da Tijuca, por exemplo, Anitta comanda a parceria da qual é única mulher. Os outros cinco compositores são Feyjão, Estevão Ciavatta, Miguel PG, Fred Camacho e Diego Nicolau. Ao registrar o samba, ela explicou em suas redes sociais o que a motivou a participar do concurso: “Não é aleatório. A Unidos da Tijuca falará sobre Logun-Edé, que é meu orixá. E me convidaram para fazer isso com meus parceiros maravilhosos, que são gênios. Me convidaram porque sabiam que eu era de Logun-Edé. E eu já estava colocando muito dessa trama no meu show, na minha turnê, porque adorei o texto, a trama toda, porque era meu orixá”, explicou. Outro desafio para as mulheres é chegar à final, pois atualmente existe um modelo que privilegia o poder económico. Na Mocidade, por exemplo, isso só aconteceu em 2020, mesmo com um samba que trazia a assinatura de uma pessoa famosa, no caso, Sandra de Sá. O enredo daquele ano homenageou a cantora Elza Soares, falecida em janeiro de 2022. Este ano, além de Jojo Todynho, a competição verde e branca tem apenas outras duas mulheres concorrendo: Márcia Carvalho e Marcinha Souza. Os três seguem na disputa, cuja próxima rodada acontece hoje. Enquanto isso, na Série Ouro (antigo Grupo de Acesso), o Botafogo Samba Clube estreia na Sapucaí no próximo carnaval com parceria comandada por uma mulher: a jornalista Aline Bordalo. — Venho do jornalismo esportivo e acho que o samba é um ambiente menos preconceituoso. As mulheres demoraram para perceber esses braços abertos (para elas) e acho ótimo que estejam se arriscando — observa Alice. Até onde nos permitem chegar os registros históricos sobre a participação feminina no samba-enredo, o pioneirismo coube a Carmelita Brasil, compositora da Unidos da Ponte, entre as décadas de 1950 e 1960.
taxa de juro para empréstimo consignado
emprestimo simulador online
itaú empréstimo consignado
refinanciamento para representante legal
empréstimo consignado taxas
emprestimo loas bradesco
zap pan
0