Os parlamentares devem competir ou participar de articulações. A troca também envolve acordos internos ou mesmo combinações feitas na formação da chapa do Senado. A menos de cem dias das eleições, senadores renunciaram aos cargos e liberaram vaga para seus suplentes assumirem. Desde abril, sete titulares já deixaram o cargo. A licença dos senadores para disputar as eleições municipais altera a composição do Senado. Reprodução Embora as eleições municipais tradicionalmente mobilizem mais deputados, alguns senadores devem concorrer como prefeitos ou vice-prefeitos. Outros parlamentares deverão retornar às bases eleitorais para participar das articulações do partido na tentativa de conquistar mais prefeituras. Nas eleições municipais, os senadores se ausentam e abrem vagas para suplentes. A troca também pode envolver acordos internos nos estados ou mesmo combinações feitas na formação da chapa ao Senado. Ao votar em um senador, o eleitor também está automaticamente escolhendo o primeiro e o segundo suplentes deste parlamentar, já que a chapa está encerrada. É comum que, em troca de apoio, o candidato “cabeça da chapa” concorde com os substitutos em se ausentar por um período determinado e permitir que o substituto assuma. Pelas regras do Senado, o membro deve se afastar por mais de 120 dias para que o substituto assuma. Considerando as mudanças desde 2020, dos 81 senadores, 15 são suplentes – ou seja, praticamente um quinto da composição da Casa. Veja alguns dos senadores formados em plena eleição Eliziane Gama (PSD-MA) Licenciada desde 16 de julho, Eliziane teve acordo assinado com o suplente Bene Camacho (PSD-MA) para que ele assuma o cargo por um período, segundo aos aliados. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) tirou licença no dia 16 de julho para assumir secretaria em seu estado natal. Pedro França/Agência Senado Desde então, assumiu o cargo de secretária de Estado da Juventude do Maranhão, a convite do governador Carlos Brandão (PSB), antigo aliado. O movimento pretende fortalecer seu grupo político no estado – de olho nas eleições de 2026 – mas também é reflexo da eleição deste ano: o ex-secretário do cargo se afastou para concorrer a vereador. Apesar de ser do PSD, a senadora alertou aos líderes partidários que apoiará a candidatura do deputado Duarte Jr. (PSB) a prefeito de São Luiz (MA), e não do atual prefeito, Eduardo Braide, também do PSD, que está tentando a reeleição. Ela deverá retornar ao Senado em outubro, após completar o período mínimo de 120 dias de afastamento. Rogério Marinho (PL-RN) Importante nome da oposição no Senado e ex-ministro no governo Jair Bolsonaro, Marinho se despediu do cargo no dia 19 de junho. Em seu lugar, assumiu o reserva Flávio Azevedo (PL-RN). Presidente do PL no Rio Grande do Norte, Marinho afastou-se de Brasília para se dedicar às eleições municipais. Segundo aliados, o senador deveria ter “palavra decisiva” na formação das chapas no estado. Ex-ministro do governo Bolsonaro, Rogério Marinho (PL-RN) está afastado desde junho. Waldemir Barreto/Agência Senado Recentemente, Marinho também se tornou secretário-geral do PL e deve atuar como coordenador do partido em outros estados do Brasil, especialmente no Nordeste, a pedido da liderança do partido. Este ano, o PL quer fazer o maior número possível de prefeitos e Marinho é visto como um nome que pode reorganizar o partido e focar em um viés programático e ideológico. Augusta Brito (PT-CE) Primeira suplente do ministro da Educação, Camilo Santana, Augusta Brito (PT-CE) assumiu o cargo desde o início do mandato – já que Santana saiu de licença em fevereiro de 2023 para ingressar no governo Lula. Adjunta do ministro da Educação, Camilo Santana, Augusta Brito (PT-CE) está afastada desde abril. Waldemir Barreto/Agência Senado Em abril, ela também tirou licença do Senado para chefiar a secretaria de Articulação Política do Ceará, em um movimento que faz parte da ofensiva do PT para aumentar o número de prefeituras no interior do Nordeste. Augusta assumiu o lugar de Waldemir Catanho, do PT, ex-secretário de Articulação Política do governador Elmano de Freitas (PT). Waldemir deve concorrer à prefeitura de Caucaia (CE). Segunda suplente de Camilo Santana no Senado, Janaína Farias (PT-CE), que agora é senadora no lugar de Brito, também está de olho nas eleições: pretende concorrer à prefeitura de Crateús (CE) e, na opinião de PTistas, o cargo de senadora pode dar projeção à sua candidatura. Nas redes sociais, ela fez uma postagem elogiando o fato de ter apresentado 15 projetos de lei, ou uma proposta por semana, desde que assumiu o cargo de senadora, em 2 de abril deste ano. Carlos Viana (Podemos-MG) Afastado do cargo desde 17 de julho, Carlos Viana (Podemos-MG) é pré-candidato a prefeito de Belo Horizonte. Por acordo, a vaga no Senado foi liberada para o primeiro suplente, Castellar Neto (PP-MG), durante o período de campanha. A liberação do substituto também faz parte de um acordo firmado entre os dois e deve durar quatro meses, caso Viana não conquiste a prefeitura de Belo Horizonte. Carlos Viana (Podemos-MG) formou-se e é pré-candidato a prefeito de Belo Horizonte (MG). Waldemir Barreto/Agência Senado Em seu discurso de posse como senador, Castellar Neto agradeceu ao vice-governador de Minas, Mateus Simões (Novo), presente na sessão. Rodrigo Cunha (Podemos-AL) A licença de Rodrigo Cunha ainda não se concretizou, mas é dada como certa pelos aliados. Isso porque o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL), já sinalizou que quer Cunha como vice-presidente. As cadeiras musicais, neste caso, dariam o cargo no Senado à primeira substituta, Eudócia Caldas, que também é mãe de JHC. Rodrigo Cunha (Podemos-AL) ainda não se formou, mas sua saída é dada como certa. Marcos Oliveira/Agência Senado O movimento já gerou atritos com outro personagem importante da política alagoana, Arthur Lira (PP-AL), que deveria ser indicado para vice-prefeito de Maceió. Cunha, que recebeu apoio de Lira na campanha para governador em 2022, se envolveu em uma disputa com Lira durante a votação do projeto que taxava compras internacionais de até 50 dólares. O senador relatou a proposta defendendo a isenção dessas compras, num movimento contrário ao de Lira. O imbróglio pode até se estender até 2026: embora negue publicamente, Cunha poderá assumir a presidência da Câmara caso JHC concorra – e vença – à vaga no Senado na próxima eleição para o cargo. Nesse caso, a disputa poderia ser com Lira, caso o presidente da Câmara pretenda se tornar senador.
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