Durante evento na Zona Norte do Rio com o delegado federal Alexandre Ramagem, pré-candidato a prefeito, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse que todos os seus aliados sofrem perseguições. Sem citar o inquérito da Polícia Federal que apura o uso da Agência Brasileira de Inteligência para espionagem ilegal, afirmou que o atual deputado federal, ex-chefe da Abin, já começou a ‘pagar um alto preço pela ousadia de querer administrar uma cidade com respeito’. Em discurso, Bolsonaro negou estar realizando campanha, proibida até agosto pela Justiça Eleitoral. Ele disse que estava apenas “expondo o que pode ser feito pela cidade”.
Esta foi a primeira aparição dos dois juntos após a divulgação de uma gravação feita por Ramagem de uma reunião em agosto de 2020 em que o ex-presidente e dois advogados de seu filho, Flávio Bolsonaro, discutiram como reunir provas para libertar o senador da as acusações. chamada de “rachadinha”.
Nesta quarta-feira, Ramagem prestou depoimento à Polícia Federal por mais de 6 horas para se explicar sobre a chamada “Abin paralela”. A afirmação faz parte da operação Last Mile, que investiga o possível uso ilegal de sistemas do órgão para espionar autoridades e adversários políticos do governo Jair Bolsonaro.
Segundo o jornal O Globo, o delegado e deputado federal respondeu cerca de 130 perguntas, negando ter ordenado um suposto esquema de monitoramento ilegal e culpando ex-funcionários do órgão.
- Em evento com Ramagem, Bolsonaro diz que aliados sofrem perseguições
Durante seu depoimento, Ramagem atribuiu atividades irregulares de espionagem ao agente Marcelo Araújo Bormevet e ao militar Giancarlo Gomes Rodrigues, ambos designados para trabalhar na Abin durante sua gestão. Em relatório enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a PF destacou conversas entre Bormevet e Rodrigues sobre a criação de dossiês contra autoridades.
Dois dos alvos desses dossiês foram o delegado Daniel Rosa, da Delegacia de Homicídios do Rio, e a promotora Simone Sibilio do Nascimento, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio. Eles lideraram as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco.
Ramagem, porém, afirmou não ter conhecimento de qualquer tipo de monitoramento clandestino de figuras do Legislativo, do Judiciário ou de jornalistas.
O delegado federal também foi questionado sobre o áudio que gravou onde era discutida a investigação envolvendo o senador Flávio Bolsonaro. À PF, o parlamentar disse que o áudio foi feito com anuência do ex-presidente.
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Em meio às investigações da Polícia Federal, Ramagem e Bolsonaro traçaram agendas públicas para tentar mobilizar apoiadores do ex-presidente. Após esse ato, na Zona Norte, os dois estarão juntos amanhã em encontro em Campo Grande, na Zona Oeste.
Também nesta quinta-feira, Bolsonaro foi confirmado para passeio em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, às 17h, município onde apoia o pré-candidato a prefeito Netinho Reis e afirmou ser um novo líder emergente da direita.
“Estou feliz porque novos líderes estão aparecendo por todo o Brasil. Como vocês sabem, Ricolas, Zucco, Sérgio, Netinho aqui, Reis”, diz.
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