Na véspera, a moeda americana fechou a R$ 5,73, maior cotação desde 21 de dezembro de 2021. O principal índice de ações da bolsa fechou em queda de 0,20%, aos 127.395 pontos. Dólar Karolina Kaboompics/Pexels Após fechar o último pregão no maior valor desde 21 de dezembro de 2021, o dólar volta a subir nesta sexta-feira (2), com o cenário de juros ainda no radar. Os investidores refletem sobre os últimos movimentos da política monetária no Brasil e nos Estados Unidos e tentam entender se os juros podem subir aqui e quando devem cair no exterior. Nesse sentido, a atenção do mercado hoje se volta para a divulgação de novos dados de emprego na maior economia do mundo. Veja abaixo um resumo dos mercados. ENTENDA: Copom endurece discurso e deixa a dúvida: a Selic pode subir? ENTENDA: A cronologia da alta do dólar motivada pelos juros nos EUA, o cenário fiscal brasileiro e as declarações de Lula CONSEQUÊNCIAS: A alta do dólar deve pressionar a inflação e impactar o consumo das famílias no 2º semestre, dizem especialistas Dólar Às 9h, o dólar subia 0,54%, cotado a R$ 5,7656. Veja mais citações. Na véspera, a moeda norte-americana subiu 1,43%, cotada a R$ 5,7349. Com o resultado, acumulou: alta de 1,36% na semana; ganho de 1,43% no mês; aumento de 18,18% no ano. Ibovespa O Ibovespa começa a operar às 10h. Na véspera, o índice fechou em queda de 0,20%, aos 127.395 pontos. Com o resultado, o Ibovespa acumulou: queda de 0,08% na semana; queda de 0,20% no mês; perdas de 5,06% no ano. LEIA TAMBÉM 30 anos do Real: como era a vida antes do plano econômico que deu origem à moeda brasileira DINHEIRO OU CARTÃO? Qual a melhor forma de levar dólares em viagens? DÓLAR: Qual é o melhor momento para comprar a moeda? Entenda o que faz o preço do dólar subir ou descer O que movimenta os mercados? Os agentes do mercado financeiro analisam cuidadosamente os resultados das reuniões de política monetária do Banco Central do Brasil e dos EUA. No Brasil, o Copom optou por manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, numa decisão que já era amplamente esperada. O tom da declaração foi mais duro, o que reforçou a perspectiva de que o conselho poderia aumentar novamente as taxas de juros se considerasse necessário. “A situação atual, caracterizada por uma etapa do processo desinflacionário que tende a ser mais lenta, um aumento na desancoragem das expectativas inflacionárias e um cenário global desafiador, exige serenidade e moderação na condução da política monetária”, diz trecho do documento. Em reportagem desta segunda-feira, o g1 mostrou a reação de alguns analistas à afirmação. Para Adriana Dupita, economista de mercados emergentes da Bloomberg Economics, o tom geral do comunicado do Copom foi, na verdade, mais duro do que o da reunião de junho – e em linha com a piora das perspectivas para a inflação. “Mas ainda não foi desta vez que o BC sinalizou que pretende aumentar os juros que o mercado está precificando”, afirma. O especialista afirma que, até a próxima reunião do Copom, em setembro, novas informações relevantes serão divulgadas e apreciadas pelo Comitê. Entre eles, o Orçamento de 2025, a possível nomeação de novos membros para a autoridade monetária e o possível início de cortes de juros por parte do Federal Reserve. “Nesse sentido, o comunicado desta quarta ainda deixa alguma flexibilidade para o BC reagir aos novos dados.” O economista Danilo Passos, do WHG, destaca que a declaração desta quarta mostra que o Copom ainda está um pouco indeciso sobre se realmente precisa ser mais hawkish (no sentido de aumentar os juros). “A declaração tem vários marcadores hawkish [tom mais duro]. Em diversas passagens, o BC fala em monitoramento diligente, em cautela na política monetária. Por outro lado, há sinais de que o mercado esperava, mas não veio”, afirma. Passos destaca, por exemplo, que o texto não mencionava “assimetria no equilíbrio dos riscos por conta da inflação”. “Isso poderia ser um marcador mais claro de que o cenário está, na visão do próprio BC, se deteriorando muito – e que o próximo passo pode ser um aumento nas taxas de juros.” No exterior, a decisão do Fed já era esperada pelo mercado e veio depois de o comitê ter mantido a mesma referência na última decisão, em junho —chegando agora à oitava reunião consecutiva com juros inalterados. O Fed, Jerome Powell, disse que um corte nas taxas poderia ser discutido na próxima reunião, se os dados económicos correrem como esperado. “Uma redução da nossa taxa básica de juros pode estar em discussão na próxima reunião, em setembro”, disse. Powell. “As leituras de inflação do segundo trimestre impulsionaram a nossa confiança e novos dados positivos fortaleceriam ainda mais essa confiança.” Em nota, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) afirmou que, nos últimos meses, houve algum progresso adicional em direção à sua meta de inflação, que é de 2%. Apesar disso, voltou a afirmar que não considera adequado reduzir o intervalo das taxas de juro até ter “maior confiança de que a inflação está a evoluir de forma sustentável” em direção à meta. Segundo o colegiado, a inflação diminuiu no ano passado, “mas continua um pouco elevada”. O FOMC também destacou que está “preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir a realização dos seus objetivos”. Relativamente ao mercado de trabalho, a comissão afirmou que “os ganhos de emprego permaneceram moderados e a taxa de desemprego aumentou, mas permanece baixa”. Afirmou ainda que “os riscos para atingir as suas metas de emprego e inflação continuam a evoluir no sentido de um melhor equilíbrio”. O colegiado considerou, porém, que as perspectivas econômicas são incertas, e que permanece “atento aos riscos para ambos os lados do seu duplo mandato”. Os participantes do mercado acreditam que o corte deverá ocorrer já em Setembro, dado o ambiente inflacionário mais controlado na maior economia do mundo. O PCE — que é o índice de inflação preferido do Fed, pois considera, no seu cálculo, apenas uma cesta de bens e serviços mais utilizados pela população em um determinado período — desacelerou no mês passado para taxa anual de 2,5%, em linha com o projeções. Hoje, o mercado observa os resultados do payroll, o relatório de emprego dos EUA, que mostra o aquecimento do mercado de trabalho e sua potencial pressão sobre a inflação americana. Outra recuperação importante no fortalecimento do dólar advém do agravamento do conflito geopolítico no Médio Oriente. Segundo investigação do “The New York Times” publicada nesta quinta-feira (1º), o chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto não por um ataque aéreo, mas pela detonação de uma bomba escondida em uma base militar em Teerã , Irã, por dois meses. O Irão e o Hamas, além de vários países do Médio Oriente, culparam Israel, que não se posicionou. Hanyieh foi assassinado dentro da residência militar onde estava hospedado. Seu guarda-costas também foi atingido e morreu. O funeral do chefe do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, foi realizado nesta quinta-feira (1º) em Teerã, no Irã, com protestos e promessas de vingança contra Israel. “Perseguiremos Israel até o arrancarmos da terra da Palestina”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros do Hamas, Khalil Al Hayya, que participou na cerimónia. Também esta quinta-feira, Israel anunciou que matou o chefe do braço militar do Hamas, Mohamed Deif. Deif comandou a brigada Al-Qassam, uma espécie de forças armadas do Hamas, e foi um dos terroristas que arquitetou a invasão de Israel em 7 de outubro de 2023. No entanto, Israel não assumiu a responsabilidade pelo assassinato de Haniyeh. Na quarta-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse apenas que o seu país desferiu “golpes esmagadores” nos aliados do Irão, mas não mencionou o chefe do Hamas. “Várias companhias aéreas americanas estão cancelando voos para Tel Aviv, há uma escalada de tensão por lá. Na minha opinião, [a alta do dólar] Não é um fenômeno brasileiro, até porque esta manhã a curva de juros estava caindo. Esse movimento começou a piorar esta tarde”, afirma Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
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