As condições físicas podem ser influenciadas ou agravadas por fatores psicológicos como estresse, ansiedade e emoções negativas. Como o caso do homem com 98% do corpo sofrendo de vitiligo, que terminou o relacionamento e as manchas desapareceram. Ao detectar o problema, ele recuperou a pigmentação da pele Arquivo pessoal O tema saúde mental está em alta, mas você sabe como os problemas psicológicos podem impactar no corpo? Quando a cabeça não está bem, ele pode sofrer as consequências de doenças psicossomáticas. Os mais comuns: psoríase, enxaquecas, além do vitiligo, cujo Dia Mundial é nesta terça-feira (25). Clique aqui para acompanhar o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. A psicóloga clínica Carla Ribeiro de Oliveira explicou ao g1 que as doenças psicossomáticas são condições físicas influenciadas ou agravadas por fatores psicológicos, como estresse, ansiedade e emoções negativas. Como é o caso, por exemplo, do industrial, de 54 anos, que teve 98% do corpo com vitiligo e recuperou 93% da pigmentação da pele assim que se divorciou. O dermatologista Paulo Luzio, especialista na doença e médico do homem, disse que a separação foi um fator determinante na recuperação, já que a condição física foi influenciada por um fator psicológico. Outros fatores Mas não é apenas o emocional que conta. Segundo a psicóloga e neurocientista Leninha Wagner, de 56 anos, outros fatores também podem potencializar o desenvolvimento e o fim de uma doença psicossomática, como a herança genética e os hábitos alimentares e sociais do paciente. Leninha usou a própria vida como exemplo. A árvore genealógica da especialista é composta por quatro avós, seu pai e uma irmã que faleceu em decorrência de um câncer, ou seja, a doença está presente na genética da família. O neurocientista, porém, sempre manteve uma alimentação saudável e uma rotina de exercícios. Em 19 de dezembro de 2020, seu marido faleceu em decorrência de um acidente de trabalho. Uma semana depois, Leninha descobriu um câncer de intestino em estágio avançado. Leninha descobriu o câncer uma semana após a morte do marido. Arquivo pessoal Hoje, ela está em remissão. Mas ela entende que o luto fez com que a doença se manifestasse. “Está ficando cada vez mais claro que não basta ter saúde para ser feliz. É justamente o processo oposto. É preciso ser feliz para se manter saudável”, afirmou o neurocientista. A pedido do g1, a psicóloga Carla listou as condições físicas mais comuns entre as doenças psicossomáticas: Doenças autoimunes: o estresse crônico pode desempenhar um papel na ativação ou agravamento de condições autoimunes, como artrite reumatoide, lúpus e intestino irritável. Enxaqueca: Uma forma de dor de cabeça recorrente que pode ser desencadeada por estresse emocional, ansiedade e tensão. O neurologista Eduardo de Almeida Guimarães Nogueira acrescentou que a enxaqueca crônica é caracterizada por mais de 15 crises de dor de cabeça por mês. Segundo ele, as condições psicológicas podem intensificar e aumentar a frequência das dores. A psoríase provoca o aparecimento de manchas e provoca coceira intensa e descamação da pele. Arquivo pessoal via BBC “Indivíduos com dor crônica tendem a ser mais propensos à catastrofização [pessoa que só prevê desastres], além de serem mais suscetíveis a transtornos de ansiedade e depressão”, afirmou o especialista. Problemas respiratórios: Asma e bronquite podem ser influenciadas ou agravadas por emoções negativas e intensas, além de situações de estresse ou ansiedade. Doenças cardiovasculares: Estudos sugerem uma conexão entre estresse crônico e doenças cardíacas, incluindo hipertensão e doença arterial coronariana: Condições como eczema, vitiligo, psoríase e dermatite atópica podem piorar quando o paciente apresenta problemas psicológicos de dentro para fora e são influenciados por aquilo que ocorre. é absorvido de fora Por exemplo, a psoríase, uma condição na qual as células da pele se acumulam e formam flocos e manchas secas que causam coceira, é chamada de pele emocional. % do corpo com vitiligo. Arquivo pessoal Distúrbios gastrointestinais: como gastrite nervosa, por exemplo. , decorrentes do estresse crônico, são comuns os problemas intestinais. Distúrbios do sono: A insônia e outros distúrbios podem ser facilmente influenciados por preocupações, ansiedade e estresse emocional. Dor e tensão muscular: O estresse e a ansiedade podem causar dores musculares, especialmente no pescoço, ombros e costas. Além do desencadeamento, Leninha explicou que problemas psicológicos podem piorar o quadro do paciente. “O estresse, a ansiedade e principalmente a depressão, quando os níveis de serotonina da pessoa diminuem, pioram muito o quadro. […]. A neuroquímica não fica no cérebro. Vai para a corrente sanguínea e diminui a nossa imunidade”, explicou o especialista. Mas, existe tratamento? Segundo os psicólogos, o tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar, que trabalha os sintomas físicos e psicológicos com especialistas de cada área. quando se trata de questões psicossomáticas ou psicológicas, pode não ser a melhor palavra. A memória de um evento estressante não pode ser apagada […]. Mas o sofrimento que foi gerado aos poucos vai diminuindo e ganhando outro significado”, afirmou Carla. Leninha acrescentou ainda a importância de entender que as doenças psicossomáticas são condições físicas reais. […]. A doença que mais contamina é a emoção”, afirmou. Vitiligo O Dia Mundial do Vitiligo é comemorado nesta terça-feira (25), como forma de aumentar a conscientização mundial sobre a doença. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), pesquisas indicam que o A doença atinge 1% da população mundial. No Brasil, mais de 1 milhão de pessoas convivem com ela. O principal sintoma associado ao vitiligo são manchas despigmentadas na pele, mas o paciente também pode apresentar sensibilidade ao sol e alterações nos cabelos. , mucosas e unhas O diagnóstico é clínico, feito pelo dermatologista. O quadro, porém, nem sempre é psicossomático. As outras circunstâncias em que o vitiligo pode aparecer são: Doença autoimune: a mais comum, em que o sistema imunológico ataca de forma equivocada. detectar melanócitos Genética: pessoas com histórico familiar têm maior probabilidade de desenvolvê-lo Fatores ambientais: exposição a substâncias químicas Neuroquímica: segundo estudos, desequilíbrios neuroquímicos no cérebro podem influenciar a função dos melanócitos Paciente, que teve 98% do corpo com vitiligo , ele ficou com 5% após o término do relacionamento Arquivo pessoal Relembre o caso O homem, que pediu para não ter a identidade revelada, explicou ao g1 que as manchas começaram a aparecer em 2007, quando ele estava casado com a ex-mulher há sete anos, com quem teve dois filhos, de 18 e 22 anos. Em 2009, consultou o especialista Paulo e descobriu que o vitiligo poderia estar associado a um problema psicológico. Na época, o homem disse que analisou a própria vida e identificou que a ex-companheira lhe causava ansiedade, nervosismo e agonia. Segundo ele, a mulher era ciumenta e desconfiada. “O casamento tinha, agora sei, traços de toxicidade”, disse ele. Ele acrescentou ainda que começou a notar que as manchas pioravam quando ele desentendia-se com a ex-mulher. Apesar de já ter identificado o gatilho, o homem explicou que o divórcio não foi uma decisão fácil, principalmente por causa dos filhos. Ele ficou com sua ex-mulher por anos. Mas, em 2022, entendeu que não teria outra opção. Um mês após o fim do casamento, segundo a dermatologista, quase todas as manchas da paciente desapareceram. O homem, que tinha 98% do corpo com vitiligo, tem apenas 5%. As manchas podem desaparecer? Por meio de exames, o dermatologista Paulo Luzio explicou que é possível identificar se a pele tem capacidade de recuperar a cor com medicamentos. Se a resposta for negativa, ainda há chances de reverter através de cirurgia. “O que vai estimular as células a funcionarem será o tratamento clínico. A cirurgia é como plantar sementes com células pigmentares onde não há pelos, e elas vão proliferar, recuperando a cor”, explicou. Segundo a especialista, a principal forma de recuperar a cor é a partir dos cabelos dentro das manchas. Por esta razão, em algumas áreas só é possível através de intervenção cirúrgica. São eles: Lábios Mamilo Aréola mamária Ponta do cotovelo Articulações das mãos e dedos Tornozelo Dorso dos pés e dedos Região genital, onde não há pelos O dermatologista destacou que cada paciente é único e, por isso, uma série de fatores precisam ser considerados. analisado para definir um tratamento. No entanto, acrescentou que o apoio psicológico é essencial. VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos
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