Tempestades e inundações deixaram 179 mortos, mais de 800 feridos e 34 desaparecidos. Mais de 2,3 milhões de pessoas foram afectadas, de alguma forma, pelos impactos das cheias. Ação promovida por plataforma que oferece ajuda na limpeza de casas atingidas aconteceu em Porto Alegre Fabiana Lemos/RBS TV Os temporais e enchentes que, desde o final de abril, causaram 179 mortes no Rio Grande do Sul, completam dois meses neste final de semana. Alguns impactos da tragédia ainda são visíveis no cotidiano da população gaúcha. Acesse o canal g1 RS no WhatsApp O desastre afetou 2,3 milhões de pessoas, deixando mais de 800 feridos e 34 desaparecidos. Quase 7 mil pessoas continuam desabrigadas. Há 80 troços de estradas ainda bloqueados, parcial ou totalmente, o que impede a circulação de pessoas e mercadorias em algumas regiões. Cerca de 37,8 mil alunos ainda estão sem aulas presenciais na rede estadual de ensino. O lixo que se acumulou nas cidades é recolhido. Só em Porto Alegre, 87 mil toneladas de lixo já foram retiradas das ruas. Transfobia ambiental: o que é e qual a relação com as enchentes Turismo pode perder R$ 1,4 bilhão se aeroporto continuar fechado Neste relatório, o g1 mapeia a situação no Rio Grande do Sul dois meses após o início das enchentes. Desaparecidos e desabrigados O Rio Grande do Sul registra 34 pessoas que continuam desaparecidas desde o início do desastre. Os municípios de Serra e Vale do Taquari concentram a maior parte das buscas, que são lideradas por dois comandos do Corpo de Bombeiros Militar. As unidades ficam em Bento Gonçalves e Lajeado. Equipes fazem buscas nas margens dos rios e em locais atingidos por deslizamentos de terra em 17 cidades que ainda procuram moradores desaparecidos após a tragédia. Parte das buscas são feitas às margens dos rios, onde os militares realizam uma espécie de marcha. Nos rios, embarcações equipadas com sonares mapeiam o que está abaixo das águas. 34 pessoas continuam desaparecidas após enchente O Rio Grande do Sul ainda registra moradores de rua, ou seja, aqueles que tiveram que sair de casa e só encontraram abrigo em espaços públicos ou mantidos por voluntários. Atualmente, 6.959 pessoas estão em abrigos. No pior momento das enchentes, ainda em maio, o estado contava com 78 mil pessoas atendidas em academias, salões e armazéns improvisados. Porto Alegre é a cidade com mais abrigos em funcionamento, 36 localidades, e a maior população atendida, 1,5 mil pessoas. Há também moradores de rua em Canoas e São Leopoldo, na Região Metropolitana, e em cidades dos vales, como Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, Lajeado e São Sebastião do Caí. Além dos abrigos, existem as chamadas “cidades temporárias”, construídas pelo governo do estado em parceria com entidades e a iniciativa privada, para acolher moradores de rua na Região Metropolitana. Em Canoas, a Organização das Nações Unidas (ONU) doou estruturas para acolher a população fora de casa. “Proporciona privacidade, dignidade e aquilo que chamamos de proteção. O que seria essa proteção? É a garantia da segurança das pessoas, a garantia de que elas se sintam acolhidas”, afirma o oficial de planejamento de abrigos do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados ( ACNUR), Patrícia Monteiro. Veja como é a ‘moradia temporária’ para moradores de rua no RS Estradas bloqueadas e comunidades isoladas O estado teve 80 trechos de estradas bloqueados desde o início dos temporais. Nas rodovias federais, são 21 pontos, sendo seis com fechamento total e 15 com interrupção parcial. Nas rodovias estaduais, são 59 trechos, sendo 25 totalmente bloqueados e 34 parcialmente bloqueados desde a publicação deste relatório, em 29 de junho. No Vale do Rio Pardo, uma das primeiras regiões afetadas pelos temporais, estradas em condições precárias dificultam o escoamento da produção agrícola. Algumas comunidades estão isoladas. Para chegar à comunidade de Rebentona, em Candelária, é preciso atravessar uma ponte pênsil. Mais à frente, apenas picapes ou tratores poderão circular na estrada. O município não registrou nenhuma morte por causa das chuvas, mas a força dos rios da região levou pontes, passarelas e até pessoas. O agricultor Guilherme Norberto Gewehr tem dificuldade para transportar o arroz que sobreviveu à enchente em sua propriedade “Tudo é muito precário, não tem acesso, só pela ponte. ” , diz. Moradores do Vale do Rio Pardo ainda estão isolados ou têm estradas precárias. Na mesma região, duas comunidades estão isoladas em Sinimbu. As pontes que faziam a ligação entre as comunidades já não existem e a estrutura provisória construída pelo Exército também foi arrastada pelo rio. Uma espécie de tirolesa foi montada pelos moradores, que tentam improvisar no transporte de objetos entre uma margem e outra do rio. “Às vezes alguém chama: ‘olha, tenho uma coisa para passar para o outro lado’. Estamos lá para ajudar”, comenta o agricultor Reinvaldo Henks. Moradores transportam objetos em ‘tirolesa’ pelo rio em Sinimbu Reprodução/RBS TV Escolas fechadas e aulas online Dos 741,8 mil alunos da rede estadual de ensino, 37,8 mil estão sem aulas presenciais (entre eles, 4,6 mil fizeram não retomar nem mesmo as aulas virtuais). Na Escola Estadual Cândido Godói, em Porto Alegre, tudo foi derrubado pela água, que atingiu 1,7 metro de altura. Agora que a lama secou, a equipe separa os escombros para iniciar a limpeza. Entre os itens separados para o lixo estão os livros. O que não molhou ficou mofado. As aulas estão sendo realizadas online e o calendário acadêmico deverá ser repensado, segundo a vice-diretora, Maria Luiza de Castro. “Estamos fazendo aulas com os alunos, aulas online. Estávamos, por exemplo, finalizando o primeiro trimestre”, diz. Escolas atingidas por enchentes no RS Pais dos 320 alunos estão preocupados com a lacuna no aprendizado. O filho de Clarice Dal Médico está no 2º ano do ensino médio e se prepara para cursar informática. “Por mais que tenhamos alunos atendidos pela escola com aulas online, aulas postadas nas salas de aula, aulas via Meet [aplicativo de videochamadas], mas ele precisa da sala de aula, a questão da convivência também ajuda no aprendizado”, comenta. Mesmo com a possibilidade de ensino remoto, alguns alunos não conseguem acessar as aulas pela internet. “Muitos alunos dependem de dados móveis do celular , uma vez que várias famílias ainda estão desabrigadas, perderam suas casas, e não têm serviço de internet disponível em suas residências. Então a escola ainda oferece [conteúdo], mas não sabe se está chegando aos alunos”, explica o vice-diretor, Mário Antônio da Silva. A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) afirma ter liberado “a parcela extra de autonomia financeira para as escolas contratarem limpeza serviços” da escola Cândido Godói. Ele afirmou ainda que “o governo liberou 6 milhões de reais para compra de móveis e as entregas começaram na semana passada.” em algumas ruas. Há móveis e objetos que foram danificados ou perdidos na enchente, além Ao lodo acumulado e ao lixo normalmente varrido pela cidade, já foram recolhidas 87.385 toneladas de resíduos deixados nas calçadas. Segundo a autarquia, é suficiente para abastecer 29.200 camiões. “É rua a rua”, afirma o fiscal da cidade. uma das equipes de limpeza, Vilmar Custódio da Rosa, “bota-espera”, onde o lixo é acumulado antes de ser recolhido e enviado para um aterro na cidade vizinha de Gravataí. Lixo coletado por máquinas em Porto Alegre Reprodução/RBS TV Conheça o. histórias das vítimas das enchentes ‘Eles viveram a vida inteira um pelo outro’, diz filha de agricultores que morreram nas enchentes no RS ‘Quando vejo um pôr do sol colorido, imagino que ela está escolhendo as cores’, diz o viúvo da vítima ‘Ele se afogou e ficou duas semanas nas águas podres esperando ser encontrado’, diz filha da vítima Família revive luto após morte na enchente em São Jerônimo; primogênito morreu afogado em 1996 ‘Ele dizia para todo mundo que ia ser avô’, diz filha de vítima da enchente em Canoas Criador de vacas leiteiras, devoto e personagem de livro: quem foi a mulher centenária vítima da enchente Pai, mãe e filha de 27 anos morreu em deslizamento VÍDEOS: Tudo sobre o RS
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