O número inclui pacientes de 0 a 19 anos, mas crianças de 5 a 6 anos são as mais afetadas. Medicamentos e produtos de limpeza encabeçam a lista de agentes envolvidos nos incidentes. Imagem mostra mão segurando dezenas de comprimidos e pílulas REUTERS/Srdjan Zivulovic O Em um ano, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da Unicamp atendeu 3,2 mil crianças e adolescentes por contato inadequado com substâncias químicas. Segundo a pesquisa, 65,4% dos incidentes envolveram medicamentos (veja gráfico abaixo). O número, enviado a pedido do g1, leva em consideração pacientes de 0 a 19 anos que procuraram atendimento entre julho de 2023 e junho de 2024. Segundo a pediatra Camila Prado, dentro desse grupo, a faixa de 5 a 6 anos é a mais afetada . (Veja no final deste relatório orientações sobre como evitar um acidente deste tipo e o que fazer caso ele ocorra). Participe do canal g1 Campinas no WhatsApp. O índice refere-se a exposições e não necessariamente a intoxicações. Ou seja: a exposição é o contato inadequado, que pode causar sintomas leves – como quando uma criança ingere um produto de limpeza e vomita. Essa exposição pode ou não evoluir para intoxicação, que é mais grave. “Em caso de intoxicação, podem ocorrer queimaduras no trato gastrointestinal, dependendo do produto. Então o vômito pode ser um sinal de gravidade, o que leva à cirurgia. Durma também. Não é sonolência, mas se você entrar em coma por causa de remédios, precisa de cuidados intensivos”, afirma Camila. Além dos medicamentos, os produtos de limpeza também aparecem com destaque na pesquisa. Representam 16,2% do total de ocorrências, seguidos por outros produtos químicos residenciais ou industriais, com 11,8%. Vale destacar: a exposição a essas substâncias pode ter ocorrido de forma isolada ou através da combinação de dois ou mais produtos. Sintomas mais comuns Considerando um período mais longo, de janeiro de 2023 a junho deste ano, foram 4,6 mil consultas. A reportagem perguntou ao CIATox quais eram os 10 sintomas pós-exposição mais relatados – e podem aparecer de forma isolada ou acompanhados de outras manifestações. O vômito é o mais recorrente, presente em 23,9% das consultas, ao lado da sonolência, com 22,5%. Dor de cabeça e tontura não ultrapassaram 3,9%. Veja a lista completa no gráfico abaixo: “A minoria apresenta sintomas graves, que exigem maiores cuidados. A maioria dessas exposições, aliás, acaba evoluindo bem. Por serem exposições acidentais, na maioria das vezes, em pequenas quantidades, são casos leves e sem muita repercussão. É claro que, eventualmente, há um envenenamento grave.” “Existem medicamentos que mesmo em pequenas quantidades são graves, existem produtos de limpeza doméstica que, mesmo em pequenas quantidades, podem ser graves. Então, depende muito do que ela foi exposta”, comenta o médico do CIAtox. Manter fora do alcance das crianças Camila afirma que a maioria dos casos ocorre pela associação entre a curiosidade das crianças e o descuido em deixar essas substâncias acessíveis. “Tinha um comprimido fora do lugar, a criança encontrou e tomou. O produto de limpeza, às vezes fica num armário baixo e as pessoas colocam numa garrafa plástica, refrigerante, e a criança bebe”. Exatamente por isso, a prevenção é fundamental. O primeiro passo, segundo o especialista, é levar mais a sério a recomendação de manter esses produtos fora do alcance das crianças, indicada nos rótulos das embalagens. O médico também faz as seguintes recomendações: não deixe medicamentos espalhados pela casa: guarde esse tipo de produto de forma organizada e inacessível às crianças; armazenar produtos de limpeza e outras substâncias químicas em locais fechados, fora da vista e em alturas que a criança não alcance; Manter substâncias químicas na embalagem original: guardá-las em uma garrafa de refrigerante, por exemplo, pode levar a criança a pensar que o produto pode ser ingerido. O que fazer em caso de exposição Em casos de suspeita ou confirmação de contato inadequado com esses produtos, como ingestão, a recomendação é procurar um pronto-socorro ou ligar para o CIATox, que poderá orientar sobre o que fazer. O atendimento é realizado 24 horas por dia através dos telefones: (19) 3521-5555 (19) 3521-6700 (19) 3521-7277 (19) 3521-7660 “Se precisar ir a um serviço de saúde, leve o produto, leve uma foto da etiqueta. Isso nos ajuda muito. Toma o remédio, se você acha que a criança tomou o remédio, para a gente ver quantos miligramas, quantos comprimentos faltam”, destaca Camila. “Quanto mais informações tivermos sobre a exposição, melhor poderemos cuidar dela. Não precisamos continuar tentando antecipar o pior cenário. Podemos realmente entender o que aconteceu.” O pediatra também orienta sobre o que não fazer nessas situações. “Nunca induza o vômito em casa. Antigamente dizia-se que induzia o vómito, para dar leite. Dependendo da situação, isso pode piorar. Em caso de dúvida, não faça nada, não provoque vômito e tente entrar em contato com um centro de controle de intoxicações.” Unicamp alerta para casos graves de intoxicação infantil por descongestionantes nasais VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.
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