Corpo de jornalista Sérgio Cabral é velado na sede náutica do Vasco nesta segunda (15) | Rio de Janeiro

Cabral estava internado há três meses em um hospital da Zona Sul da capital fluminense devido a enfisema pulmonar. Ele também sofria de Alzheimer.

O jornalista foi um dos fundadores do jornal O Pasquim, símbolo da resistência durante a ditadura militar. Essa ação levou à sua prisão em 1969, mas também consolidou a reputação de Sérgio Cabral como defensor da democracia e da cultura brasileira.

Relembre a trajetória de Sérgio Cabral

Sérgio de Oliveira Cabral Santos nasceu no Rio de Janeiro e iniciou sua carreira aos 20 anos como repórter policial dos Diários Associados. Ao longo de sua vida, destacou-se como escritor, compositor e cronista, sendo figura central na documentação e valorização da Música Popular Brasileira, especialmente do samba.

No velório, o ex-governador Sérgio Cabral Filho relembrou o legado do pai, também como jornalista esportivo, e sua atuação durante a ditadura.

“Na primeira década de carreira, ele foi um jornalista esportivo de grande destaque. Minha lembrança do Maracanã com ele é abordada o tempo todo: ‘Ei, Cabral, fala depois que o Vasco, não sei o quê, dá tão- e-então uma bronca, homenageia Beltrano’ Então, ele era um cara múltiplo. Ele era dono do Pasquim, o jornal que, por assim dizer, bagunçou o coreto da ditadura. Então, uma pessoa de grande intelectualidade, pessoal, moral. valor.”

Apaixonado pelo samba, Cabral criou o musical “Sassaricando: e o Rio inventou uma marchinha”, em parceria com a historiadora Rosa Maria Araujo. Também colaborou com o maestro Rildo Hora e publicou biografias detalhadas de grandes nomes da música brasileira, como Tom Jobim, Pixinguinha e Nara Leão.

Também fez carreira política, sendo vereador no Rio de Janeiro por três mandatos consecutivos, entre 1983 e 1993, e também vereador do Tribunal de Contas da cidade até se aposentar em 2007.

Jornalista deixa legado ‘notável’, diz Lula

Nas redes sociais, o presidente Lula afirmou que Sérgio Cabral escreveu uma página importante da cultura do país e que deixa um legado notável para as gerações brasileiras. A viúva do jornalista também falou um pouco sobre como era o marido, além de detalhar os últimos anos e meses de sua vida.

“Ele era um homem inteligente, ativo, honesto, de bons princípios, muito alegre, feliz, um vascaíno. Deixou o legado do Vasco para todos nós. Disse que queria viver até os 120 anos, mas, infelizmente, teve uma forte pneumonia uma semana depois do Carnaval e, desde então, sua saúde estava péssima e ele não se recuperou desde então.