Antes de ser diagnosticada com neuralgia do trigêmeo, Carolina era apaixonada por atividades ao ar livre, gostava de churrasco, andava de moto, estudava e cuidava de animais. ‘Eu estava feliz. Eu amava a vida”, diz ela. Carolina Arruda é moradora de Bambuí onde iniciou o curso de medicina veterinária, mas teve que parar para tratar a nevralgia. Carolina Arruda / Arquivo Pessoal Aos 27 anos, Carolina Arruda vive uma realidade que nunca imaginou antes. Com neuralgia do trigêmeo, doença que causa a “pior dor do mundo”, ela teve que abrir mão de quase tudo que fazia parte de sua vida antes da doença. Ao g1, a jovem que mora em Bambuí, no Centro-Oeste de MG, contou como a condição mudou completamente seu cotidiano e suas perspectivas de vida, há 11 anos. “Sempre fui cheia de sonhos, projetos e planos. A nevralgia tirou tudo de mim. Eu era feliz. Amava a vida”, disse ela. Receba notícias do Centro-Oeste de MG no WhatsApp Jovem que tem a doença com as piores dores do mundo relata rotina Como era Carolina antes da nevralgia Sempre ativa e animada, é assim que Carolina Arruda descreve sua vida antes do doença Carolina Arruda/ Arquivo Pessoal Carolina sempre foi ativa e cheia de energia. Ela adorava exercícios e atividades ao ar livre, como andar de bicicleta. Porém, com o tempo, as limitações fizeram com que ela perdesse o gosto pela vida. “Andar de bicicleta era uma paixão, mas a brisa me machucava. Até o vento da bicicleta virou um tormento; o capacete apertava e machucava”, lembra Carolina. Além das atividades ao ar livre, Carolina teve que abrir mão de prazeres simples, como comer o que gostava. “Gostaria de comer torresmo, algumas carnes… mas não posso mais, porque mastigar demais me dá dor. Sou apaixonada por churrasco, mas tenho que mastigar mais de três vezes e qualquer coisa que me faça mastigar demais causa dor.” Desde pequena, Carolina Arruda é apaixonada por animais Carolina Arruda/Arquivo Pessoal Desde pequena, Carolina é apaixonada por animais, por isso decidiu estudar medicina veterinária, seguindo os passos dos pais. “Desde pequeno convivo com animais e sempre adorei animais exóticos. Tive uma cobra, um gambá e um dragão barbudo. Meu pai ficou com meu dragão, minha cobra e meu gato”. A paixão pela leitura também se tornou um desafio. “Hoje, se você passar mais de um minuto lendo, é um martírio.” Carolina Arruda com os pais Carolina Arruda / Arquivo Pessoal Agravamento das dores As dores começaram a aparecer aos 16 anos, quando ela estava grávida e se recuperando da dengue. O diagnóstico da doença foi feito há 7 anos pelo neurocirurgião Marcelo Senna, que tem mais de 30 anos de experiência com neuralgia do trigêmeo. Antes do diagnóstico, ela consultou 27 médicos. Há quase um ano, as dores pioraram significativamente, impedindo Carolina de continuar os estudos e obrigando-a a interromper o curso de veterinária no 9º período. “Tentei ir a algumas aulas, mas acabei passando mal e tive que ir ao hospital”. Entre as muitas perdas, a mais dolorosa para ela foi não poder criar a filha, que hoje tem 10 anos e mora a mais de quatro horas de distância dela, na casa da bisavó. “Perdi tudo que tinha, inclusive minha filha, porque não pude cuidar dela. Foi a maior perda da minha vida: não poder criar minha filha. -avó, pois eu não conseguia nem segurá-la no colo.” Tratamento Saiba como será o tratamento para aliviar os sintomas de uma jovem com a doença ‘pior dor do mundo’ Carolina Arruda/Arquivo Pessoal Carolina está internada há mais de 10 dias na Santa Casa de Alfenas, onde está sendo submetida a uma série de protocolos que visam reduzir a dor que sente. Todo o tratamento foi oferecido gratuitamente a ela pelo médico Carlos Marcelo de Barros, presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED). Saiba como será o tratamento. Na quinta-feira (18), ela recebeu o título de “Guardiã da Esperança na luta contra a dor”. Segundo Carlos Marcelo, o título é um reconhecimento à visibilidade que Carolina trouxe aos brasileiros que sofrem com dores crônicas, mostrando que há esperança para aliviar cada caso. Carolina está internada na Santa Casa de Alfenas, onde passa por uma série de protocolos Carolina Arruda / Arquivo pessoal O que é neuralgia do trigêmeo? Neuralgia do trigêmeo, também conhecida como “doença do suicídio”, e comparada a choques elétricos e até facadas. O trigêmeo é um dos maiores nervos do corpo humano. Leva esse nome porque é dividido em três ramos: o ramo oftálmico; o ramo maxilar, que acompanha a mandíbula superior; o ramo mandibular, que acompanha a mandíbula ou maxilar inferior. É um nervo sensorial, ou seja, controla as sensações que se espalham pelo rosto. Permite, por exemplo, que as pessoas sintam toque, picada e dor no rosto. A doença geralmente afeta um lado do rosto. Em casos mais raros, pode afetar ambos — como é o caso do estudante de veterinária. Segundo especialistas, as dores causadas pela doença são uma das piores do mundo. Não é constante fora das crises, mas é desencadeada por alguns gatilhos que, na verdade, fazem parte do dia a dia, como falar, mastigar, tocar ao escovar ou fazer a barba e até a brisa no rosto. A dor é incapacitante. Ou seja, impede que a pessoa consiga realizar atividades simples do dia a dia. Carolina Arruda tem neuralgia do trigêmeo Carolina Arruda/Arquivo pessoal Acompanhe o g1 Centro-Oeste MG nas redes sociais: Instagram, Facebook e Twitter Receba novidades do g1 Centro-Oeste MG no WhatsApp VÍDEOS: veja tudo sobre Centro-Oeste de Minas
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