Na economia da atenção, quem detém mais lucra mais. Vivemos um momento de aceleração não só dos áudios do WhatsApp, mas também da arte e do entretenimento como um todo. Assistimos filmes e séries em velocidade x2 e também ouvimos músicas mais curtas e com melodias mais repetitivas.
Percorrendo o feed do tiktok ou reels, ouvimos a mesma música em loop, ficamos presos a uma pequena parte dela ou a uma versão, tornando toda a experiência de ouvir música modificada. Estamos preparados para tanta aceleração.
Uma nova forma de consumir e produzir música
A mídia social está mudando a maneira como consumimos música. O Tiktok e o Instagram, inicialmente criados para compartilhamento de fotos e vídeos, são os grandes responsáveis pela mudança de cenário. Com vídeos curtos, entre 15 e 60 segundos, as músicas utilizadas nos vídeos virais aumentam o alcance e o engajamento dos perfis, reproduzindo a mesma parte das músicas em loop. As próprias plataformas entenderam que a conexão com a música é fundamental para identificar usuários e aumentar visualizações, adaptando e criando novas ferramentas de edição de áudio em aplicativos, facilitando cortes e remixes. De acordo com uma reportagem da BBC, os criadores de conteúdo mudam as músicas em cerca de 20 a 30%, tornando conhecida apenas uma parte (ou uma versão) de uma música.
Acelerar as músicas é uma das principais mudanças feitas pelos criadores. Numa tendência global, aplicativos como Whatsapp e Netflix têm possibilitado ouvir áudio e assistir filmes em velocidade x2. Neste contexto, também podemos ouvir música e podcasts em velocidade acelerada, o que muda completamente a experiência de ouvir música.
As montagens ou MTGs são outra modificação musical fundamental para a compreensão deste cenário. Montagens são versões de músicas já existentes, geralmente com inserção de elementos eletrônicos, acelerando ou diminuindo a velocidade das músicas. Os MTGS são líderes nas paradas de streaming, misturando funk, música eletrônica e MPB. Um dos sucessos mais ouvidos do MTGS é a versão de “Quem não quer sou eu”, de Seu Jorge, que promoveu movimento em uma música que já não rendeu muito ao artista. Músicos como Alceu Valença e Caetano Veloso também estiveram na lista dos escolhidos para terem suas músicas modificadas pelos MTGs.
Leonardo Edde, presidente do Conselho Empresarial das Indústrias Criativas da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), em entrevista a Kamille Viola, entende que “Na criação musical ou audiovisual, se você acelerar, você está mudando”. o conceito desse criador, desse criador. Então, em termos de fruição do conteúdo artístico, entendo que é uma destruição daquilo que ali foi criado”, argumenta. “Por outro lado, depende também da compreensão de cada um. Tinha gente que gostava quando tinha resumo de novela, por exemplo: preferia ver o resumo da novela do que os capítulos. É difícil criticar a evolução da tecnologia e as possibilidades de desfrutar de conteúdos.”
Na economia da atenção, músicas curtas ou cortadas fazem mais sucesso, fazendo com que os próprios produtores musicais e artistas modifiquem as peças originais. Se a música é produzida apenas para causar uma identificação superficial e prender o ouvinte às telas do telefone, é possível que isso também esteja mudando a nossa subjetividade. Agora com músicas curtas, de até 1 minuto e meio de duração e com o lançamento de singles em vez de álbuns inteiros, estamos prestando pouca atenção, com o perdão do trocadilho, às músicas que ouvimos.
Os produtores musicais acreditam que a tendência geral de acelerar e modificar a música com o propósito de se tornar viral pode produzir uma homogeneização dos sons que ouvimos. Repetindo a criação industrial dos jingles, os artistas estão criando em formatos pré-fabricados, com melodias que podem ser repetidas indefinidamente e podem ser coreografadas, sendo este último um dos principais conteúdos do tiktok desde a sua criação. Além disso, a diversidade entre as músicas sugeridas pelos algoritmos pode estar em risco, pois as plataformas tendem a sugerir músicas semelhantes.
Se, por um lado, a era das plataformas digitais alterou a distribuição musical, fazendo com que os artistas independentes ocupassem um espaço antes indisponível, também é verdade que a era da democratização da Internet foi dominada pelos monopólios. Em vídeo publicado em seu perfil no Instagram, o produtor musical Felipe Vassão, de 30 anos, defende que um artista tem que contar com a sorte do algoritmo para colocar sua música em uma playlist de tendências. Caso isso não aconteça, o artista lançará músicas que poucos ouvirão. Vassão destaca a parceria entre o Spotify e grandes gravadoras, revelando o suposto ar de espontaneidade das músicas mais tocadas. A plataforma cobra para colocar uma música no ar e também cobra para entregar a mesma música aos ouvintes pagantes.
Artistas antigos, novos formatos
Apesar de todas as críticas feitas sobre a mudança na forma como ouvimos e consumimos música, alguns produtores acreditam que as redes podem promover mudanças nas carreiras de artistas que foram esquecidos – ou pelo menos foram pouco ouvidos pelos mais jovens. MRC Data e Flamingos, grupos de pesquisa e análise, promoveram uma pesquisa em 2022 para entender melhor essa tendência. Segundo eles, 75% dos usuários de plataformas como Instagram e Tiktok afirmam descobrir novos artistas quando as músicas viralizam nas redes sociais.
Não apenas montagens, mas cortes e remixes também podem levantar questões relacionadas a direitos autorais. As gravadoras e distribuidoras entendem que a tendência de proibir poderia gerar um efeito cascata.
Trazer de volta à luz artistas que foram esquecidos ou excluídos, especialmente os mais antigos, é um dos lados positivos de se tornar viral. É o caso de “Escrito nas Estrelas”, gravado por Tetê Espíndola em 1985, que viralizou na voz da ex-jogadora de vôlei e participante de reality show, Marcia Fu. A faixa foi a mais ouvida no Spotify em dezembro do ano passado, o que fez com que o artista quisesse regravar não só o hit, mas outras versões para disponibilizar. A viralidade fez Tetê saltar de 70 mil ouvintes mensais para quase 220 mil perfis por mês.
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