Lula pretende subir em palanques para anunciar investimentos e inaugurar obras ao lado de prefeitos e figuras políticas que tentam conquistar mais prefeituras importantes do que a oposição. Lula fecha 10ª Caravana Federativa no Piauí com investimento em áreas portuárias, transformação digital e transferência de terras Eric Souza/g1 A um mês e meio do início da campanha para as eleições municipais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua com tem como agenda intensas viagens pelo Brasil e entrevistas para rádios locais. Lula pretende subir em palanques para fazer anúncios de investimentos e inaugurar obras, ao lado de prefeitos e outras figuras políticas, na tentativa de conquistar mais prefeituras importantes do que a oposição. Nas últimas duas semanas, Lula esteve no Rio de Janeiro, Fortaleza, Teresina, Recife, Belo Horizonte e Juiz de Fora. Na próxima semana, a maratona por todo o país continua. A agenda inclui eventos públicos em São Paulo, Rio de Janeiro, Feira de Santana, Salvador, Recife, Goiânia e Distrito Federal (DF). Em todos os destinos, o presidente participa de cerimônias de inauguração de obras, unidades habitacionais e anúncios de investimentos. Além de viajar pelo país, o presidente também estabeleceu uma estratégia para conceder entrevistas em rádios locais. Lula chegou a declarar em discursos que essa é uma prioridade da agenda. No evento de inauguração da extensão do metrô e da construção do Instituto Federal de Educação, em São Paulo, o vice-presidente Geraldo Alckmin, ao lado de Lula, explicou a estratégia. Em discurso, Alckmin destacou o fato de o presidente ter percorrido diversas cidades nos últimos dias e continuará fazendo isso nas próximas semanas. “Milton Nascimento disse que o artista precisa estar onde o povo está. O governo precisa estar onde o povo está”, afirmou o vice-presidente. O doutor em ciências políticas pela Universidade de Brasília (UnB), Leonardo Barreto, lembra que essa estratégia teve sucesso nos primeiros governos de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff, mas que hoje “é outro momento”. E, embora Lula fale às rádios locais, pode ser difícil “quebrar os algoritmos das redes sociais”. “Com as redes sociais todos podem editar o material, pode estar dando muita munição e oportunidades de ser criticado. É arriscado a falta de controle que você tem sobre as narrativas criadas a partir da fala dele”, disse. Por outro lado, segundo o especialista, a estratégia pode trazer alguns ganhos para Lula. “Ele pode ganhar mais proximidade, vai conversar com pessoas diferentes. Ele vai para um veículo local, regional, tudo isso vira um grande evento, desperta mobilização, agora, é uma estratégia que não tem o poder que tinha antes. tem com as redes sociais”. Outra abordagem defendida por Lula é estabelecer alianças com partidos e lideranças em locais onde o PT pode não ter candidato próprio. Em discursos recentes, o presidente explicou que um dos seus objetivos é deter a extrema direita. Para tanto, o PT pode até abrir mão de sua tradição histórica de liderar as chapas nas eleições. Alguns exemplos de cidades importantes onde o PT apoiará aliados são: Rio de Janeiro: Eduardo Paes (PSD) São Paulo: Guilherme Boulos (PSOL) Recife: João Campos (PSB) Barreto, o cientista político, acredita que o PT não será capaz de recuperar o espaço municipal que outrora teve. E poderia ser uma boa estratégia para o partido estabelecer alianças com outros partidos. “O PT já tinha mais de 700 prefeituras, hoje não tem 100, não é de uma eleição para outra que você se regenera, não consegue nem formar lideranças suficientes para compensar. partidos para compensar a fragilidade, ele sozinho não recupera a capilaridade para dar sustentabilidade às eleições de 2026”, avaliou. Lula inaugura viaduto Roza Cabinda em Juiz de Fora Proximidade com Pacheco Na última viagem a Minas Gerais, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) acompanhou Lula. Durante as agendas no estado, Lula elogiou o senador e insinuou a possível candidatura de Pacheco ao governo mineiro em 2026. Lula chegou a afirmar que o senador “é a figura pública mais importante de Minas Gerais”. “Tenho dito isso ao Pacheco. Ele só não será candidato se não quiser. Não sei o que ele quer, se quer ser senador, mas considero Pacheco a personalidade mais importante de Minas Gerais. Ele decide o que quer fazer e o que posso dizer é que quero ficar junto.” afirmou o presidente Lula. Minas é o segundo maior colégio eleitoral do país. É estratégico não só nas eleições municipais, mas também nas nacionais. Diálogo com alas conservadoras Outra aposta do governo federal é aproximar-se da ala conservadora da sociedade brasileira. O ministro Silvio Almeida é um dos selecionados para a missão. O Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania conversou com lideranças evangélicas. Na semana passada, ele discursou em um templo religioso em São Paulo. Para Barreto, muitas questões sociais defendidas pelas igrejas também estão sob a égide do Ministério dos Direitos Humanos, como os problemas ligados à violência e à dependência de drogas. “As igrejas também dependem de recursos governamentais, é uma abertura de portas, virando votos para um governo de esquerda. Silvio Almeida foi identificado, como refém de uma agenda mais identitária, ligada ao gênero, esta excursão [diálogo com evangélicos] traz o ministério para pautas que atingem também o público conservador”, destacou. Busca por melhor relacionamento com o Congresso O governo do presidente Lula tem enfrentado crises com o Congresso Nacional. O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), já reclamou da articulação do governo e aprovou pautas que não eram do interesse do governo Segundo Barreto, ao tentar se aproximar da ala conservadora da sociedade, além de tentar conquistar mais votos nas próximas eleições, o presidente também. abre uma porta para o diálogo com deputados da base conservadora e da oposição “Essa mudança também visa dialogar com os deputados. Ainda é um reconhecimento do presidente de que o Brasil é um país conservador, ele está tentando fazer um ajuste no seu discurso. A questão é se ele conseguirá fazer isso mantendo a credibilidade”, acrescentou.
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