O g1 teve acesso a documentos que estavam sob sigilo durante a investigação. Num depoimento à polícia, um funcionário da família disse que Djidja estava fraca e mal conseguia se defender. Djidja, sua mãe Cleusimar Cardoso e seu irmão, Ademar Cardoso. Arquivo Pessoal O ex-Boi Garantido Djidja Cardoso, encontrado morto em maio deste ano, sofreu tortura física da própria mãe, a empresária Cleusimar Cardoso, apurou a polícia. O g1 teve acesso à investigação do caso, que ficou sob sigilo judicial durante as investigações. Cleusimar e Ademar Cardoso, mãe e irmão de Djidja, respectivamente, estão presos desde 30 de maio. As investigações policiais apontaram que a família criou o grupo religioso “Pai, Mãe, Vida”, que promovia o uso indiscriminado da droga sintética cetamina, de uso humano e veterinário. Cadastre-se no canal g1 AM no WhatsApp O documento traz novos depoimentos de testemunhas do caso que ganhou repercussão nacional, inclusive o da empregada doméstica que trabalhava na casa da família Cardoso desde 2022. À polícia, a mulher contou que Cleusimar Cardoso tinha um comportamento agressivo que muitas vezes magoava Djidja, como “bagunçar” o seu cabelo, beliscá-la e torcer-lhe o braço. “Djidja era fraca e mal conseguia se defender e até sempre pedia a Cleusimar para parar com o comportamento que a magoava”, disse ela. Num vídeo anexado ao inquérito, Djidja aparece com um corte profundo no couro cabeludo. As imagens, porém, não deixam claro o que causou o ferimento. Além dos relatos de agressões, o funcionário disse que o uso de drogas sintéticas se tornou frequente ao longo dos anos, assim como o uso do esteroide anabolizante Potenay – preparado químico originalmente utilizado para recuperação física de animais de grande porte. A mulher relatou ainda que era comum ver Djidja e Ademar pedindo analgésicos pelo telefone, logo pela manhã, durante o café. No depoimento, ela revelou que a família tinha um código para encomendar os medicamentos. Quando o medicamento foi adquirido, ele foi dividido: 20ml para Djidja, 20ml para Ademar e 10ml para Cleusimar. A dependência de drogas de Djidja já era conhecida por outros familiares, que denunciaram o caso à polícia um ano antes da morte da ex-mocinha. Segundo os autos, um familiar disse que a empresária não podia receber visitas nem sair de casa, pois estava sempre sob efeito de drogas. “Ela ficou muito dependente, então não conseguia mais viver sem. Várias vezes tentamos fazer alguma coisa, prestamos depoimento na polícia. Porém, a mãe e a equipe nos proibiram de entrar. disse. LEIA MAIS: Caso Djidja: Justiça aceita denúncia contra mãe, irmão, ex-namorado e outras 7 pessoas por tráfico de drogas TCE-AM suspende concursos da Câmara Municipal de Manaus por suspeita de irregularidades Aposentadoria pelo INSS: veja como calcular o valor de o benefício e o tempo de contribuição Caso Djidja Cardoso: a investigação sobre a morte da jovem que ganhou fama como estrela do Festival de Parintins Morte de Djidja Cardoso Djidja Cardoso, empresária e ex-cantora do Boi Garantido, foi encontrada morta no dia 28 de maio, no interior a casa própria, em Manaus. A principal suspeita é que ela tenha tido uma overdose de cetamina. Ela, o irmão e a mãe já eram investigados há mais de um mês por envolvimento em grupo religioso que obrigava ao uso de drogas para alcançar falsa plenitude espiritual. Ampolas da droga foram encontradas na casa onde morava Djidja e nos salões de beleza da família. Dois dias após a morte da ex-senhora, a mãe, o irmão e outros três funcionários da empresária foram presos pela Polícia Civil pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas, e também pelo crime de estupro, em nome de Ademar Farias, irmão de Djidja. No dia 26 de julho, o Tribunal do Amazonas acolheu a denúncia do Ministério Público (MP) contra Cleusimar, Ademar e o ex-namorado de Djidja, Bruno Roberto da Silva, por tráfico de drogas, tornando-os réus. Outras sete pessoas também foram acusadas do crime. Por enquanto, o Ministério Público apenas acusou o grupo de tráfico de drogas. Contudo, o órgão ministerial, através de outros Ministérios Públicos, pode denunciar os envolvidos por outros crimes, como charlatanismo, bruxaria, estupro de vulnerável, organização criminosa, entre outros. Veja abaixo quem são os acusados pelo MP e os crimes pelos quais devem responder: Cleusimar Cardoso Rodrigues (mãe de Djidja): acusada de tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas – presa; Ademar Farias Cardoso Neto (irmão de Djidja): acusado de tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas – preso; José Máximo Silva de Oliveira (proprietário de clínica veterinária fornecedora de cetamina): acusado de tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas – preso; Sávio Soares Pereira (sócio de José Máximo na clínica veterinária): acusado de tráfico de droga e associação para o tráfico de droga – preso; Hatus Moraes Silveira (treinador que se fez passar pela família de Djidja): acusado de tráfico de droga e associação com tráfico de droga – preso; Marlisson Vasconcelos Dantas (cabeleireiro de rede de salões de beleza da família de Djidja): acusado de tráfico de drogas – em prisão domiciliar; Claudiele Santos Silva (maquiadora de rede de salões de beleza da família de Djidja): acusada de tráfico de drogas – em prisão domiciliar; Verônica da Costa Seixas (gerente de rede de salões de beleza da família de Djidja): acusada de tráfico de drogas – presa; Emicley Araújo Freitas (funcionário da clínica veterinária de José Máximo): acusado de tráfico de drogas – em prisão domiciliar. Bruno Roberto da Silva Lima (ex-namorado de Djidja): também acusado de tráfico de drogas – em prisão domiciliar. Imagens mostram as últimas horas de vida de Djidja Cardoso
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