Cantora está animada com sua estreia no Rock in Rio em 2024: ‘Nunca fui antes porque não tinha condições financeiras. Agora vou como artista!’ Se você ainda não conhece Kaê Guajajara, pode anotar esse nome. O maranhense de 30 anos já foi eleito um dos cantores brasileiros mais promissores da atualidade pela revista Forbes. Nascida em Mirinzal, ela e a família se mudaram do território demarcado onde moravam para o Complexo da Maré quando a artista ainda era criança. Na comunidade, ela se encontrou na arte. Hoje canta o que chama de Música Popular Original, misturando ritmos como rap e pop com elementos indígenas. Ela já desenvolveu seu próprio selo artístico, Azuruhu, e tem orgulho de dizer que é indígena da favela. No EXTRA ela relembra o passado e compartilha suas referências. Confira! Viralizou: Ivete Sangalo luta para descobrir o nome de um fã durante show e vira meme Carnaval 2025: Samba da Anitta pela Unidos da Tijuca se destaca entre os concorrentes Kaê Guajajara hoje trabalha com música, palestras e educação artística nas escolas Divulgação/@scarlettrphoto Invadida de diversas maneiras “Em Mirinzal as coisas eram muito escassas. Minha família trabalhava em situações análogas à escravidão, recebendo farinha como pagamento. Além disso, houve conflitos com madeireiros e abusos de diversas formas. Isso nos fez querer sair de lá pensando: ‘Vou para a cidade tentar fazer uma vida melhor’. Mas quando você muda para a favela não é exatamente isso que acontece. Digo que houve uma invasão das terras onde nasci e depois também fui morar na favela”. Novos costumes “Lembro-me de ficar confuso sobre os códigos vivos. Por exemplo: não calçar chinelo com os pés trocados, usar sutiã por baixo da blusa, dar bom dia para as pessoas… Coisas que aprendi na cidade e que são comuns, mas que não existiam em outros lugares para mim. Não foi falta de educação, foi uma outra forma de ver o mundo e conviver com ele.” Texto inicial do plugin Ciente de sua origem “Achei que não teria muitos indígenas na favela, mas me surpreendi quando cheguei. Fiz vários amigos indígenas na Maré, mas nem todos tinham autoestima coletiva. Infelizmente, isso é uma realidade: muitas pessoas sabem que são indígenas, mas acabam não falando sobre isso. Essas histórias foram muito apagadas. Eles pensam: ‘Eu não vim da aldeia, então não posso dizer isso”. Hoje, o próprio IBGE mostra que a maioria da população indígena está nas cidades”’. Estereótipos e expectativas “Estamos tentando fazer o Brasil compreender as realidades indígenas que resistem e ainda existem. Além dos territórios demarcados, existem também outras comunidades. No mundo artístico, agora ando por espaços onde as pessoas não esperariam me ver. E isso gera desconforto. Eles começam a colocar expectativas injustas em mim sobre como eu deveria ser como artista indígena.” Kaê Guajajara com a mãe, Lene Guajajara, e a filha, Diana, de 6 anos Reprodução/Instagram Rap para divulgar “A música entrou primeiro na minha vida de forma espiritual, porque minha mãe e minha avó já cantavam músicas e músicas para mim em Maranhão. Quando cheguei à adolescência, entendi que havia coisas que eu também queria conversar. O rap me deu coragem para trazer à tona questões que precisavam ser expostas e muitas vezes invisibilizadas, como a vivência indígena nas favelas. Quando me apresentei, perguntaram: “Onde fica a sua aldeia? Qual floresta?” Achei importante ressaltar que estava na favela. Só porque colocaram asfalto no chão não significa que ele deixa de ser território indígena. E não deixo de ser indígena porque migrei de um lugar para outro.” Referências “Minha mãe ouvia muito forró, reggae. Meu pai já fazia parte da Legião Urbana, Cazuza. Eu gostava de indie rock, não gostava de ouvir nada do Brasil. Quando adolescente, comecei a gostar de música indiana. Carrego esses gostos na minha arte o máximo que posso, além do canto do meu povo e dos estilos musicais experimentais… continuo fazendo mixagens.” Cantora e compositora Kaê Guajajara em show Divulgação/Beatriz Damy Mãe de mini-diva “Minha filha, Diana, toca piano, dança, está começando a querer cantar… Na minha infância, embora minha mãe me incentivasse muito, meu Pai era mais do tipo que falava: ‘Tem que trabalhar como CLT, participar de concurso’. Na arte, precisamos ter coragem de continuar tentando. Sei que o incentivo é difícil no campo, então faço isso com ela em casa.” Estreia no Rock in Rio 2024 “Ser convidado para cantar no Rock in Rio foi algo incrível. Mas o que mais me chama a atenção não é nem o fato de eu, Kaê, estar lá, mas sim que existe uma atração com o nome ‘Favela é terra indígena’ no Espaço Favela. É emocionante, tenho vontade de chorar quando ouço isso. É uma vitória para nós. Esse espaço reverbera, destaca que tem gente com essa narrativa, que estamos aqui, gera curiosidade sobre como estamos vivendo, o que está acontecendo. E isso cria possibilidades para nos aproximarmos ainda mais das políticas públicas por meio dessa visibilidade.” O cantor e compositor Kaê Guajajara estreia no Rock in Rio Divulgação/Dani Dacorso “Nunca fui ao festival antes porque não tinha condições financeiras para faça isso. Agora vou pela primeira vez e como artista! Achei impossível, porque normalmente participam artistas indígenas. Mas um show inteiro… eu não teria imaginado isso nem nos meus sonhos mais loucos. Agora consigo sonhar ainda mais com isso, como cantar internacionalmente e em outros festivais. As questões fundiárias não afetam apenas o Brasil, mas todo o planeta. A mensagem também precisa chegar a outros países. O que estou fazendo aqui hoje é representar como é vivenciar todas as consequências da colonização. Tenho a oportunidade de cantar pop, trap, rap e, dentro desses ritmos, levantar temas importantes, como a convivência com a terra em meio a tantas crises climáticas hoje. E que cada vez mais artistas indígenas e não indígenas venham transmitir esta mensagem. No dia 21 de setembro, no festival, terei um novo álbum no show. Nem mesmo meus próprios fãs estão preparados para o que está por vir. Ainda não tenho data definida, mas com certeza vou lançar antes do Rock in Rio e será diferente de tudo que já fiz.” Saiba mais taboola
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