Secretário da Fazenda para o tema, Bernard Appy afirma que o ideal seria concluir a votação do texto ainda este ano. As regras do comitê que administrará o IBS, imposto estadual e municipal, estão incluídas nesta proposta. Arthur Lira anuncia início da discussão sobre regulamentação da reforma tributária TV Câmara/Reprodução A aprovação do texto-base da segunda parte da reforma tributária – com 303 votos a favor e 142 contra – na última terça-feira (13) não terminou a aprovação da proposta pela Câmara. Com isso, o futuro do projeto continua nas mãos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O texto estabelece as regras gerais do Comitê Gestor que irá arrecadar e distribuir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IBS) – que, na reforma, unificará os tributos atualmente arrecadados por estados e municípios (PIS/Cofins, ICMS e ISS ). O projeto também altera regras para heranças e planos de previdência privada. O texto base foi aprovado, mas os chamados “destaques” ainda precisam ser votados. São trechos específicos do projeto que, a pedido de um parlamentar ou bancada, deverão ser votados um a um. A votação nessas seções só deverá ocorrer no final do mês. Depois, o texto segue para o Senado – e caso sofra alterações significativas, pode ter que retornar à Câmara. Secretário do Ministério da Fazenda para a reforma tributária, o economista Bernard Appy disse à GloboNews que não está “preocupado” com o ritmo do processo, mas seria ideal que os dois textos – o que regulamenta a reforma aprovada em 2023, e aquele que define regras para o comitê gestor – foram tramitadas simultaneamente. “Acredito, espero que seja votado nas próximas semanas. Essa demora, neste momento, não é um grande problema, mas obviamente o ideal é que os dois textos estejam no Senado Federal o mais rápido possível para que o Senado possa dar continuidade”, afirmou. Câmara aprova texto base do projeto que regulamenta a reforma tributária Prazo negociado A análise desses projetos complementares à reforma tributária depende de prazo negociado entre o relator do projeto que já tramita no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM; o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad também devem informar sobre o projeto que ainda tramita na Câmara e diz que submeterá essas duas propostas para votação em plenário até dezembro. – mas só poderá publicar as normas quando a lei for sancionada “Qual é a espinha dorsal desse projeto de lei que criou a comissão foi preservada no texto aprovado pela Câmara dos Deputados, não tem ênfase em relação a esse tema específico. Acredito que seja um desenho muito equilibrado”, afirma Appy sobre a proposta. “É uma grande inovação dentro do modelo tributário brasileiro, essa competência compartilhada. O comitê gestor tem papel central nesse processo e acredito que o texto aprovado é muito positivo”, afirma Appy. Para o tributarista Leonardo Roesler, a avaliação é que o Senado enfrentará um calendário ainda mais apertado, principalmente com a proximidade do as eleições municipais. “A pressão pela aprovação rápida pode resultar em concessões que diluem o impacto da reforma, gerando um texto menos eficaz do ponto de vista tributário, comprometendo a simplificação e harmonização do sistema tributário”, afirma. “Em termos de receita, a indefinição e o atraso na implementação da reforma tributária poderiam prejudicar o equilíbrio fiscal desejado pelo governo. A não implementação de mudanças fiscais poderia forçar o Executivo a buscar alternativas de curto prazo para cobrir o déficit fiscal, como aumento dos impostos existentes ou criação de novos impostos, o que vai contra o próprio espírito da reforma”, avalia. Novas regras do Comitê Gestor O Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) será formado por representantes de estados e municípios. Ele será responsável pela gestão da arrecadação, fiscalização, arrecadação e distribuição do imposto. Figura nova no direito administrativo brasileiro e sem paralelo no mundo, a entidade terá total independência dos demais órgãos públicos, conforme projeto em curso. A regulamentação do imposto em si, bem como da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS, federal), está justamente no projeto que a Câmara aprovou recentemente e agora tramita no Senado. Este texto trata também do Imposto Seletivo (IS), que incidirá sobre produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente. As regras gerais do IBS, CBS e IS, que integram a primeira fase da reforma, serão concretizadas pela aplicação do estatuto integral não cumulativo e do princípio da tributação no destino. Daí a importância de aprovar o cashback, o retorno personalizado, às famílias de menor renda, dos impostos pagos por elas sobre o seu consumo, mecanismo inovador que segue modelos internacionais. Esse dispositivo determina que, em 2031, o Poder Executivo da União terá que enviar projeto de lei complementar propondo medidas de redução de tratamentos favorecidos, caso haja sinalização de que a taxa referencial, ao final da transição, ficará acima de 26. 5%. Previdência privada Além do comitê gestor nesta segunda etapa do imposto, ainda há expectativa de que os deputados alterem algumas questões da previdência privada antes de enviar o texto ao Senado. Segundo os parlamentares, há possibilidade de acréscimo de tributação aos planos de previdência privada, além de heranças de grandes fortunas, como produtos VGBL adquiridos há menos de cinco anos. Mesmo sendo um seguro de vida, sem riscos no mercado, a medida é para evitar manobras de evasão fiscal de quem investe dinheiro nesses produtos, que não são arrecadados dos cofres públicos, para manobrar o pagamento de tributos. “O que é realmente um seguro de vida, obviamente, não deveria ser tributado. A seguridade social é discutível, mas o problema é que hoje as pessoas usam muito o planejamento tributário da seguridade social para evitar o pagamento do imposto sobre herança”, diz Appy. “Vou dar um exemplo. Tenho uma aplicação financeira. Se eu morrer, esse investimento financeiro pagará imposto sobre heranças e doações. Depois, um ou dois anos antes de morrer, transfiro todos os meus investimentos financeiros para um plano de pensões simplesmente para evitar o pagamento de impostos. Isso me parece injustificável”, explica. Segundo o secretário da Fazenda, a proposta que tramita na Câmara prevê que a tributação só incidirá sobre os investimentos em previdência privada feitos há menos de cinco anos (em relação ao momento da herança) .” É uma forma de evitar esse planejamento tributário. Obviamente teremos que respeitar a decisão da Câmara”, afirma Appy.
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