‘Isso não se discute’, disse o ministro garantindo que o quadro contém regras que serão cumpridas. Haddad e Lula tiveram uma série de conversas nesta terça-feira, em meio a dias de turbulência no mercado. Haddad: corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (3) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que o marco fiscal seja cumprido. Haddad também anunciou corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias. Haddad concedeu entrevista à imprensa após deixar o Palácio do Planalto, onde se reuniu com Lula e secretários da Fazenda em reunião da Diretoria de Execução Orçamentária (JEO). Esse conselho, previsto em lei, tem a função de assessorar o presidente em questões econômicas. O marco fiscal é a âncora fiscal do país, elaborado pelo governo e aprovado no ano passado pelo Congresso. Em termos gerais, o quadro fiscal liga o crescimento das despesas ao crescimento das receitas, controlando a despesa pública. Nos últimos dias, devido aos discursos do presidente Lula (veja abaixo), o mercado temeu que o governo não estivesse comprometido com a responsabilidade fiscal, o que gerou turbulência no cenário econômico. O discurso de Haddad nesta quarta tem como objetivo melhorar o meio ambiente. “Tivemos a oportunidade de nos reunir três vezes hoje. Lula me pediu para falar com vocês. A primeira coisa que o presidente determinou é cumprir o marco fiscal. Isso não pode ser discutido. São leis que regulam as finanças no Brasil e serão cumpridas com. O quadro será preservado a todo custo”, afirmou o ministro. O ministro também detalhou os cortes nas despesas obrigatórias, que serão feitos em relação ao Orçamento de 2025. Segundo ele, esses valores que serão cortados correspondem a um pente fino que o governo fez nos últimos meses para identificar despesas sociais que poderiam ser cortadas. Ele disse ainda que as medidas poderão ser antecipadas dependendo do relatório de receitas e despesas do governo federal, a ser apresentado no dia 22 deste mês. “Serão R$ 25,9 bilhões que serão cortados. Foi feito com as equipes dos ministérios. Foi um trabalho com critérios baseados em registro, em leis aprovadas. Algumas dessas medidas do Orçamento de 2025 podem ser antecipadas à luz do que a Receita nos apresenta no dia 22 de julho”, disse o ministro. “A Receita está finalizando a compilação do semestre, o relatório de julho pode significar alguma contingência e algum bloqueio que será suficiente para que o quadro seja cumprido”, acrescentou Haddad. Dia de reuniões O dia de reuniões entre Haddad e Lula acontece em meio à turbulência entre governo e mercado. Lula intensificou, em discursos nas últimas semanas, um discurso contrário à política monetária do Banco Central. O presidente acha que a taxa Selic (taxa básica de juros da economia, estipulada pelo BC) poderia ser menor. O mercado vê esse tipo de afirmação como um risco de interferência política na economia. Além disso, Lula também tem dito que não precisa satisfazer o banqueiro, mas sim os pobres. Essas declarações do presidente geraram receio de falta de controle dos gastos públicos. Com isso, o dólar teve dias de alta, chegando a R$ 5,66, maior valor em dois anos e meio. Nesta quarta, porém, caiu 2% e chegou a 5,56. A queda desta quarta é atribuída a sinais mais positivos de controle da inflação nos Estados Unidos, que animaram os mercados. Outro fator é que os investidores viram as reuniões de Lula com Haddad e a equipe econômica nesta quarta como um sinal de que a alta do dólar e o controle dos gastos do governo receberão atenção do presidente. Lula afirmou esta tarde que “responsabilidade fiscal é um compromisso” e que o governo “não joga dinheiro fora”, num discurso que foi considerado uma modulação do discurso antimercado.
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