Cidade da Costa Verde precisa coibir ocupações irregulares e ampliar o turismo sustentável Com paraísos ecológicos, Angra dos Reis, na Costa Verde, enfrenta os desafios das grandes cidades: ocupação de áreas de risco, déficit habitacional, violência urbana, mau trânsito e infraestrutura frágil, que Isto se reflete em problemas como a falta recorrente de água e energia elétrica. O futuro prefeito ainda encontrará, segundo o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), um município com investimentos em nível crítico, mas com as contas sob controle. Nas últimas décadas, Angra enfrentou desastres naturais, que provocaram deslizamentos de terra e deixaram centenas de desabrigados. Só em 2023, 300 pessoas tiveram que deixar suas casas. Segundo nota técnica de 2023 da Secretaria Especial de Articulação e Acompanhamento do Ministério da Casa Civil, Angra está na lista dos municípios com maiores índices de desastres naturais por causa do clima, com 66 mil de seus habitantes vivendo em risco áreas, o que corresponde a 35% da sua população. Grande parte das moradias construídas nessas localidades é irregular. O Indicador de Capacidade Municipal (ICM), que indica a competência dos municípios na gestão de riscos e desastres, indica que Angra dos Reis está na Banda B (intermediário avançado) nesse quesito. O município convive com constantes carências hídricas. No mês passado, a prefeitura restringiu, por meio de decreto válido por 90 dias, o uso da água para fins considerados “não essenciais”, ou seja, aqueles não diretamente relacionados ao consumo humano ou animal. Foi proibido usar água para lavar carros, ruas e barcos. A medida foi tomada devido ao longo período sem chuvas, na maior seca que a cidade enfrenta em 17 anos. Mesmo sendo um município com um PIB per capita significativo (R$ 53.262), Angra contava em agosto com 36.232 famílias cadastradas no CadÚnico — a população total da cidade é de 167.434 habitantes. Entre as famílias cadastradas, 55% estão na pobreza; 16% são de baixa renda; e 29% vivem com mais de meio salário mínimo. No período, o município adicionou 17.137 famílias ao Bolsa Família. Segundo o IFGF, a situação das contas públicas em Angra dos Reis melhorou desde 2013 — governo de Conceição Rabha (PT) —, quando a situação era crítica, e atingiu excelente em 2022 — gestão de Fernando Jordão (MDB). No entanto, os investimentos acumulam-se a níveis críticos — (ver infográfico). Para manter as contas sob controle, autonomia para cobrir custos da prefeitura sem depender de repasses, menor comprometimento orçamentário com despesas do funcionalismo público e planejamento financeiro. A pesquisa sugere que um dos desafios são ações em conjunto com o governo do estado para melhorar a segurança e prevenir roubos de cargas e cabos. Para os moradores, o meio ambiente e a infraestrutura são prioridades. O que a população quer para a cidade Os desafios do futuro prefeito de Angra incluem a preservação do meio ambiente. Para o turismólogo e morador da Vila do Abraão, na Ilha Grande, Waldeck Tenório, há necessidade de investimento no turismo sustentável, como forma de preservação ambiental e de atividade econômica. Waldeck Tenório, morador de Ilha Grande: o desafio de Angra dos Reis é a preservação do meio ambiente Arquivo pessoal — A preservação ambiental é mesmo a maior preocupação. As reservas e áreas protegidas são altamente cobiçadas por grupos com interesses financeiros, megaprojectos turísticos que visam obter lucro, mas não são nada sustentáveis. A ocupação desorganizada também é um grande desafio — afirma. Para o metalúrgico Gilberto Rocha, morador de Angra dos Reis, os desafios locais são comuns às cidades que crescem desordenadamente: — O saneamento básico é muito precário. O transporte público é ineficiente. Faltam profissionais de saúde na rede pública. Falta água na cidade, que não armazena o produto. Também moradora de Angra, Luana Estêvão diz que falta estacionamento e organização no Centro, problemas que afetam moradores e turistas: — O turismo só funciona para as ilhas. Falta trabalho, qualificação profissional, cursos técnicos. Leonardo David Mello é graduando em Ciências Sociais (UFRJ), sob orientação de Marcelo Remigio PROJETO TAMO JUNTO É uma parceria entre o EXTRA e o Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). ) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em que jornalistas e pesquisadores se concentram no processo eleitoral deste ano em dez cidades da Região Metropolitana e do Interior do Rio de Janeiro, abordando problemas, apontando soluções e apresentando as candidatos e seus planos para o governo.
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