O volume de energia negociada no mercado livre, no primeiro semestre de 2024, atingiu a marca de 330 terawatts-hora (TWh), totalizando mais de R$ 40,8 bilhões em contratos futuros que vão até 2034. O total superou toda a quantidade negociada no ano de 2023, segundo dados do Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE).
Este forte movimento nas operações de compra e venda entre tradings e empresas eletrointensivas se deve a um contexto de forte volatilidade no setor, impulsionado por eventos climáticos e maior demanda por eletricidade.
O diretor comercial, de produtos, comunicação e marketing da BBCE, Eduardo Rossetti, afirma que tanto a negociação de ativos mensais quanto de ativos de longo prazo segue tendência de alta.
“A volatilidade está diretamente relacionada a fatores climáticos, volume de negócios e movimentos da curva futura da BBCE [referência de preços com base em negócios fechados na BBCE], nossa referência de preços que é a única baseada em negócios reais. Esses dados são um retrato realista do mercado, já que a liquidez está aqui”, afirma.
Nos dois anos anteriores, o preço mínimo de referência da energia elétrica, conhecido como Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), manteve-se no mínimo regulatório, o que provocou menor oscilação de preços. Porém, o mercado já começa a precificar volatilidade nos preços de energia elétrica, o que antes não era previsto devido ao cenário de excesso de oferta de capacidade instalada no Brasil.
Como resultado, os preços da energia têm flutuado em 2024, principalmente após a frustração com a estação chuvosa em reservatórios hidrelétricos, já que 60% da energia no Brasil vem da geração hidrelétrica. Além disso, o aumento das temperaturas impulsionou o consumo, levando os agentes a reverem suas posições e buscarem maior segurança no fornecimento de energia.
A sócia fundadora da Stima Energia, Daniela Alcaro, afirma que o volume de negociações de contratos de energia aumentou significativamente este ano devido ao aumento da incerteza e dependendo das expectativas de diversas variáveis, o preço futuro muda de forma mais constante.
“O cenário de maior incerteza em relação aos preços futuros da energia aumenta a demanda por contratos futuros para gestão de riscos, levando ao aumento das negociações”, explica o executivo. “Empresas e consumidores buscam se proteger das oscilações de preços, resultando em contratos mais de longo prazo e maior atuação no mercado”, afirma.
O presidente da Abraceel, associação que representa as comercializadoras de energia, Rodrigo Ferreira, lembra que o crescimento do volume de energia comercializada ocorre em um momento de crescimento geral do mercado livre, com a entrada de novos players, maior concorrência setorial e uma aumento sem precedentes no número de novos consumidores livres.
“É um importante indicador do contínuo amadurecimento do mercado, cada vez mais preparado para a abertura total, de forma a abranger todos os consumidores brasileiros que buscam energia mais barata e renovável no mercado livre”, afirma.
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