Os resultados fiscais de curto prazo não surpreenderam e as projeções fiscais entre a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de março e a de junho mostraram pouca variação, segundo Diogo Guillen, diretor de política econômica do Banco Central.
Mesmo assim, quando o BC pergunta aos agentes econômicos no Questionário Pré-Copom como eles avaliam a evolução da situação fiscal desde o último Copom, nas duas últimas reuniões houve um indício relevante de piora, disse Guillen durante entrevista coletiva em São Paulo. Paulo comentará o Relatório Índice Trimestral de Inflação (RTI) de junho, divulgado na manhã desta quinta-feira (27).
A deterioração do saldo por parte dos agentes está nos níveis mais elevados em um ano e meio, observou Guillén.
Relativamente à atividade económica, o diretor de política económica afirmou ainda que se esperava um abrandamento gradual, mas o cenário divergiu “mostrando este crescimento resiliente impulsionado pelo consumo, com investimento mais forte”.
Guillen disse que os setores mais cíclicos apresentaram aceleração no período mais recente. “Pode ser porque a política monetária já se encontra numa fase menos contracionista do que estava, ou pode ser devido ao impulso da procura.”
Segundo o diretor, abrindo as componentes da procura, chama-se a atenção para o consumo e o investimento das famílias, a formação bruta de capital fixo, “que no primeiro trimestre apresentou um crescimento superior ao esperado”.
Utilizando indicadores mensais, Guillen disse que há uma desaceleração no segundo trimestre “também relacionada aos impactos das enchentes no Rio Grande do Sul”.
Durante a coletiva de imprensa, Guillen afirmou que houve aumento nas expectativas de inflação em 47% dos países emergentes. “Não é maioria, vemos algum aumento nas expectativas de inflação em vários países.” Guillen dá entrevista coletiva nesta quinta-feira sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (27).
Segundo o diretor, o Brasil é um pouco diferente porque as expectativas e as correntes permanecem no mesmo nível “sem esse processo de convergência que observamos em outros países”.
Guillen apresentou uma tabela sobre o esforço monetário nos mercados emergentes e destacou alguns países. “O México é muito contracionista, o Brasil é contracionista, o Peru é mais contracionista, isso também ajuda a fazer uma comparação sobre a ‘postura’ (posição) da política monetária.”
O diretor afirmou ainda que o mercado de trabalho nos Estados Unidos tem estado sob pressão, mas com algum reequilíbrio gradual. Exemplificou que, com a métrica de vagas por desempregado nos EUA, “que tem apresentado algum declínio, a parte industrial tem apresentado algum declínio, com os serviços mais resilientes nos Estados Unidos”.
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