“O Brasil tem sido reconhecido por alguns organismos internacionais por sua atitude em relação à sustentabilidade e à adoção de padrões internacionais. Tenho muito orgulho do trabalho das autoridades brasileiras em terem adotado alguns padrões internacionais antecipadamente e com determinação”, afirmou.
Lembrou que a adoção destas normas tem um custo para as instituições financeiras, mas que isso deve ser visto como um benefício, pois gera uma série de vantagens para os bancos, desde a melhoria do risco reputacional, até ao prémio nas questões verdes (“greenium” ) e atração de investimentos em geral. Mas lembrou que é necessária uma boa taxonomia, que permita a comparabilidade. “Não é uma tinta verde num ativo, o chamado ‘greenwashing’, é ter a capacidade de adotar normas, regulamentos, de forma transparente, que permita aos investidores externos, à sociedade, ter clareza de que o que pode ser declarado como ‘verde'”, afirmou.
Awazu afirmou ainda que os bancos centrais precisam de se preocupar com o chamado “cisne verde”, ou seja, eventos climáticos com efeitos catastróficos também na inflação e na estabilidade financeira e que agora se caracterizam como um risco sistémico.
Awazu afirmou que o termo ‘cisne verde’ – em referência ao ‘cisne negro’ da crise financeira global – foi cunhado por ele para chamar a atenção, especialmente dos Bancos Centrais dos países desenvolvidos, para os riscos da questão climática. “Meu alerta não foi para o Brasil, que já está endurecido para fazer esse tipo de análise [de riscos climáticos no setor financeiro]. Foi para alguns países desenvolvidos, que achavam que isso não era um problema do BC, mas sim do Ministério do Meio Ambiente, do governo.”
Lembrou que eventos climáticos extremos podem afetar os preços e a estabilidade financeira, devido aos impactos nos bancos e nas companhias de seguros. “Ao contrário do ‘cisne negro’, que é um evento de cauda, raro mas corrigível, é possível restaurar o balanço de um banco, o ‘cisne verde’ tem caráter irreversível. voltando.”
Awazu afirmou ainda que há grande urgência no combate às alterações climáticas, salientando também que estas afectam primeiro os países mais pobres e que o sistema financeiro precisa de ajudar na transição para uma economia de baixo carbono. “Os bancos precisam financiar isto, não é pouco dinheiro, é cerca de 3 biliões de dólares, 4 biliões de dólares por ano.”
Afirmou ainda que financiar a transição para uma economia neutra em carbono não significa crescer menos. “Reduzir os riscos do ‘cisne verde’ não significa parar o crescimento, mas sim um crescimento sustentável, que inclui desenvolvimento, inclusão social. Tudo isto faz parte da luta contra as alterações climáticas. comentou, afirmando que está orgulhoso das autoridades brasileiras, que estão comprometidas com esta agenda.
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