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“Construí uma longa carreira como diretor financeiro em grandes multinacionais. Depois de anos imerso no mundo corporativo, decidi me tornar empreendedor. iniciar a carreira de conselheiro, mas não sei bem como sei que existem alguns cursos na área, mas acho que só fazer uma formação não basta. O que devo fazer para ingressar nesse caminho?
Começar sua carreira como consultor independente é uma ótima escolha profissional para alguém com sua experiência profissional. E todos os conselhos sempre contam com pelo menos uma pessoa com formação em finanças, ou seja, há demanda por pessoas com o seu perfil.
A maioria dos conselhos, tanto administrativos quanto consultivos, ainda são muito masculinos, mas tenho acompanhado o movimento em direção a mais diversidade de gênero com foco no conhecimento sólido de quem vai ocupar o cargo.
De modo geral, tenho notado um aumento na procura por conselheiros independentes e empresas que valorizam mais esses executivos. Além disso, há também uma regulamentação da B3 para conselhos de administração, no artigo 15 da norma, que sugere: “A companhia deverá prever, em seu estatuto social, que seu conselho de administração seja composto por, no mínimo, 2 (dois) conselheiros independentes – ou 20% (vinte por cento), o que for maior.”
O primeiro passo para ser conselheiro é um sólido conhecimento técnico em alguma disciplina, no caso finanças, aliado a uma boa visão de como funciona uma empresa como um todo. Nesse aspecto, acredito que a carreira que você construiu lhe dá coragem para continuar em busca de uma oportunidade.
O segundo ponto é a rede. É fundamental ter uma relação de confiança com alguém que conheça sua forma de pensar e trabalhar e possa recomendá-lo para sua primeira oportunidade como conselheiro. Reativar contatos com CEOs e acionistas com quem você interagiu, mencionando que tem interesse em atuar como conselheiro, é um passo importante. Também ajuda a reativar o contato com colegas que já migraram para conselhos.
Independentemente de estarmos falando de um conselho administrativo ou consultivo, uma carreira como conselheiro é inteiramente baseada na confiança e reputação. Afinal, é um cargo que significa o olhar dos proprietários sobre o que está acontecendo na empresa. Os consultores também são essenciais para avaliar a estratégia futura da empresa, de olho na inovação e na perenidade dos negócios. Espera-se também que os conselheiros, por serem pessoas experientes, percebam quando algo está fora dos termos da ética.
Não menos importante, o terceiro passo é participar de um curso de conselheiros. A experiência lhe trará informações importantes, como: qual o papel que se espera do conselheiro e qual a dinâmica dos conselhos.
Normalmente, os cursos também apresentam uma visão macro do funcionamento de uma empresa e destacam quais disciplinas são mais procuradas para que o candidato à vaga avalie melhor quais conhecimentos precisa aprofundar. Os cursos que formam conselheiros também oferecem muitas orientações sobre governança e ética profissional, com dicas importantes para o dia a dia e em situações-chave.
Dentre os cursos que conheço, recomendo o do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), que oferece uma certificação que, apesar de não ser obrigatória para exercer a função, é um diferencial na opinião de algumas organizações para conselhos de administração. Recomendo também os cursos da Fundação Dom Cabral, Fundação Getulio Vargas e Saint Paul Escola de Negócios, que tem até turma voltada para mulheres conselheiras. Os cursos das quatro instituições são excelentes e também muito bem vistos pelo mercado.
Há também cursos de orientação em faculdades de primeira linha no exterior, como Harvard Business School, Insead, London Business School, Stanford Graduate Business School, IMD Business School, Columbia Business School, Wharton School e Kellogg School of Management. Nestes casos, as empresas têm valorizado igualmente tanto quem opta por estudar no Brasil quanto no exterior.
Uma das grandes vantagens dos cursos é o networking e a oportunidade de participar de comissões técnicas escolares ao lado de profissionais com formações variadas e que já atuam em conselhos. Mas é importante mencionar que o curso por si só não o transformará instantaneamente em um conselheiro. Essa experiência o ajudará a entender seu papel nesta nova profissão. É uma rede sólida, aliada às suas competências e conhecimentos, que o levará ao primeiro conselho.
Muitas vezes, empresas de recrutamento de executivos, como a que trabalho, recebem mandatos para buscar consultores no mercado para empresas de todos os portes e segmentos.
Quando a solicitação de vaga chega ao headhunter, a demanda é que profissionais com experiência em cargos de diretoria ingressem no grupo e tenham capacidade de contribuir efetivamente para o desafio que as empresas enfrentam.
As vagas que, por meio da seleção de um headhunter, aceitam profissionais sem experiência na função são raras exceções. Quando isso acontece há a exigência de uma trajetória executiva anterior extremamente sólida.
Portanto, recomendo sempre buscar pelo menos a primeira e a segunda oportunidade por meio de recomendações de networking. Depois disso, a tendência é que a trajetória flua e a profissão decole.
Uma iniciativa válida é agendar conversas com quem participa ativamente dos conselhos, com o objetivo de buscar mentoria ou orientação dessas pessoas. Isso o ajudará a compreender melhor o cenário como um todo. Aprender com quem já está na função é uma forma prática e enriquecedora de se preparar para a função e até mesmo ter certeza de que deseja cumpri-la. Consultores experientes podem oferecer informações estratégicas e orientação sobre como posicionar sua candidatura.
Nessa jornada, é importante reestruturar seu currículo com foco na atuação em conselhos. O novo documento deve destacar seus diferenciais técnicos, como expertise financeira, visão estratégica, conhecimento dos setores regulados e trazer de forma sucinta projetos que demonstrem suas missões em experiências anteriores. Destaque também as conquistas ao longo de sua carreira que possam demonstrar sua capacidade de contribuir com valor para o conselho.
Trabalhar como conselheiro é um caminho muito interessante. Além da remuneração compatível com a alta responsabilidade do cargo, é uma profissão em que você pode usufruir de mais flexibilidade de horário, ou seja, ótima para quem busca um melhor equilíbrio entre vida e trabalho. Entre os conselheiros que conheço, a maioria está muito satisfeita com a sua profissão. Boa sorte!
Ísis Borge é headhunter, diretora executiva da Talenses e sócia do Grupo Talenses onde atua com recrutamento de executivos e lidera a seleção C-level para energia e indústria.
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Esta coluna tem como objetivo responder questões relacionadas às carreiras e situações vivenciadas no mundo corporativo. Reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza decorrentes do uso dessas informações.
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