O IPCA-15, conhecido como ‘prévia da inflação’, subiu 0,39% em junho ante maio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador desacelerou frente ao verificado em maio, quando subiu 0,44%.
Nos últimos 12 meses, porém, o IPCA-15 acumulou 4,06%, acima dos 3,70% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em junho de 2023, a alíquota era de 0,04%.
O índice ficou abaixo da mediana das expectativas das 33 casas ouvidas pelo Valor Data, que apontava inflação de 0,43%. As projeções variaram de aumento de 0,3% a aumento de 0,51%.
Diferença do IPCA-15 para IPCA
Embora seja conhecida como “prévia da inflação” por antecipar o IPCA, IPCA-15 mede nada mais, nada menos que a própria inflação, só que em outro período.
A diferença prática em relação ao IPCA é que a “prévia” mede a inflação no dia 15 de um mês e outro, enquanto a inflação “oficial” mede a variação do início ao final daquele mês..
E o que isso significa para o meu bolso?
Um dos efeitos mais diretos da inflação é sentido no bolso do consumidor na hora de fazer compras. Afinal, a inflação mostra que, em geral, as coisas estão mais caras. Uma segunda consequência do aumento dos preços está nos investimentos. Isso porque o aumento (ou corte) da taxa de juros depende da inflação. Afinal, um dos instrumentos que o Banco Central tem para controlar o aumento dos preços é alterar a taxa Selic.
Assim, quando a inflação está elevada, a autoridade monetária aumenta as taxas de juros para “tornar” o dinheiro mais caro. Com isso, os empréstimos e financiamentos (tanto de consumidores quanto de empresas) ficam mais caros. Assim, há menos consumo, menos dinheiro em circulação. Como resultado, os preços tendem a cair novamente. Como resultado, a inflação volta ao normal.
Por outro lado, se a alta dos preços for controlada, o Banco Central pode cortar os juros (e, portanto, o “dinheiro mais barato”) para incentivar as pessoas e as empresas a gastar sem comprometer o bolso, já que a inflação está em ordem. E isso serve de estímulo para a economia crescer.
Atualmente, o Banco Central interrompeu a sequência de cortes da Selic que vinha acontecendo desde agosto do ano passado. O motivo da mudança foi justamente a preocupação com a inflação.
Na ata da última reunião do Copom, o BC informou que o cenário ficou mais desafiador e “As expectativas de inflação mostraram uma desancoragem adicional desde a reunião anterior“, quando a autoridade monetária reduziu o ritmo dos cortes, que tinha sido de 0,5 pontos percentuais, para apenas 0,25 pontos percentuais.
Para quem não sabe, estes “expectativas não ancoradas” nada mais são do que projeções de inflação distantes da meta perseguida pela autoridade monetária no chamado “horizonte relevante” da política monetária. Neste caso, 2024 em diante. Nos próximos anos, a meta é de 3% ao ano , mas as projeções dos economistas ouvidos pelo Boletim Focus mostram que a expectativa é de que a inflação fique acima deste patamar. E o que é pior: essas projeções aumentam semana a semana, o que evidencia a preocupação do mercado.
No documento, o Banco Central afirma que “a política monetária deve permanecer contracionista por tempo suficiente” e reforçou que “quaisquer ajustes futuros na taxa de juro serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação para a meta”.
O comunicado sugere, portanto, que o futuro da Selic depende de indicadores futuros, principalmente do que deve acontecer com a inflação. Portanto, ao apresentar desaceleração e ficar abaixo do esperado, o IPCA-15 pode trazer um pouco de bom humor ao pregão.
O que subiu e o que caiu?
Segundo o IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete aumentaram em junho.
O grupo “Alimentação e Bebidas” registrou a maior variação, com alta de 0,98%, e o maior impacto, de 0,21 ponto percentual.
Em seguida vieram os grupos “Habitação”, com aumento de 0,63% e “Saúde e cuidados pessoais”, que cresceu 0,57%. As demais variações ficaram entre queda de 0,23% em “Transportes” e alta de 0,30% em “Vestuário”.
No grupo “Alimentação”, a alimentação no domicílio acelerou de 0,22% em maio para 1,13% em junho. Segundo o IBGE, contribuíram para esse resultado os aumentos da batata inglesa (com alta de 24,18%), do leite longa vida (com alta de 8,84%), do arroz (que aumentou 4,20%) e do tomate. (que subiu 6,32%).
Do lado da queda, os destaques ficaram com o feijão carioca (que caiu 4,69%), a cebola (que caiu 2,52%) e as frutas (que caiu 2,28%).
A alimentação fora do domicílio aumentou 0,59% e acelerou em relação ao mês de maio, quando havia aumentado 0,37%. Segundo o IBGE, o resultado foi explicado pelos aumentos nos lanches (de 0,47% em maio para 0,80% em junho) e nas refeições (0,34% em maio para 0,51% em junho).
No grupo “Habitação”, houve aumento de 2,29% nas tarifas de água e esgoto. A energia elétrica residencial subiu 0,79%. O subitem gás encanado ficou mais barato em 0,10%.
- Saúde e cuidados pessoais
O aumento de 0,57% em “Saúde e cuidados pessoais” foi influenciado pela alta nos preços dos planos de saúde (que subiram 0,37%), decorrente do reajuste de até 6,91% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 4 de junho. com vigência a partir de maio de 2024 e cujo ciclo termina em abril de 2025.
No grupo Transportes, a queda de 0,23% foi influenciada pela recuperação de 9,87% nas passagens aéreas. Em relação aos combustíveis, houve queda de 0,22% e houve queda nos preços: o etanol caiu 0,80%, o gás veicular ficou mais barato em 0,46%, o óleo diesel caiu 0,42% e a gasolina caiu 0,13%.
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