Fundada há três anos em Barcelona, a marca de roupas esportivas Infinite Athletic foi pensada para trazer uma solução circular para dois dos principais problemas da indústria da moda – o baixo uso de matérias-primas recicladas e a adição de produtos químicos e corantes às fibras. têxteis. Os cofundadores François Devy, Francesc Jimenez e Isaac Nogués, vindos de uma empresa fabricante de fios de poliamida, tinham profundo conhecimento da cadeia produtiva dos tecidos e já estavam conscientes do grande desafio de sustentabilidade enfrentado pelo setor.
“A cadeia têxtil utiliza, em média, apenas 3% de material reciclado, principalmente fios de algodão e garrafas recicladas. Além disso, entre tingir fios e incorporar produtos químicos, a fabricação de roupas é um processo muito poluente”, afirma François Devy. Junto com seus dois sócios, durante o isolamento pandêmico, desenvolveram a ideia de uma marca esportiva totalmente circular, reaproveitando materiais como fios de raquete ou fibras de bolas de tênis usadas na fabricação de roupas e calçados para tenistas. “A ideia era criar uma solução para cada esporte, onde a matéria-prima fosse obtida dos equipamentos esportivos e ajudasse a fabricar itens que retornassem ao praticante da mesma atividade”, explica.
Especialistas em cadeia de suprimentos, os parceiros fizeram acordos com clubes e lojas especializadas para deixar contêineres da marca onde os tenistas podem depositar seus materiais usados para serem reciclados. Obtidas por meio de reciclagem mecânica, as peças da primeira coleção eram todas pretas, tonalidade conseguida com um pigmento natural – e a mais vendida entre os praticantes de esportes. A partir do ano passado, a marca optou pela reciclagem química, que produz partículas incolores, e permite outros tipos de tingimento natural. Desde então, a Infinite Athletic ganhou um prêmio de sustentabilidade do laboratório de inovação Reimagine Textile, uma bolsa aceleradora da Amazon para empresas sustentáveis, e negociou uma parceria com a marca de luxo Lacoste, que está vendendo as peças em suas lojas na Europa.
O reconhecimento público trouxe visibilidade a um projeto empresarial que lutava para ganhar força comercial. A tecnologia, o desenvolvimento de produtos e a estruturação de uma cadeia de abastecimento foram desafios mais fáceis de superar do que o marketing de produtos. “É o passo mais complicado: ter visibilidade nas lojas, explicar o conceito circular da peça e fazer o consumidor entender porque é uma peça de roupa mais cara que a média”, diz Devy.
A marca planeja expandir sua oferta circular para outros esportes. Os próximos são o montanhismo e o canyoning, que podem ter suas cordas recicladas para fazer roupas.
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