O indústria siderúrgica monitora “com uma lupa” o progresso de importações de aço no Brasil. Nesse sentido, o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IABr) estima que as medidas implementadas a partir de 1 de junho pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) — o aumento da tarifa externa sobre 11 produtos — poderia levar a uma redução de até 27% nas compras de insumos siderúrgicos para os quais foi estabelecida a cota anual de volume de importação.
O MDIC adotou cotas de importação em 11 Nomenclaturas Comuns do Mercosul (NCM), nove das quais foram solicitadas pelo IABr. Esses produtos incluem oito tipos de produtos laminados planos, dois tipos de tubos utilizados em oleodutos e gasodutos e um tipo de fio-máquina.
Para o IABr, considerando apenas as nove NCM cuja adoção da cota foi defendida pela instituição, a redução anual das importações poderia chegar a 27% do volume. A cota estipulada pelo Ministério estabelece um teto de 1,6 milhão de toneladas desses produtos, que pagariam uma tarifa média de 10,8% para entrar no Brasil. Acima desse volume, a tarifa sobe para 25%.
“As nove NCMs que estamos tratando aqui foram responsáveis pela importação de 2,4 milhões de toneladas [em 2023]”, afirma Marco Polo de Mello Lopes, presidente do IABr, lembrando que o pedido do instituto foi para o estabelecimento de cotas para 28 NCMs. Ele afirma que o instituto montou uma “sala de guerra” para acompanhar o comportamento das importações, que, no ano passado, chegaram a cinco milhões de toneladas.
Para ele, a cota foi implementada em “nível generoso”, já que o cálculo foi baseado na média das importações de 2020, 2021 e 2022 —o que o IABr considerou “razoável”—, mas houve um aumento de 30% acima disso média. “Achamos que foi muito acima do esperado.”
Antiga reivindicação do setor siderúrgico
A adoção de cotas atendeu a um pedido antigo do setor siderúrgico, que viu o mercado brasileiro ser inundado com aço importado. Nas contas do IABr, os cinco milhões de toneladas importadas em 2023 corresponderam a 16% da produção do país e a 26% das vendas.
Entre 2022 e 2023, a produção nacional de aço bruto caiu de 34 milhões de toneladas para pouco menos de 32 milhões de toneladas, enquanto a receita caiu, segundo Lopes, de R$ 209 bilhões para R$ 173 bilhões. Ele lembra ainda que o valor pago em impostos pelo setor passou de R$ 35 bilhões para R$ 28 bilhões no período.
Exemplos dos EUA, Reino Unido, México e UE
Lopes destaca que a medida tomada pelo MDIC seguiu o exemplo do que outros países fizeram nos últimos anos, como Estados Unidos, Reino Unido, México e União Europeia, que também impôs cotas ao aço importado.
Mas o executivo, que também é coordenador do Coalizão da Indústriaque reúne 14 entidades de classe nacionais, destaca que não estão descartadas reivindicações adicionais caso as cotas estabelecidas pelo ministério não limitem o crescimento das importações.
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