O saneamento básico, ainda precário em muitas regiões do Brasil, leva um grande número de pessoas a viver como se estivessem no século XIX. Poços artesianos, fossas sépticas sanitárias, resíduos descartados em locais inadequados e áreas de risco ameaçadas pela falta de drenagem e manejo das águas das chuvas. O Novo Marco Legal do Saneamento Básico, sancionado em 2020, tenta solucionar esse grave problema brasileiro, com metas ambiciosas.
Até 2033, a lei estabelece que a universalização do setor atingirá 99% da população com água tratada e 90% com esgoto coletado e tratado. Para ajudar a atingir esses patamares, a legislação incentiva a regionalização dos serviços, com agrupamentos de municípios em blocos regionais – região metropolitana, unidade regional e bloco de referência – para facilitar os investimentos e a prestação de serviços de água e esgoto.
“A regionalização é importante para permitir subsídios cruzados entre operações locais excedentárias e deficitárias. É o que permitirá que localidades menos favorecidas ou que não tenham condições de estruturar operações autossustentáveis de prestação de serviços de saneamento embarquem na agenda da universalização”, afirma Fernando Vernalha, advogado e consultor na área de direito público.
Segundo dados do Ministério das Cidades (MCid)/Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA), 23 estados já implementaram a regionalização com publicação de leis ordinárias ou complementares e apenas Minas Gerais e Rio de Janeiro estão parcialmente regionalizados. O Amapá continua com o modelo de concessão anterior aos decretos regulamentados para seus 16 municípios. “Enquanto não houver lei para implementar a regionalização, é possível trabalhar com consórcio e acordo de cooperação”, afirma Patrícia Areal, coordenadora geral do Marco Legal do Saneamento, do Ministério das Cidades. Ela informa que os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins receberam apoio do MCid para implementar o projeto de lei de regionalização.
Mas, se na teoria parece que está tudo bem, a prática mostra que a realidade é diferente e caminha a passos lentos. Estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, aponta que, apesar de a maioria dos estados já ter leis aprovadas e seus municípios já estarem dentro de blocos regionais, a operacionalização apresenta desafios significativos, como a existência de diferentes prestadores de serviços serviço e a necessidade de alinhar os interesses de todos.
“O investidor quer muito que haja viabilidade econômico-financeira, tecnologia e segurança jurídica”, afirma Augusto Dal Pozzo, advogado e consultor em direito público e direito administrativo. “É fundamental realizar projetos com as melhores práticas. A maioria dos projetos em andamento são desafiados.”
Segundo Dal Pozzo, alguns blocos regionais estão funcionando. Outros, nem tanto. “O déficit ainda é grande no Norte e Nordeste”, finaliza o especialista. Patrícia, do MCid, rebate: “todas as empresas estatais do Nordeste têm capacidade econômica e financeira comprovada”.
Para além das opiniões divergentes das autoridades públicas e do sector privado, é um facto que, enquanto a regionalização não estiver totalmente implementada, os municípios, que detêm o título desde 2020 com o novo enquadramento, continuam a trabalhar individualmente sem pensar no regional. bloco ao qual pertencem. . “Muitos municípios estão organizando a prestação de serviços de acordo com os seus interesses locais. Eles viam as delegações de serviços ao setor privado como uma oportunidade de receber taxas de concessão (preço que o operador privado paga para obter o direito de explorar o serviço). Sem regionalização, essa receita está sendo apropriada individualmente pelos municípios”, explica Vernalha.
Diz que “enquanto a regionalização não acontecer, na verdade, a regulação deveria criar uma ligação obrigatória entre essas receitas de subvenções e os fundos de subsídios destinados à universalização do serviço”.
Portanto, se continuar nesse ritmo lento, sem pressa em acelerar a regionalização, mesmo quatro anos após o lançamento do novo marco, os números atuais de 32 milhões de pessoas vivem sem acesso à água tratada e 90 milhões sem coleta de esgoto, pouco será melhorou. Com isso, a meta de universalização prevista no Novo Marco Legal do Saneamento e o cumprimento da agenda (de atingir, em 2033, 99% da população brasileira com água potável e 90% com acesso ao esgoto) ficarão cada vez mais distantes do realidade do Brasil.
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