A governança corporativa está no centro das decisões que moldam o futuro das organizações. Com as expectativas crescentes em torno das práticas ESG (Ambientais, Sociais e de Governação), é claro que a governação precisa de evoluir para abranger uma perspetiva mais ampla de impacto. Não se trata apenas de conformidade ou de atendimento às demandas imediatas das partes interessadas, mas também de antecipar e mitigar riscos que muitas vezes podem ser subestimados.
Uma pesquisa recente, realizada pela Deloitte, indica que empresas com práticas robustas de governança ESG apresentam desempenho 20% melhor em termos de retorno sobre o investimento (ROI) quando comparadas àquelas que ignoram esses fatores. Os dados por si só revelam a importância de uma governação que vai além do básico. No entanto, apesar destes números, Muitas organizações ainda tratam o ESG como uma reflexão tardia, em vez de integrá-lo nas suas estruturas de governação. Nesta integração devem ser reforçados os componentes fundamentais da governação, tais como: integridade, transparência, equidade, responsabilidade e a própria sustentabilidade.
A falta de identificação e mitigação de riscos que podem estar fora do radar da empresa, mas que, com o tempo, podem se transformar em grandes crises, é um grande desafio hoje. Estes são riscos de baixa probabilidade, mas de alto impacto. As empresas que incorporam estrategicamente práticas de governação ESG reduzem os custos associados a crises reputacionais e operacionais, à medida que desenvolvem a capacidade de prever e preparar-se para desafios que outras empresas considerariam improváveis.
Além disso, o mercado está cada vez mais atento a estas questões, reforçando a necessidade das organizações ampliarem a sua perspectiva de impacto e garantirem que as suas práticas de governação estão alinhadas com as expectativas de um mercado que valoriza a sustentabilidade e a responsabilidade corporativa.
A governação corporativa não consiste apenas em evitar erros e minimizar riscos – trata-se de criar um ambiente em que os riscos sejam geridos de forma proativa e a empresa esteja preparada para liderar um futuro sustentável. Os líderes que compreendem isto não só protegem as suas organizações das crises, mas também as posicionam para aproveitar novas oportunidades. A evolução da governança corporativa é essencial para que as organizações possam navegar pelos desafios atuais e futuros. Ao ampliar a perspectiva de impacto, os líderes não só cumprem a sua responsabilidade, mas também garantem que as suas organizações estão preparadas para liderar de forma sustentável e inovadora. A questão não é se a governação ESG é importante – mas sim como integrá-la de forma eficaz para maximizar o valor e mitigar os riscos num mundo em constante mudança.
Tema cada vez mais essencial diante de um ambiente de negócios dinâmico, a governança ESG tornou-se o elo entre os objetivos financeiros das empresas e as ações necessárias para cumprir as regras internas e externas. No caso do Brasil, as normas são bastante rígidas e exigem conhecimentos altamente especializados.
Os modelos de governança ESG devem buscar alinhar os resultados esperados pela gestão com a realidade do dia a dia das corporações. Sem um modelo devidamente concebido e implementado, o risco de não alcançar os resultados esperados e de não abordar as questões de conformidade é muito elevado.
Para garantir o crescimento sustentável das empresas, as empresas As áreas ESG precisam buscar avaliação e melhoria contínua das práticas de gestão e encontrar o equilíbrio entre as necessidades da empresamelhores práticas de mercado e atendimento às questões regulatórias. Atualmente, há uma diversidade de questões de governança nas agendas das empresas, incluindo aspectos necessários para relatórios ESG que impactam empresas públicas e privadas.
Uma boa governança ESG envolve o desenvolvimento de um sistema de gestão que coordene as responsabilidades corporativas, as relações entre órgãos externos, acionistas, conselho de administração e gestão de operações.
As tecnologias emergentes, como a inteligência artificial/GenAI e a robótica, poderiam contribuir para a construção de uma governação ESG muito mais eficiente. Esses avanços permitirão que os profissionais utilizem ferramentas mais adequadas e precisas de monitoramento, análise e geração de dados, proporcionando maior aderência ao processo de divulgação de informações financeiras e não financeiras, tanto internas quanto externas.
- Ronaldo Fragoso É vice-presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP) e sócio da Deloitte desde 2004, possuindo mais de 30 anos de experiência em Auditoria e Consultoria Empresarial. Atualmente é CGO (Chief Growth Officer) da Deloitte Brasil e professor convidado de Governança Corporativa da Universidade Mackenzie. É graduado em Ciência da Computação (Universidade Mackenzie), com pós-graduação em Administração Geral, Finanças e Sistemas Integrados (CEAG-FGV); Mestre em Administração (EAESP-FGV). Possui cursos de especialização em Finanças (HBS-Harvard Business School) e Transformação Digital (UCD – University of Dublin), e cursa doutorado em Finanças (Mackenzie University).
- Maria Emília Peres é sócia da Deloitte, onde lidera iniciativas de inovação e sustentabilidade com foco em diversos setores e com foco na transição para uma economia de baixo carbono. Com mais de 17 anos de experiência no setor de mineração e uma sólida trajetória em consultoria estratégica, Maria Emília é referência em governança corporativa, ESG e no desenvolvimento de novas estratégias de negócios sustentáveis. É reconhecida pela sua capacidade de transformar desafios complexos em oportunidades de crescimento, sempre com um olhar inovador e focado no futuro dos negócios. Maria Emília é oradora frequente em eventos internacionais e tem contribuído ativamente para discussões sobre o futuro da sustentabilidade e a descarbonização da indústria.
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