“Bons repórteres têm sorte”, me disse Renata Lo Prete. Não sou jornalista, mas a experiência de conviver com expoentes dessa profissão (que até pensei em seguir na adolescência) no Valor e no Jornal da Globo me ensinou muito.
E foi por acaso que encontrei o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, na semana passada, num voo entre Belo Horizonte e São Paulo.
Ele havia visitado a capital mineira para dar uma palestra em um evento de negócios, durante o qual usou uma expressão curiosa, que acabei de ler, na sala de embarque, em artigo de Cibelle Bouças e Gabriel Roca.
Galípolo havia dito no evento “Conexão Empresarial”, em BH, que O papel do Comitê de Política Monetária é muitas vezes ser como aquele que abaixa o volume da música para não incomodar os vizinhos, justamente no momento em que a festa começa a ficar animada.
A metáfora foi boa e reflete o papel exaustivo que a diretoria do Banco Central tem na elevação dos juros quando a economia esquenta e pode estimular a inflação.
A presença de Galípolo em Belo Horizonte fez parte de um esforço empreendido pelo atual diretor de Política Monetária do Bacen nos últimos meses para ganhar a confiança do mercado e tornar a passagem do comando da instituição o menos traumática possível.
Por um lado, a perspectiva de se tornar o sucessor de Roberto Campos Neto aumentou o interesse do mercado em conhecer suas ideias sobre economia. De acordo com dados que coletei em seu agenda pública publicada no site do Banco Central, Galípolo participou de 41 reuniões com executivos de instituições financeiras e grandes empresas do setor produtivo nos meses de julho e agosto – número bem acima da média de 11 reuniões mensais vistas no primeiro trimestre do ano, quando seu nome era apenas uma hipótese a ser tomada sobre o Bacen.
Sempre a portas fechadas, como costuma acontecer nesses eventos realizados com diretores do Bacen, Galípolo conversou com pesos pesados da Faria Lima, de bancos tradicionais a fundos de investimento e gestoras de ativos, além de instituições estrangeiras e fintechs: Bradesco, Itaú, Safra, Goldman Sachs, Citibank, Bank of America, XP, BTG, PicPay, Opportunity, Genial Investimentos, além, claro, do conselho de administração da Febraban – para citar apenas alguns exemplos.
Em meio à troca de gentilezas, Galípolo teve a oportunidade de apresentar suas credenciais aos figurões do mercado financeiro, ouvir suas preocupações com a economia brasileira e acalmar os gestores de grande parte dos recursos investidos no país sobre como será sua conduta no o chefe do BCB.
Na outra direção, o próprio Galípolo intensificou suas aparições públicas, expondo à sociedade como analisa a situação econômica e a missão do Banco Central no combate à inflação.
Da comemoração do aniversário do Tribunal de Contas do Piauí aos congressos nacionais da Fenabrave (concessionárias de veículos) e das Cooperativas de Crédito, do encontro de economistas da Região Sul à palestra para a liga de estudantes interessados no mercado financeiro da FGV, Galípolo não recusou convites para falar nos últimos dois meses. Foram 14 palestras, presenciais ou por videoconferência, sempre abertas à imprensa.
Nestes discursos públicos, o futuro presidente do Banco Central mostrou-se alinhado à postura conservadora da autoridade monetária atualmente liderada por Roberto Campos Neto, destacando suas preocupações com o ritmo da inflação e deixando no ar a possibilidade de a taxa de juros diminuir precisa ser levantado. nas próximas reuniões do Copom.
Ao adotar esse tom cauteloso, Galípolo demonstrou mais uma vez a habilidade política que o levou a ser o indicado do governo para o cargo.
Tendo atuado como bombeiro na crise política entre Lula e Campos Neto há alguns meses, Galípolo não tem interesse em assumir o comando do Banco Central em meio à incerteza sobre possíveis mudanças na orientação da instituição. Ao fazer discursos alinhados com Campos Neto, o futuro presidente age interessado em uma transição tranquila, sem choques na bolsa e no câmbio.
Ao encontrar Galípolo ao desembarcar do vôo de Belo Horizonte para São Paulo, perguntei se ele estava preparado para ser o chato da festa do governo. Afinal – argumentei – com as projeções de crescimento do PIB sendo revisadas para cima todas as semanas, o baixo desemprego e as aberturas recordes de vagas formais de emprego, Lula e o PT já começam a ficar entusiasmados com futuras conquistas eleitorais. Por outro lado, o dólar alto e o IPCA no teto da meta recomendam moderação na excitação.
Galípolo sorriu com a piada e disse estar otimista com a trajetória futura da inflação brasileira, principalmente com as condições mais favoráveis nos Estados Unidos, dada a perspectiva de redução dos juros e seus efeitos positivos sobre o real e, portanto, nivelar os preços aqui.
Após ser aceito pelo clube dos banqueiros e indicado por Lula para assumir o controle dos amplificadores da política monetária, resta saber se Galípolo conseguirá manter o tom adequado para agradar ouvidos tão distintos e exigentes.
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