A chamada “missão 5” do plano do governo federal para a Nova Indústria Brasil (NIB), com metas de bioeconomia, descarbonização e transição energética até 2033, foi comemorada por entidades empresariais após ser anunciada em janeiro, segundo especialistas ouvidos pelo Valor.
O governo detalhará mais tarde, mas já é um sinal importante do caminho a ser trilhado. Contudo, os desafios devem ser superados, especialmente no ambiente de negócios, e o país deve adotar uma posição firme no cenário global para ter um novo ciclo de desenvolvimento, com aumento da competitividade e da participação da indústria no PIB.
Estudo da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) mostra que novas tecnologias ligadas à bioeconomia – produção de biocombustíveis, bioquímicos, biopolímeros, bioinsumos e proteínas alternativas – terão potencial para injetar US$ 592,6 bilhões por ano no Brasil e reduzir até 65% das emissões de gases com efeito de estufa até 2050.
“É uma corrida tecnológica. O Brasil possui características climáticas e agrícolas únicas, reunindo matérias-primas como resíduos e biomassa. Porém, existem outros países com maior facilidade para os negócios. Portanto, é preciso agir de forma pragmática para não perder a janela de oportunidades”, afirma Thiago Falda, presidente executivo da ABBI.
Ele ressalta que a regulação deve ser suficiente para a segurança jurídica, mas sem gerar burocracia. Além disso, o fortalecimento do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) é essencial para agilizar processos e alinhar a legislação de patentes aos padrões internacionais.
Outros pontos a serem resolvidos são a capacitação de profissionais para a nova realidade e a integração das cadeias produtivas. “É fundamental mapear as áreas prioritárias, de acordo com o potencial. O desenvolvimento tem que ser regionalizado, pois não adianta produzir biomassa no Nordeste e transportá-la para o Sul para produzir um composto ou produto”, explica Falda. Cabe também ao governo atuar na formação dos mercados, via compras públicas e através de negociações de comércio exterior.
O NIB prevê inicialmente R$ 300 bilhões em financiamento até 2026, porém, abrangendo as diversas iniciativas, e não apenas a missão 5. Esse valor é tímido, segundo especialistas. “Mas é preciso compartilhar riscos, pois a tecnologia é cara. O governo precisa investir e o ambiente deve ser favorável ao capital privado”, afirma Falda.
Davi Bomtempo, superintendente de meio ambiente e sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), vê alguns avanços. As políticas públicas brasileiras, que historicamente focavam no controle e na fiscalização, passaram a incluir incentivos econômicos. Segundo ele, o objetivo é abrir novos caminhos de crescimento e atrair recursos para agendas inovadoras, que precisam de estímulo no início para ganhar escala até a redução dos custos. “Por exemplo, o quadro legal para o hidrogénio de baixo carbono inclui incentivos creditícios e fiscais”, comenta.
O mercado de créditos de carbono também ajudará a pagar a conta do novo ciclo de desenvolvimento baseado na economia verde, contribuindo também para preços mais acessíveis aos consumidores, destaca Rosana Santos, diretora executiva do Instituto E+ Transição Energética, think tank que participa do G20 social. No momento, o projeto de lei que regulamenta esse mercado está no Senado.
Santos diz que o Brasil deve mostrar sua capacidade de liderança em transformação no G20, especialmente por ter um dos sistemas energéticos mais limpos do mundo. A participação das fontes renováveis na matriz brasileira atingiu 49,1% em 2023, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
O executivo defende que é importante chamar a atenção dos organismos multilaterais e dos bancos para a transição justa – que visa gerar oportunidades de emprego industrial de qualidade em países com diferentes níveis de desenvolvimento económico – para atrair recursos.
Bomtempo, da CNI, também destaca o fato de o Brasil possuir 20% da biodiversidade mundial e ser o segundo maior produtor de biocombustíveis como diferenças a serem destacadas. “Temos que investir em comunicação, pois o Brasil tem muitas vantagens comparativas. Em breve também será desbloqueado o potencial de energia eólica offshore de 700 GW, cujo projeto tramita no Congresso”, acrescenta.
E é crucial desmistificar algumas questões do G20, afirma Falda, presidente da ABBI. “Por exemplo, a União Europeia [UE] tem restrições e barreiras não tarifárias em relação aos biocombustíveis, afirmando que competem com áreas de produção de alimentos. Isso não é verdade no caso do Brasil”, finaliza.
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