Na língua inglesa, o verbo “to be” tem o significado tanto de “to be” quanto de “to be”. Por exemplo, posso escrever “Sou torcedor do Flamengo” ou “Estou feliz”que em português exigiria dois verbos, “ser – sou Flamengo” e “ser – sou feliz”.
Como me ensinou meu extraordinário professor de português do 2º ano, hoje ensino médio, Válter Estelita, o verbo “ser” é indicar uma característica permanente e o “ser” para temporário. Por exemplo, eu “sou Flamengo”, em vez de “sou Flamengo”. Em inglês posso escrever “Estou feliz por ser torcedor do Flamengo”, ambas situações com um único verbo.
Começo a coluna desta forma porque me recuso a acreditar que os mercados financeiros globais “são” a forma como se comportam actualmente.
Já há algum tempo que observamos os ativos de risco praticamente ignorar questões (muito sérias) geopolíticas ou mesmo políticas. Refiro-me, por exemplo, às guerras entre Rússia vs. Ucrânia, Israel vs. Hamas, a (recente) Israel vs. Hezbollah, a tentativa de assassinato de Donald Trump, as eleições americanas em Novembro e assim por diante. Vejam que, agora, Moscou elevou o tom contra o Ocidente, em relação à ajuda que os países estão oferecendo no conflito contra os ucranianos.
Estes activos, especialmente as acções, sobem quase ininterruptamente, como se estas situações não significassem que o que tem acontecido possa evoluir para um grande conflito, provocando um abrandamento significativo nas economias de todo o mundo, incluindo a americana. Sem contar o barril de petróleo, que em setembro do ano passado estava cotado perto de US$ 93 e agora, mesmo depois de todos esses problemas, está por aí US$ 75como se o Médio Oriente, palco dos acontecimentos acima mencionados, onde grande parte do petróleo global é produzido e transportado, estivesse do outro lado do planeta. Eles mudaram a geografia e esqueceram de me avisar?
O que quero dizer é que, na minha opinião, os mercados, essencialmente, não são “lenientes” com estes riscos; eles são”! E tal comportamento é extremamente perigoso! Por quê?
Existem vários motivos…
Para começar, lembrando daquele velho ditado popular, “quanto maior a palmeira, maior a queda”, se avaliarmos as valorizações atuais (via múltiplos) de algumas ações, principalmente aquelas ligadas ao boom da Inteligência Artificial, poderemos estar acima do o próprio bom senso indicaria, como já escrevi em outros artigos. As relações preço/lucro acima de 50x não são triviais.
Portanto, no caso de um revés, como os ganhos de capital a eles associados são elevados, uma tremenda “venda” não seria descabida. Exemplo? Ontem, depois do mercado, tivemos os resultados da Nvidia, que a maioria esperava serem “incríveis”. Apesar de ter superado as projeções dos analistas, o preço das ações do after market em NY já não entregou o rali que a maioria esperava, pelo contrário, caiu 6%.
Então, quando investimos em bolsa, o ideal é que o horizonte seja de médio e longo prazo. Com os riscos presentes, acreditar que as economias terão um desempenho “normal” nos próximos anos não é razoável. A menos que os conflitos armados em grande escala, a partir de agora, sejam considerados insignificantes. Isto afetaria os resultados empresariais, com impactos não negligenciáveis nos lucros e nos preços.
O que tem acontecido, na minha análise, é que os investidores têm uma visão míope.
Eles apenas avaliam suas decisões sob a perspectiva da política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano), ignorando esses eventos acima mencionados e ignorando sinais do próprio mercado, como aquela curva invertida dos títulos do Tesouro, que sugere recessão.
Como “Jay” Powell confirmou, em Jackson Hole, que chegou a hora do banco central americano relaxar, que tudo parece “ok”, ninguém quer “sair da festa”, pois uma parte significativa do mercado já está apostando que as quedas nas taxas podem ser de até um ponto percentual até o final do ano. Porém, se estamos, de fato, enfrentando um ambiente recessivo (a meu ver!) e o Fed está errado, como, ponderei recentemente no artigo da jornalista Nathália Larghi sobre o tema?
O que quero dizer, resumidamente, é que quem já estudou os fundamentos de Finanças, dado um gráfico, com o eixo vertical representando o retorno esperado de um ativo e o eixo horizontal representando o risco a ele associado, um investidor racional irá prefiro escolher uma relação que fique no canto superior esquerdo do plano cartesiano, ou seja mais retorno com menos risco.
O que está a acontecer, na minha opinião, é que o risco está claramente a deslocar-se para a direita no eixo, o que implica que a relação está, consequentemente, a mudar para pior. E o mercado? Desdenhando-o, porque só tem olhos para o que o Fed fará.
Para encerrar, brinco com meus alunos que a parte mais sensível do corpo humano é o bolso. Já há algum tempo, muitos querem que acreditemos que há um comportamento disruptivo em curso e que não seremos mais refratários a riscos elevados, pois somos mais cúmplices das perdas. Somos ou somos?
Alexandre Espírito SantoEconomista-chefe da Investimentos WayCoordenador de Economia e Finanças na ESPM.
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