A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) decidiu deixar a mesa de negociações aberta pelo ministro Gilmar Mendesdo Supremo Tribunal Federal (STF), para discutir a validade do prazo para demarcação de terras.
O anúncio foi feito no início da reunião de conciliação realizada nesta quarta-feira (28), a segunda do grupo. Mesmo diante dos apelos para que permanecessem na negociação, os representantes dos povos tradicionais deixaram o plenário entoando protestos.
Após a decisão o secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas Eloy Terenapediu a suspensão da audiência, mas a medida não foi acatada pelo desembargador do gabinete de Gilmar, Diego Viegas, responsável pela condução das negociações. Uma nova reunião foi marcada para o dia 9 de setembro.
O marco temporal determina que somente poderão ser demarcadas terras que já estavam ocupadas por povos indígenas na data da promulgação da Constituição de 1988. Em setembro de 2023, o Supremo decidiu derrubar esta tese, impondo uma derrota aos ruralistas.
Como reação, o Congresso aprovou uma lei em sentido contrário. Diante desse impasse, as ações para suspender a norma chegaram ao Supremo. Foi com base nesses processos que Gilmar Mendes decidiu instalar a mesa de conciliação.
Ao anunciar a decisão de se retirar do debate, a Apib argumentou que as negociações em torno do tema resultarão em “graves violações” dos direitos dos povos indígenas. “É absolutamente inaceitável uma audiência de conciliação que não reforce o papel do STF na proteção dos direitos das minorias”, disse a advogada Eloísa Machado, que representa a entidade.
Um dos pontos levantados pelos indígenas foi o fato de Gilmar não ter suspendido a lei aprovada pelo Congresso, uma vez que o STF declarou inconstitucional a tese do marco temporal. “Estamos falando de uma lei que atinge, todos os dias, o corpo e a vida dos povos indígenas. Hoje ocorrem conflitos nos territórios devido aos efeitos desta lei. E essa lei tem impedido a União de promover a correta demarcação de terras”, afirmou o representante da entidade.
A reunião começou em clima tenso, com o juiz do gabinete de Gilmar alertando que ninguém era “insubstituível” e que a ordem do ministro era para que a mesa de conciliação continuasse, independentemente da decisão da entidade. “As entidades serão substituídas caso saiam da mesa de negociação. Ninguém é insubstituível. Esta é uma oportunidade para as pessoas sentarem e conversarem”, disse Viegas.
Presente também na reunião o Advogado-Geral da União, Jorge Messiaspediu aos indígenas que pelo menos compareçam à reunião desta quarta, e depois tomem uma decisão. O apelo, porém, não surtiu efeito. Messias argumentou que era preciso focar em temas onde fosse possível chegar a um consenso. Para o procurador-geral da União, a participação dos representantes indígenas é fundamental no debate. “Meu apelo é ao diálogo.”
Em discurso feito após a saída dos indígenas do STF, Viegas afirmou que a pergunta que Gilmar quer que seja feita pelos integrantes da comissão é se faz sentido repetir os mesmos erros do passado ou se é preciso pensar em novas maneiras de resolver o problema.
“A visão do ministro é que devemos deixar de lado a discussão jurídica [sobre a constitucionalidade do marco temporal]e passar para o que importa na vida das pessoas. O que importa para os povos indígenas é ter suas terras reconhecidas. O que importa para o produtor rural é ter sua propriedade e não ter nenhum tipo de conflito no campo”, afirmou.
Viegas destacou que a ideia do ministro é fazer um levantamento completo de quanto custaria demarcar todas as terras indígenas do país e tentar encontrar uma solução econômica para isso. Ele chegou a anunciar que um representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) passaria a fazer parte do grupo por esse motivo.
“Vamos esquecer um pouco a discussão jurídica. Qual é o problema que temos hoje no campo? Quantas terras? Qual é o valor? Onde o conflito está acontecendo? De quanto estamos falando? Quanta terra? Quanto dinheiro?”, Explicou ela.
O juiz afirmou que o Poder Executivo precisa apresentar um “calendário” para as demarcações. Um dos pontos que precisa ser discutido é a indenização que deverá ser paga aos produtores que precisarem sair de suas terras.
Viegas, porém, lembrou que o Supremo já declarou o marco inconstitucional. “Para o STF, a posição que melhor protege os interesses de todos, sejam indígenas ou não indígenas, é a inexistência do marco temporal.”
consignado para servidor público
empréstimo pessoal banco pan
simulador emprestimo aposentado caixa
renovação emprestimo consignado
empréstimo com desconto em folha para assalariado
banco itau emprestimo