Cenário prospectivo de inflação se tornou mais desafiador, diz ata do Copom | Finanças

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“Em sua conclusão, o Comitê avalia que o cenário prospectivo de inflação tornou-se mais desafiador, com aumento das projeções de inflação no médio prazo, mesmo condicionado a uma taxa de juros mais elevada”, diz a ata da reunião, divulgada esta manhã. Houve “surpresas benignas no período recente, mas também um aumento nas projeções de curto prazo, envolvendo preços de mercado”.

Segundo o documento, os dados relativos à inflação sugerem uma trajetória que não difere significativamente da esperada. “Alguns membros demonstraram maior preocupação com a inflação dos alimentos no curto prazo, destacando não só o efeito das enchentes no Rio Grande do Sul, mas também as revisões nos preços dos alimentos em outras regiões”, diz a ata.

A inflação dos serviços, diz a acta, “continuou a ser objecto de muito escrutínio, analisando as suas diferentes dimensões, desfasamentos e perspectivas”.

“Parte do debate centrou-se na trajetória mais recente da inflação, em que a inflação dos bens industriais e dos alimentos no país já não contribui para a desinflação nesta fase do processo desinflacionário”, diz o documento. “Concomitantemente a isso, a inflação de serviços, que apresenta maior inércia, assume papel preponderante na dinâmica desinflacionária no estágio atual.”

Na semana passada, o Copom manteve por unanimidade a meta para a taxa Selic estável em 10,5% ao ano.

A ata também mostrou a avaliação do colegiado de que os dados da atividade surpreenderam nos últimos trimestres, “com maior crescimento nos diversos componentes da demanda”.

Na avaliação do comité, a lacuna do produto, que era “ligeiramente negativa” na última avaliação publicada, está agora “em torno da neutralidade”. Segundo o documento, o tema já havia sido estudado com “métodos diferentes” nos últimos meses.

Segundo a ata, a reunião “destacou a resiliência da atividade doméstica e a sustentabilidade do consumo ao longo do tempo” em contraposição a um cenário de desaceleração gradual antecipado pelo colegiado. A ata apontou que os dados na margem mostraram surpresas altista, principalmente na formação bruta de capital fixo e no consumo das famílias, “apoiado principalmente pelo mercado de trabalho, benefícios sociais e precatórios”.

A avaliação do painel é que, em conjunto, as projeções atualizadas da atividade “parecem realmente mais fortes para o ano”. Segundo o comitê, há surpresas que apontam para um “alto dinamismo” no mercado de trabalho, “corroborando” um cenário de aperto no mercado de trabalho.

Apesar das surpresas otimistas, a ata destacou que os efeitos econômicos da tragédia no Rio Grande do Sul ainda são uma grande incerteza. “Permanecem as incertezas sobre a intensidade da queda da atividade e a sua posterior recuperação, bem como sobre a diminuição do stock de capital, provocada pelas cheias e inundações”, refere o documento.

Na ata, o Copom diz ainda que “acompanha cuidadosamente como os desenvolvimentos recentes na política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”.

“As políticas monetárias e fiscais síncronas e anticíclicas contribuem para garantir a estabilidade de preços e, sem prejuízo do seu objetivo fundamental, suavizar as oscilações do nível de atividade económica e promover o pleno emprego”, afirma o colegiado.