A queda nos preços aliviou os custos dos matadouros, mas apertou as empresas de grãos Os preços das commodities agrícolas influenciaram as empresas do agronegócio de diferentes maneiras na última temporada de lucros. Se para os frigoríficos a queda na soja e no milho reduziu os custos com ração e melhorou as margens, para as empresas produtoras de grãos o efeito foi o oposto. Nas usinas, o melhor momento resultante da alta dos preços do açúcar pode ter ficado para trás. E, olhando para o futuro, os analistas esperam que os mesmos efeitos apareçam nos próximos balanços. Saiba mais taboola Uma surpresa para os analistas que acompanham o setor foi a resiliência da demanda interna, que se mostrou forte e poderá continuar nesse ritmo ao longo do ano. “Quando encerramos a temporada, o que fica evidente é a descompressão das margens devido à queda nos custos dos grãos, o que era esperado, mas pode continuar mais adiante. A demanda no mercado interno não era esperada, isso foi surpreendente”, disse Leonardo Alencar, head de Agro, Alimentos e Bebidas e sócio da XP. Levantamento feito pelo Valor Data compilou os balanços de 23 empresas do agronegócio, das áreas de grãos, insumos, carnes, bioenergia, saúde animal, armazenagem e propriedades rurais. O resultado líquido foi positivo em 14 deles e os demais tiveram prejuízo. Levando em conta as particularidades de cada empresa, de forma geral, os setores de grãos e insumos foram os que mais sofreram perdas ou quedas nos lucros. As plantas tiveram desempenho misto, enquanto os frigoríficos registraram os melhores resultados. Na opinião de Gustavo Troyano, analista do Itaú BBA, o destaque da temporada de resultados ficou para JBS e BRF, “principalmente pela forte melhora na rentabilidade da indústria de frango no Brasil e nos Estados Unidos”. A JBS encerrou o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 1,65 bilhão —havia registrado prejuízo de R$ 1,45 bilhão no mesmo período de 2023. Além do frango, a recuperação em quase todas as operações da empresa colocou em segundo lugar, a ainda baixa oferta de gado no mercado americano. Na Seara, negócio de aves e suínos da JBS, o lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) cresceu expressivos 711% em relação ao primeiro trimestre de 2023. “Seara foi uma questão de foco de gestão, produtividade, lucro. Esse processo não acabou e tem potencial para mais do que isso”, afirmou o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, em entrevista ao repórter em maio. Na ocasião, o executivo também citou o benefício advindo da queda de custos, com preços mais baixos dos grãos utilizados na ração. A BRF registrou lucro líquido de R$ 594 milhões no primeiro trimestre deste ano. Amparada em melhores margens e diversificação nas exportações, em meio a novas qualificações para comercializar seus produtos no exterior, a empresa teve o melhor primeiro trimestre de sua história. No mesmo período do ano passado, registrou prejuízo de R$ 1,024 bilhão. Para os próximos trimestres, Troyano destacou que a recuperação dos preços de exportação da carne de frango também deverá ajudar na continuidade da expansão das margens. Quanto aos frigoríficos de carne bovina, apesar do preço da arroba estar sob controle, o preço de exportação da carne para a China continua fraco, levando a cadeia a buscar acesso a mercados mais rentáveis. Assim como no primeiro trimestre, “os preços mais baixos dos grãos na comparação anual devem continuar impactando negativamente nomes como SLC, 3tentos e Vittia, por exemplo, embora de forma mais ou menos direta, dependendo da empresa”, disse o analista. O lucro da SLC caiu 60,2% no período de janeiro a março, em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 228,9 milhões. Na visão de Aurélio Pavinato, presidente da SLC, os números do primeiro trimestre refletem a situação do agronegócio brasileiro neste ano. “É um ano de maior pressão nas margens devido à quebra de safra e à queda dos preços. Mas está dentro da evolução do negócio”, afirmou na divulgação do balanço. Alencar, da XP, destacou que o preço dos grãos da safra 2024/25 teve alta recente e a alta do dólar ajuda as exportações, mas os fundamentos continuam pessimistas para o setor, com grande oferta global. “As empresas de grãos continuarão a ter margens apertadas e, consequentemente, as empresas de insumos também. Esperamos que o produtor tenha vendido [no mercado futuro], aproveitando esse aumento recente dos grãos e do câmbio”, comentou. O segmento de insumos foi mais afetado pelas margens mais baixas dos agricultores. Todas as empresas do setor analisadas pelo Valor Data tiveram prejuízo ou queda no lucro em seus balanços. A AgroGalaxy teve prejuízo de R$ 249,7 milhões no primeiro trimestre deste ano, 158,3% superior ao mesmo período de 2023. No setor sucroenergético, os resultados divergem. A Raízen passou de lucro a prejuízo no quarto trimestre da safra 2023/24. A São Martinho aumentou quatro vezes o lucro do período, mas isso foi garantido por decisões judiciais na ação da Copersucar contra o extinto Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). “Nas usinas já passou o melhor momento para o açúcar. O preço pode ter um pouco de volatilidade, mas no geral o cenário é de baixa”, estimou o especialista da XP, que avalia que os próximos balanços estarão suscetíveis a outros fatores.
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