A oferta pública de aquisição de ações (OPA) da Cielo foi realizada nesta quarta-feira e concluiu o processo de retirada da credenciadora, que até recentemente era a maior do Brasil, da bolsa. Os controladores — Banco do Brasil e Bradesco — seguiram o que outros grandes grupos já fizeram e acreditam que, livres das restrições de ser uma empresa pública, conseguirão tornar a Cielo mais ágil, integrá-la melhor aos serviços bancários e criar um valor melhor, especialmente para pequenas e médias empresas.
A oferta foi para todas as ações em circulação, ou 902.247.285 ações. Foram habilitadas ao leilão 749.889.806 ações. Foram efetivamente adquiridos 736.857.044, ao preço de R$ 5,82. Assim, os bancos controladores pagaram R$ 4,288 bilhões. Antes da OPA, já detinham 66,3% das ações. Para que a companhia fosse registrada como companhia aberta da categoria “A” para “B” e assim completasse o fechamento de capital, foi necessária a adesão de acionistas titulares de mais de dois terços das ações em circulação. Ao final, essa adesão foi de 81,7%.
“Avaliar outras operações da OPA, ter mais de 80% de adesão é um sucesso total”, comenta um executivo de um dos bancos controladores. “Foi um sucesso. Agora vamos aguardar os prazos legais e formais da CVM. Certamente veremos mais adesões”, acrescenta outra fonte, do outro controlador. Quem não participou do leilão ainda terá a oportunidade de vender pelo preço da transação por mais 90 dias.
BB e Bradesco anunciaram em fevereiro a intenção de realizar a oferta e fechar o capital da empresa, após anos de especulações nesse sentido. Os acionistas minoritários questionaram inicialmente o preço proposto pelos controladores, de R$ 5,35 por ação, estabelecido com base em avaliação do Bank of America (BofA). Na carta em que se opuseram ao relatório, disseram que, se fossem corrigidos três pontos que consideravam errados, o preço subiria para R$ 7,89 por ação. Em abril, os controladores elevaram o preço oferecido para R$ 5,60, sujeito à atualização do CDI até a conclusão da operação.
A Cielo vem perdendo mercado há alguns trimestres e, no ano passado, a liderança do setor passou a ser ocupada pela Rede do Itaú, que vem adotando uma estratégia de integração entre adquirência e serviços bancários para pequenas e médias empresas.
Ao divulgar os resultados do segundo trimestre da Cielo, há duas semanas, o CEO da empresa, Estanislau Bassols, disse que a OPA pode trazer “novos rumos” para a credenciadora, mas que a empresa está “mais ágil e pronta para se adaptar a qualquer cenário”. ” “Isso pode mudar a execução, mas não a estratégia.”
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