O Ministério de Minas e Energia (MME) enviou, nesta quarta-feira (14), ofícios ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Onde) e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), para que possam avaliar o alegado abuso de preços na venda de combustíveis por refinarias privatizadas no governo anterior. O monitoramento foi realizado de maio de 2019 a maio de 2024.
Os documentos são acompanhados de análises técnicas que fazem referência ao aumento desproporcional da margem praticada, especialmente por Ream Participações, do Grupo Atemque opera o Refinaria de Manaus (Reman) desde dezembro de 2022. O ministério elaborou gráficos nos quais faz comparações com os preços internacionais e os valores de revenda dos combustíveis por Petrobrás e de Acelende Fundo dos Emirados Árabes Unidos Mubadala Capital, que opera a Refinaria Mataripe.
“Parece que as refinarias privatizadas, especialmente a Refinaria da Amazônia, têm cobrado preços significativamente mais elevados não só de outros fornecedores primários, mas também do próprio preço de paridade de importação”, destacam as cartas, obtidas por Valor.
Ministério apresenta conjunto de dados sobre evolução dos preços dos alimentos gasolina, óleo diesel e gás liquefeito de petróleo (GLP ou gás de cozinha). Na carta dirigida aos dois órgãos, o ministro Alexandre Silveira destaca que “existe uma tendência persistente de aumento de margens no setor de distribuição e revenda destes combustíveis”.
Ao diretor-geral da ANP, Rodolfo Sabóia, e ao presidente do Cade, Alexandre Cordeiro, o ministro de Minas e Energia pede que as questões apresentadas sejam analisadas e, caso as suspeitas se confirmem, que “medidas sejam tomadas para identificar possíveis anti- -práticas competitivas, especialmente nos elos de distribuição e revenda, visando a busca de um ambiente de mercado saudável e competitivo nesses segmentos”.
No período analisado, o ministério destaca que o preço da gasolina para o consumidor final subiu 29%. O preço ao consumidor do GLP vendido cresceu 47%, com aumento no preço de revenda de R$ 14,98 para cada botijão de 13 kg.
Especialmente no que diz respeito aos combustíveis, o MME observou o comportamento dos preços no mercado internacional, incluindo o biodiesel, o preço de paridade de importação (PPI) do óleo diesel divulgado pela ANP e a taxa de câmbio do dólar norte-americano, fatores que impactam o preço interno. A estratégia de avaliar cada componente separadamente foi adotada, segundo análise técnica, para permitir uma “leitura mais ampla desses números e, assim, eventualmente evidenciar alguma relação causa-efeito”.
Segundo os documentos, “parece que as refinarias privatizadas, especialmente a Refinaria da Amazônia, têm cobrado preços significativamente mais elevados não só aos de outros fornecedores primários, mas também ao próprio preço de paridade de importação”.
Ressaltam ainda que esta refinaria “tem funcionado apenas como terminal [portuário para combustíveis] desde meados do primeiro semestre de 2024”, altura em que foi interrompida a produção de derivados de petróleo.
Procurados, o Grupo Atem, da Refinaria de Manaus, e a empresa Acelen, da Refinaria de Mataripe, não responderam até o fechamento da matéria.
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