Eletrobras (ELET3; ELET6) sobe na bolsa no pós-balanço; hora de comprar? | Empresas

Mas, afinal, aos olhos dos analistas, os números apresentados foram satisfatórios? E a operação de securitização de recursos anunciada pela empresa? Ou, ainda mais objetivamente, é hora ou não de apostar nas ações da antiga estatal?

A Eletrobras registrou lucro líquido de R$ 1,742 bilhão no segundo trimestre, aumento de 7,6% ante o resultado positivo de R$ 1,619 bilhão um ano antes. A receita líquida da empresa caiu 9,2% no trimestre encerrado em junho, para R$ 8,4 bilhões, ante R$ 9,2 bilhões no mesmo período do ano passado.

André Nogueira, analista da Mantaro Capital, destaca que os destaques do balanço foram o avanço na contratação de energia futura, bem como a redução dos custos operacionais recorrentes. “Apesar disso, a receita com a venda de energia no trimestre ficou um pouco abaixo do esperado, provavelmente porque uma parcela maior do que o previsto pelo mercado foi liquidada no mercado de curto prazo, a preços mais baixos do que no ambiente de contratação livre”.

Os analistas Antonio Junqueira e Felipe Lenza, do Citi, observam que a empresa reportou resultados relativamente estáveis ​​trimestralmente e abaixo das estimativas, com redução relevante na quantidade de energia livre de 2024 para 2026, enquanto a empresa avançou em diversas iniciativas que será importante para o seu valor a longo prazo.

Fabio Murad, sócio da Ipê Avaliações, comenta que o aumento significativo do lucro líquido demonstra a capacidade da empresa de gerar lucro mesmo em um cenário desafiador. Porém, a queda de 23% no Ebitda ajustado na comparação anual é um ponto de atenção. “Isso pode indicar desafios operacionais ou aumentos de custos que a empresa precisa administrar de forma eficaz. Por outro lado, o EBITDA regulatório recorrente aumentou 9,6%, o que é um sinal de resiliência e boa gestão regulatória.”

O lucro regulatório recorrente antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) da Eletrobras atingiu R$ 6 bilhões no segundo trimestre deste ano, um aumento de R$ 484 milhões em comparação ao período abril-junho de 2023.

Nogueira, analista da Mantaro Capital, sinaliza que as ações da Eletrobras parecem uma boa oportunidade dentro do setor elétrico. “O setor de geração sofreu com sucessivas quedas nos preços da energia nos últimos dois anos, mas começou a se recuperar no segundo semestre de 2023, com o aumento repentino dos preços futuros da energia. esperado, os preços têm apresentado mais volatilidade e pressão altista, e o resultado da Eletrobras mostra que, de fato, pode haver uma janela de oportunidade para as geradoras contratarem mais energia futura e reduzirem o risco de suas carteiras, favorecendo a valorização de suas ações” .

Raony Rossetti, especialista em renda variável e sócio-fundador da Melver, escola de educação financeira, acrescenta que a empresa parece estar focada na melhoria da gestão financeira, com ênfase na melhor gestão de passivos, na alocação de capital, na conclusão do processo de incorporação de Furnas e na venda de seu portfólio de usinas térmicas.

A Ipê Avaliações mantém relacionamento neutro com a Eletrobras, diferenciando-se das onze casas mapeadas pela plataforma interativa Valor Empresas 360, do Valor Econômico, que indicam a compra da ação com preço alvo de R$ 54. Murad explica que a queda no EBITDA ajustado levanta algumas preocupações sobre a sustentabilidade dos resultados no longo prazo. “Além disso, o setor elétrico no Brasil passa por um período de incerteza regulatória e pressão por reajustes tarifários, o que pode impactar o desempenho futuro da empresa. A recente prorrogação das negociações entre a União e a Eletrobras no STF adiciona uma camada de complexidade e incerteza ao cenário”, afirma.

Ontem (7), o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por mais 45 dias as negociações sobre a participação da União na Eletrobras. O ministro atendeu a um pedido conjunto do governo federal e da empresa por mais tempo. No documento apresentado à Corte, comunicam que as negociações de conciliação estão em fase conclusiva. No entanto, é necessário mais tempo para a “finalização exaustiva de alguns pontos cruciais”.

O ministro afirmou que face a um resultado próximo da conciliação, aumentar o prazo é a decisão mais prudente e, ao mesmo tempo, que melhor serve o interesse público.

Operação de securitização de recursos da Eletrobras

Também nesta quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, comentou o acordo firmado pelo governo com a Eletrobras para adiantar parte do repasse de R$ 26 bilhões devidos aos consumidores, garantindo o pagamento de dois empréstimos contraídos pelo setor em tempos de crise. A operação foi viabilizada graças ao novo empréstimo contratado pela Eletrobras junto aos bancos, em condições mais favoráveis, no valor de R$ 7,8 bilhões. Segundo o ministro, a operação foi firmada com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Na terça-feira, o Ministério de Minas e Energia (MME) publicou em edição extra do Diário Oficial da União despacho com edital relativo à antecipação de recebíveis. A chamada pública foi apresentada em conjunto por: Banco do Brasil, Itaú BBA Assessoria Financeira SA, Banco Bradesco BBI SA, BTG Pactual Investment Banking Ltda e Banco Santander (Brasil) SA.

O ministro vinha dizendo que os consumidores ainda tinham saldo a pagar de R$ 13 bilhões com essas duas operações de crédito, com juros elevados devido à avaliação de risco feita pelo mercado nos dois momentos delicados que o setor atravessava.

Silveira explicou que o valor aportado pela Eletrobras se soma aos R$ 4 bilhões que o setor tinha disponíveis, totalizando R$ 11,8 bilhões. Esse valor foi suficiente para saldar toda a dívida.

*Com informações do Valor Econômico

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