As iguarias elaboradas com leite de vaca, cabra ou ovelha destacam-se pelo sabor, aroma e textura. Uma coisa não se pode negar: os queijos franceses fazem parte da culinária mundial. São inúmeros tipos, formatos, texturas, sabores e combinações possíveis. E no país-sede das Olimpíadas de 2024, a iguaria ganha ainda mais atenção pela presença de milhares de atletas, treinadores, jornalistas, autoridades e turistas nas ruas de Paris. Confira abaixo 10 queijos famosos e as características de cada um, todos com selo de “denominação de origem protegida”. Leia mais Medalhista olímpico italiano viraliza em ensaio com queijo gigante; veja o Brasil tem 11 queijos entre os 15 melhores do mundo; veja a lista Quais são os melhores queijos do mundo? Brie Brie Canva/ Creative Commoms O queijo de casca branca aveludada, interior macio e adocicado e sabor levemente amanteigado não poderia faltar na lista. E a razão é a sua versatilidade e infinitas combinações com outros alimentos e bebidas. O Brie leva o nome da cidade de origem, Brie, perto de Paris, e é feito com leite de vaca cru. Segundo Débora de Carvalho Pereira Sperat Czar, jornalista, diretora da Sertãobras e professora de queijos nas escolas Mons Formation e Cifca, a iguaria é dividida em dois tipos: ● Brie de Meaux: pesa de 2,5 a 3,0 quilos e pode medir até 37 centímetros de comprimento. diâmetro; ● Brie de Melun: pesa de 1,5 a 1,8 quilos e pode medir 28 centímetros de diâmetro. “Brie é o queijo da fábula do corvo e da raposa, de Jean de La Fontaine, em que o pássaro carrega o queijo no bico. Uma história bacana sobre ele fala de um congresso dos reis da Europa em 1815, em Viena, onde o brie foi coroado rei dos queijos e queijo dos reis”, conta. Combinações: cidra (bebida alcoólica preparada com sumo de maçã fermentado), compotas, mel e torradas. Camembert Camembert Canva/ Creative Commoms O queijo originário da cidade francesa de Camembert, na região da Normandia, é produzido a partir de leite de vaca cru, que deve ser 50% da raça Normanda. Possui casca aveludada e florida branca, massa macia, pesa em torno de 250 gramas e deve ser curado por pelo menos três semanas. A tradição diz que o queijo surgiu durante a Revolução Francesa, quando uma senhora decidiu abrigar um padre para que sua cabeça não fosse decepada, e ele a ensinou a preparar a iguaria. “Este é um queijo que representa a França. Sempre que falamos de França, pensamos no Camembert. Os franceses comem mais ou menos 6 mil toneladas desse queijo por ano”, revela o especialista ouvido pelo Globo Rural. Combinações: cidra, cervejas, vinhos (brancos, crus ou secos), pão, damascos e figos. Comté Comté Canva/ Creative Commons Queijo que pode amadurecer até três anos e é produzido na região do Maciço Jurássico, localizado na fronteira entre a França e a Suíça. Este é o Comté, considerado o rei dos queijos por ser o mais famoso e comercializado no país europeu, com cerca de 64 mil toneladas por ano. A iguaria, apesar da massa dura, é macia na boca e pode conter, quando envelhecida, pequenos cristais de tirosina, aminoácido responsável por estimular o bom humor. Cada pedaço de Comté pesa cerca de 40 quilos, sendo necessários 400 litros de leite para produzi-lo. Outra curiosidade é que apenas duas raças de vacas são utilizadas na fabricação: Montbéliard e Simental. Combinações: vinho amarelo da região francesa do Maciço Jurássico, chocolate, geleia de uva e frutas secas. Crottin de Chavignol Crottin de Chavignol Canva/ Creative Commoms Considerado um dos três queijos de cabra mais consumidos na França, é feito com leite da raça Alpina, sendo recomendado para consumo in natura. Entre as principais características estão o sabor amendoado e intenso no paladar, interior macio e denso, casca comestível, peso entre 60 e 90 gramas e formato cilíndrico. À medida que envelhece, desenvolve naturalmente bolor azul na casca. Harmonizações: vinhos brancos doces, mel, doces sazonais, pão e salada. Morbier Morbier Canva/ Creative Commoms O consumo de 11 mil toneladas por ano mostra que a Morbier está entre as mais famosas e desejadas por moradores e turistas da França. O queijo é feito com apenas duas raças de vacas da montanha: Simental e Montbéliard. Durante o processo de cura, o produto recebe um suco bacteriano chamado morge, que confere à parte externa uma cor bronzeada. Devido a este tratamento, a massa fica de cor creme, macia e com aroma de fruta e notas de caramelo e baunilha, uma paleta aromática completa que envelhece e se transforma em notas mais tostadas. Uma das diferenças é a presença de uma linha cinza no meio que conta sua história. “Quando as pessoas tinham leite de sobra, mas não conseguiam produzir dois Comtés, faziam um Morbier, que é menor. Depois, fizeram um pouco de queijo e acrescentaram um punhado de cinza de chaminé para cobri-lo e evitar o contato com ratos e insetos. À noite, durante a nova ordenha, fizeram o restante do queijo, que tinha uma linha horizontal cinza”, explica Débora. Atualmente, o preparo utiliza carvão. EMPARELHAMENTOS: vinhos frutados, tortas e saladas. Texto inicial do plugin Ossau-iraty Ossau-iraty Canva/ Creative Commoms O queijo, feito com leite de ovelha cru ou pasteurizado, exige que os produtores ordenhem apenas animais da raça Basco-Béarnaise Manech Tête Noire ou Tête Rouge, que significa cabeça preta ou cabeça vermelha . A iguaria da região dos Pirenéus pesa de 3,8 a 6,0 quilos, mas existe uma versão menor, que pesa de 1,8 a 3,3 quilos, e passa pelo processo de cura por pelo menos 12 semanas. A casca é grossa e dourada, enquanto a massa é lisa, firme e com aroma que lembra feno e palha e sabor de frutas secas. A professora explica que o nome “Ossau-Iraty” surgiu da aliança entre o Vale de Ossau, na região dos Pirenéus, e a Floresta Iraty, que pertence ao País Basco, localizada entre o Norte da Espanha e o Sudoeste da França. pão Reblochon Reblochon Canva/ Creative Commoms De origem francesa, o queijo de leite de vaca é amplamente produzido na região da Alta Sabóia e sua massa é prensada e crua, assim como o queijo minas artesanal, mas em tamanho menor, entre 400 e 400 g. 450 gramas Segundo o especialista, a anedota envolvendo Reblochon é antiga. Quando os senhores feudais ordenavam que os fiscais cobrassem impostos em forma de leite, os produtores ordenhavam apenas parte do leite de vaca, deixando o leite restante para quando o fiscal saísse. o líquido que sobrou foi mais gorduroso e deu cremosidade ao queijo Combinações: figos, avelãs e amêndoas Roquefort Canva/ Creative Commons A primeira denominação de origem da França completa 100 anos em 2025 e é produzida. com leite de ovelha cru. O Roquefort é considerado um queijo úmido e salgado, com uma massa que derrete na boca sem precisar mastigar. Além disso, possui cavidades azuis em seu interior, representando mofo, que também pode apresentar tons de verde e cinza. O odor é explosivo e picante, enquanto o sabor apresenta nuances metálicas. Débora Pereira conta que uma das piadas francesas envolvendo a iguaria diz que ela foi inventada por um pastor que saiu para pastorear ovelhas, mas viu uma menina bonita e esqueceu o pão e o queijo, que comia de lanche, numa caverna. Uma semana depois, ela o encontrou cheio de mofo e ficou delicioso de comer. “A maioria dos queijos nasce sempre de um erro e o Roquefort é um exemplo”, afirma. Combinações: pão de centeio, vinhos mais doces, vinho do Porto, banana, manga, pão de especiarias, chocolate, café e salada de escarola. Sainte-Maure de Touraine Sainte-Maure de Touraine Canva/ Creative Commoms Um dos queijos de cabra mais consumidos na França, o Sainte-Maure de Touraine é necessariamente produzido com leite de apenas três raças – Alpina, Saanen e Poitevine, ou do cruzamento delas – e deve ser curado por pelo menos 10 dias. A iguaria gastronômica é vendida em pequenas embalagens de 250 gramas, em formato de rolo, com 26 centímetros de comprimento e um canudo no meio com o nome da queijaria escrito em pirografia. Isto garante a rastreabilidade da denominação de origem. O queijo apresenta cremosidade, casca enrugada e sabor ácido devido ao frescor do leite de cabra. “É um queijo que representa a herança dos mouros, das populações árabes e africanas que invadiram França há séculos. Quando os franceses expulsaram estas pessoas, as mulheres, que sabiam fazer queijo, ficaram com as cabras no país. É um queijo muito tradicional e delicioso.” Combinações: patê de carne e torradas. Saiba mais taboola Saint-Nectaire Saint-Nectaire Canva/ Creative Commoms O queijo tem casca natural, prensada e florida com manchas brancas, amarelas ou vermelhas. A massa é macia, untuosa, com aroma a cogumelos e sabor a amêndoa. “É uma combinação muito boa que agrada a todos. É um queijo mais delicado de comer e um dos meus preferidos”, finaliza o especialista. O Saint-nectaire é produzido na serra e lavado desde o início da cura para favorecer a formação de mofo na casca. O nome é uma homenagem ao marechal Henri de La Ferte-Senneterre, que o presenteou ao rei Luís XIV. Harmonizações: vinho tinto mais leve e frutado, pão torrado e carne.
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